José Pedro Fontes (Citroen DS3) foi vencedor da edição de 2016 do Rali Vinho Madeira, depois da penalização de trinta e cinco segundos atribuída a Bruno Magalhães. O segundo lugar vai para Alexandre Camacho e o terceiro para Miguel Nunes. Magalhães informou que iria apelar da decisão do colégio de comissários.
Foi um final que ninguém esperava e, muito menos o próprio Bruno Magalhães, o principal prejudicado por um acontecimento inesperado na penúltima classificativa, que levou o piloto a praticamente parar o seu carro no troço e a sinalizar aos concorrentes que o precediam a abrandar. Na especial de Ponta do Pargo (PE 18), o piloto do Ford Fiesta lidera o rali mas acaba por se despistar no início do troço para evitar pedras que encontra a meio da estrada. A prova é nesse momento parada.
Cancelado o troço cronometrado, na sequência do problema com o carro de Bruno Magalhães, todos os carros efetuam o percurso em ligação, incluindo Bruno de Magalhães. A prova é depois retomada na ultima prova especial (PE19), embora com um atraso considerável. José Pedro Fontes termina a vence então a última especial, deixando Magalhães a 4 segundos e Alexandre Camacho a 4,2 segundos. Os problemas maiores veem depois, o Colégio de Comissários reune-se e atribui uma penalização de 35s a Bruno Magalhães pela sua atitude de mandar parar os outros concorrentes. O piloto termina assim fora do pódio, num rali que dominou em grande parte… senão, vejamos!
UM ÚLTIMO DIA A ‘FERRO E FOGO’
À medida que o rali se aproximava no sábado para a sua ponta final, a dupla José Pedro Fontes / Inês Ponte, apertavam o cerco aos adversários impondo um ritmo cada vez mais forte com o Citroen DS3.
Ao começo da amanhã, Pedro Fontes ataca de novo e vence na Ponta do Sol 1, sendo apenas 0,4 segs mais rápido que Alexandre Camacho. Camacho responde na classificativa seguinte para vencer na primeira passagem na Ponta do Pargo. Bruno Magalhães e José Pedro Fontes empatam no segundo melhor tempo, ficando ambos a 1,1s do tempo de Alexandre Camacho.Miguel Nunes fica apenas a 0,2 segundos e a luta mantém-se. Paulo Teixeira / Paulo Vieira desistem antes da PE15.
José Pedro Fontes vence a última especial da manhã. Alexandre Camacho, Bruno Magalhães e Miguel Nunes seguem-se mas são pequenas diferenças de tempo que pouco afetam a classificação. À partida para as últimas quatro classificativas, Bruno Magalhães mantém a liderança. Nas quatro classificativas da manhã, resistiu bem aos ataques de Alexandre Camacho, perdendo apenas 3 segundos da sua vantagem.
Bruno Magalhães vence a PE16 (Câmara de Lobos 2), ganhando um segundo e meio a Alexandre Camacho e mais de dois segundos a José Pedro Fontes. A sua vantagem aumenta.
Na PE17 (Ponta do Sol 2) Carlos Vieira despista-se e os outros carros não conseguem passar. A prova é interrompida. Na classificativa seguinte PE18 (Ponta do Pargo 2), Bruno Magalhães despista-se ao início da especial que acaba por ser neutralizada.
O diálogo ‘quente’ entre Magalhães e Camacho
O programa Super Especial da RTP-Madeira contou ontem com a entrada em direto de Bruno Magalhães, que procurou dar a sua visão sobre os acontecimentos que marcaram a prova e que o colocaram frente a Pedro Calado, co-piloto de Alexandre Camacho.
Foi este o diálogo transmitido em direto:
Bruno Magalhães: “Eu tenho de provar o que aconteceu. Infelizmente as imagens são elucidativas para toda a gente. Não há aqui qualquer dúvida. Ouvi o Sr. Pedro Calado, por quem tinha bastante estima, a dizer que eu engendrei um esquema para ganhar o rali. Eu nem tenho palavras para isto.
Eu já discuti com o Sr. Alexandre Camacho ralis – há dez anos que andamos em lutas e nunca se passou nada disto. Eu sou o principal prejudicado por uma pedra de grandes dimensões e que me faz sair de estrada, por milagre não teve consequências nenhumas no carro.”
Pedro Calado: “Estas imagens em que ele manda parar o rali e diz que é para tirar fotografias – isto o que é?”
Bruno Magalhães: “Ó Pedro, eu mandei toda a gente abrandar porque senão ias bater nas pedras e ia-te acontecer alguma coisa”.
Pedro Calado: “Bruno, aquelas pedras não danificaram rigorosamente nada no teu carro. Nada”.
Bruno Magalhães: “Por milagre! Por milagre!
Pedro Calado: “Bruno, então se é por um milagre, porque se para um rali? Então o co-piloto até abre a porta do carro. Isto é para abrandar? Isto é para parar o rali!”
Bruno Magalhães: “As pedras estavam lá e eu não tenho obrigação nenhuma de tirar as pedras do sítio. Eu queria provar aquilo que toda a gente está a ver e que são imagens bem explícitas. Agora, dizer que eu estou a engendrar um esquema para ganhar. Alguém está esquecido que quem estava à frente do rali era eu…”
Pedro Calado: “Pois…”
Bruno Magalhães: “Portanto, eu não percebo essa conversa. Nós estávamos à frente do rali desde a terceira ou quarta especial, e as pessoas dizem que eu engendrei um esquema. Quer dizer… Eu que fui uma vítima de uma situação anómala que se passou. Daqui a pouco estão a dizer que fui eu que mandei plantar lá uma pedra para mim próprio. É completamente ridículo.
Pedro Calado: “Ó Bruno, o ano passado nós íamos à frente do rali com 30s de vantagem, encontrámos uma pedra, batemos na pedra e não interrompemos um rali inteiro. O que fizemos? Resolvemos o nosso problema e as pessoas continuaram todas”.
Bruno Magalhães: “Este é um programa que penso que tem de manter a elevação. E o ano passado pediram.nos as imagens ‘onboard’ e nós facultamos também essas imagens. Toda a gente viu as pedras que lá estavam, não sei se foram colocadas ou não, vocês tiveram o azar de tocar nas pedras. Agora dizerem-me que eu tenho que sair do carro, ir limpar a estrada para os outros e depois continuar, isto é completamente absurdo. Vocês estão-me a continuar na pele de quem engendrou isto tudo”.