Foram apresentados na última semana de novembro, em Paris, os detalhes do percurso e do programa da edição 2017 do rali Dakar. Vão estar presentes 11 pilotos lusos nas motos, enquanto no automóveis não haverá nenhum português a desempenhar o papel de condutor.
Entre os dias 2 e 14 de janeiro, o maior rali-maratona do mundo vai atravessar o Paraguai, a Bolívia e Argentina, sendo uma prova marcada por altitudes muito elevadas, zonas montanhosas 5.000 metros acima do nível do mar – o que implica uma preparação especial do ponto de vista físico. Ao todo o Dakar 2017 levas o concorrentes de motos, automóveis e camiões a enfrentar cerca de 9.000 km de estradas, trilhas e dunas, aumentando o grau de dificuldade com a ‘estadia’ de uma semana na região mais alta atravessada pelos concorrentes.
Será “a mais difícil edição da história rali sul-americano", disse aos participantes o director-desportivo Marc Coma, acompanhado por Etienne Lavigne.
A ‘CARAVANA LUSA’
Não há qualquer piloto português inscrito nos carros na edição de 2017 do Dakar, o que acontece pela primeira vez desde que o rali todo-o-terreno se mudou para América do Sul. Portugal estará representado por Filipe Palmeiro e Paulo Fiúza, como co-pilotos do chileno Boris Garafulic e do alemão Stephan Schott, respetivamente, ambos em Mini. Nos camiões, José Martins acompanha o francês Thomas Robineau (Iveco) e Armando Loureiro é co-piloto do romeno Georges Ginesta.
As coisas mudam substancialmente na categoria de motos, onde um total de 11 pilotos – vários deles oficiais – preenchem a listas de inscritos. Hélder Rodrigues (Yamaha, dorsal nº 5) que foi terceiro em 2011 e 2012 e quinto e melhor português na última edição, assim como Paulo Gonçalves (Honda #17) são os principais favoritos na ‘caravana lusa’. O repetente Mário Patrão (KTM #28), tem a companhia de Joaquim Rodrigues (Hero #27), Mário Patrão (KTM #28), Gonçalo Reis (KTM #64) e de Pedro Bianchi Prata (Honda #75).
Luís Portela de Morais (KTM #104), David Megre (KTM # 114), Fernando Sousa Jr. (KTM #131), Rui Oliveira (Yamaha #151) e Fausto Mota (Yamaha #152) completam a lista de portugueses presentes.
O PERCURSO
Na prova os pilotos partem de Assunção, com um clima tropical e calor acima de 40 graus, para alguns dias mais tarde os mais retardatários puderem ficar sujeitos a temperaturas negativas... aqueles que rolarem à noite no Altiplano boliviano.
Essas temperaturas negativas resultam em grande parte do aumento do nível do mar, a rondar os 5.000 metros. Depois de várias incursões em Uyuni desde 2014, é o pregresso a esse trajeto na Bolívia.
Segue-se o dia de descanso em La Paz onde depois da alta montanha e da componente física e mecânica ficarem sujeitas às mudanças atmosféricas… há que continuar.
De acordo com a organização, a seleção dos mais rápidos far-se-á tendo muito em conta a navegação e a capacidade de alcançar uma boa regularidade ao longos das seis etapas da prova. Muitas dunas, muita areia na chegada à fase final do rali em Buenos Aires.
Foi ainda anunciado o favoritismo de algumas equipas como da KTM com Toby Price, da Honda com Kevin Benavides ou da Yamaha com Adrian van Beveren mas, não temos qualquer dúvida que Paulo Gonçalves e Hélder Rodrigues vão estar ao ataque dos primeiros lugares, cada um ao seu modo, naturalmente.
PEUGEOT E MINI PROMETEM…
Nos automóveis, o ‘Dream Team’ francês da Peugeot permanece favorito, com Peterhansel, Loeb, Sainz e Despres, a equipe Toyota esteve particularmente activa no mercado de transferências, porque para além de Giniel de Villiers, a pick-up Hilux terá também como piloto o duplo vencedor do rali Nasser Al Attiyah (2011, 2015) e Joan "Nani" Roma, consagrado em 2004.
Outra favorita é a equipa Mini da X-Raid, que vai tentar a sua sorte para adicionar um quinto troféu à sua coleção, com Mikko Hirvonen (quarto na sua estreia em 2016), Orlando Terranova, Yazeed Al Rahji e a estrela americana Bryce Menzies que se estreia no mundo dos rali raides. Nos camiões, Gerard de Rooy voltará a contar com seu companheiro de equipa Fernando Villagra, que o acompanhou no pódio em janeiro, mas devem contar com a oposição da Kamaz com os russos Ayrat Mardeev e Eduard Nikolaev. A surpresa, pode ainda vir da nova equipa Checa e da marca Tatra.
PAULO GONÇALVES:
“SERÁ CERTAMENTE UM DAKAR SEM DESCANSO”
O piloto português como o dorsal número 17 enfrenta a sua 11.ª participação na maior prova de rali-raides do mundo. Participa uma vez mais aos comandos de uma das Honda CRF 450 Rally oficiais da Monster Energy Honda Team. Segundo classificado em 2015, Paulo aponta uma vez mais à vitória final.
Paulo Gonçalves: “Temos a certeza absoluta de que este Dakar vai ser mesmo muito difícil, bem mais difícil do que aquilo que já foi em anos anteriores, vamos ter praticamente metade da corrida feita em grande altitude, meia semana de competição, seis dias de corrida, onde nunca vamos baixar dos 3.500 metros, vamos inclusive ter uma etapa que vai tocar os 5.000 metros, 4.900 para ser mais preciso.
Isso irá causar certamente muita dificuldade aos pilotos, dores de cabeça, lentidão na forma de pensar, um desgaste físico muito grande porque para além de estarmos a competir a 4.800 metros em alguma situação em descanso nunca baixaremos dos 3.500 durante essa semana.”
“Para além disso também temos etapas que vão tocar os 1.000 quilómetros entre troço cronometrado e ligação e tudo isso são dificuldades acrescidas.
Será certamente um Dakar sem descanso para os pilotos, é importante chegar lá o melhor preparado possível, fazer uma boa aclimatação de forma a tentar sofrer o menos possível porque sofrer de certeza que vamos sofrer de alguma maneira mas pelo menos tentar reduzir essa dificuldade ao máximo de forma a poder render e estar permanentemente na luta pela vitória final que esse é obviamente o principal objetivo de um baixo leque de pilotos do qual me incluo e os pilotos da equipa Monster Energy Honda Team também.”
PROGRAMA
Dia | Etapas | Local | Distâncias
1/1 Cerimónia de Partida em Assunção (Paraguai)
2/1 Etapa 1 | Assunção – Resistencia
3/1 Etapa 2 | Resistencia – San Miguel de Tucumán
4/1 Etapa 3 | S. Miguel Tucumán – S. Salvador Jujuy 780 km
5/1 Etapa 4 | San Salvador de Jujuy – Tupiza 521 km
6/1 Etapa 5 | Tupiza – Oruro 521 km
7/1 Etapa 6 | Oruro – La Paz 786 km
8/1 Dia de Descanso em La Paz (Bolívia)
9/1 Etapa 7 | La Paz – Uyuni 622 km
10/1 Etapa 8 | Uyuni – Salta 892 km
11/1 Etapa 9 | Salta – Chilecito 977 km
12/1 Etapa 10 | Chilecito – San Juan 751 km
13/1 Etapa 11 | San Juan – Río Cuarto 754 km
14/1 Etapa 12 | Río Cuarto – Buenos Aires 786 km