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VIAJAR DE MOTO

Fui ver os Himalaias numa estranha Royal Enfield | Motores


Passei quatro dias alucinantes montado na estranha Himalayan. Desapertava-se a direção, sufocava para meter a segunda velocidade, parecia os deuses de Uttarakhand me tinham rogado uma praga para não chegar ao destino. Mas cheguei… e regressei ‘vivo’ a Nova Deli.

Por Bhuvan ChowDhary



Se alguém procura uma aventura de nível de entrada numa moto de turismo, a Royal Enfield Himalayan é uma opção possível. E nem sequer precisa de uma trail pura de última geração para o fazer. Aqui na Índia, o lugar onde a idéia de desenvolver uma moto deste género nasceu e se desenvolveu, é praticamente a única moto deste tipo "aboradável" para os adeptos locais do turismo de aventura, sendo a outra a Kawasaki Versys 650.

Mas a Royal Enfield Himalayan custa cerca de 2.680 dólares, enquanto a Versys 11.170 dólares. É uma diferença de preço enorme!



Recentemente, realizei uma viagem pelas colinas de Uttarakhand (Norte da Índia), tendo utilizado Royal Enfield Himalayan aluguei numa das agências mais credíveis em Delhi, StoneHeadBikes. Estes tipos, contam com uma enorme frota de motos que alugam aos motociclistas Indianos assim como aos turistas que chegam a Delhi, sobretudo nos meses de maio-julho para excursões aos Himalaias.


A Himalayan que aluguei era uma moto decentemente mantida, que me disseram já tinha viajado 4 vezes para Ladakh este ano (saiba que, mesmo uma única viagem para Leh Ladakh é uma tortura mecânica para qualquer máquina ). Aparentemente, a moto tinha caído uma única vez, mostrando o odómetro apenas 500kms (quilometragem em que parou de funcionar quando teve que ser substituído). No geral, aquilo que por hábito se espera de uma moto de aluguer.




A MINHA VIAGEM À “TERRA DOS DEUSES”


A minha curta viagem de 4 dias começou a partir de Nova Deli, manhã cedo e alguns dias antes da capital da Índia ser oficialmente anunciada como a capital do mundo da poluição. Tinha planeado realizar aproximadamente 200 milhas (320km), viajando em direção ao norte, Uttarakhand, um estado que é protegido de todo o stress que se vive nas grandes cidades. Tinha sido informado que, as estradas para chegar à designada "Terra dos Deuses" não estavam em bom estado. Era como, se os próprios deuses não quisessem que as pessoas da cidade chegassem lá, e arruinassem a santidade dos seus arredores naturais.


Nas estradas niveladas e retas, as suspensões mantinham a Himalayan firme, mas por outro lado negavam-me a possibilidade rolar rápido. Isso permitiu-me olhar ao redor, relaxar o corpo e a mente enquanto ia a uma civilizada "velocidade de cruzeiro" na estrada. Mas as coisas iam piorar… cada vez mais.


Conduzi esta estranha moto por cerca de 500 milhas (800 km) através de algumas paisagens deslumbrantes, uma atrvés da minha cidade natal de Almora


Uma vez fora da principal estrada nacional, as estradas iam de mal a pior... mais parecia que me levavam a… parte nenhuma. A Himalayan não parecia se importar com essas mudanças de piso, deslizando suavemente nas ondulações leves e médias que encontrava. Os caminhos são, realmente, muito maus, ideiais para uma trail mas para muito poucas outras motos de outros géneros.

Conduzi esta estranha moto por cerca de 500 milhas (800 km) através de algumas paisagens deslumbrantes, uma atrvés da minha cidade natal de Almora. A nossa estadia foi no Naukuchiya Taal (Lago de Naukuchiya), uma parte do distrito do lago de Nainital, que tem sete lagos espalhados por uma área não maior do que 50 km de raio.


Isto dá a qualquer um a oportunidade de viajar e visitar num fim-desemana curto esta bonita região montanhosa, antes de regressar à miséria da cidade no alvorecer da semana seguinte. Mas, para aqueles que são exploradores, a região tem muito mais para oferecer também. Almora e Nainital são os distritos de entrada para a glória do Uttaranchal.

A partir daqui, podemos dirigir-nos ainda mais para as montanhas, passando na cidade sagrada de Badrinath - única estância de esqui da Índia de Auli - e também no belo Vale das Flores que depois surge. Para alguém que quer se perder aqui nas montanhas, mesmo um par de meses… não será suficiente! Eu e os meus cúmplices companheiros de jornada, usufruímos de alguns dias de toda esta beleza, antes de regressarmos ao inferno da vida urbana.


As montanhas são o lugar para que a Himalayan foi criada

A segunda velocidade é quase impossível de engrenar, passar de primeira para segunda, tornou-se tão difícil (e doloroso) que eu praticamente deixei de usar a embraiagem no resto da viagem



A MOTO…

As montanhas são o terreno para o qual a Himalayan foi criada. Apesar de seu sistema de alimentação por carburador, na verdade a moto pouco se queixou com as mudanças de altitude. A potência não é muita, nem o torque. Mas ela faz o trabalho de subir tranquila uma montanha íngreme de forma bastante decente, embora sem muita velocidade para o fazer. No geral, porém, o motor é bastante razoável para uma expedição aos Himalaias … tranquilo, pouco nervoso, perfeito para chegar à “Terra dos Deuses”.


Motores

O que achei particularmente agradável sobre a Himalayan foram as suas suspensões. Mesmo nos garfos dianteiros a sensação geral é bastante agradável. Lida-se com ela estradas ruins e esburacadas como uma campeã… isto mesmo o comprovei quando a levei por uma pequena trilha que parecia muito mais fácil vista de longe, mas era muito mais estreita do que aparentava e um verdadeiro caminho para o inferno.


Na minha viagem de 4 dias de Deli para Nainital e regresso, o maior e mais assustador incidente foi quando a porca grande que aperta o triplo grampo da direção ficou ridiculamente solto


Quando nos sentamos pela primeira vez na moto ficamos com a sensação que é uma moto bem construída. Porém, essa sensação desparece rapidamente quando acionamos o motor de arranque e a Royal Enfield Himalayan estremece por todos os lados assim que colocamos a primeira engrenagem. A segunda engrenagem é quase impossível de engrenar, passar de primeira para segunda tornou-se tão difícil (e doloroso) que eu praticamente deixei de usar a embraiagem no resto da minha viagem.


A caixa de velocidades errática não incomoda tanto enquanto seguimos em estradas abertas, mas assim que encontramos tráfego lento, só rezamos para não ter que colocar a primeira marcha…

Na minha viagem de 4 dias de Deli para Nainital e regresso, o maior e mais assustador incidente foi quando a porca grande que aperta o triplo grampo da direção ficou ridiculamente solto. Tão frouxo, que eu era capaz de apertá-lo com as próprias mãos. E isso podia ter tido consequências assustadoras...


Percebi que a StoneHeadBikes criou uma trail que tem um enorme potencial, especialmente porque não há muitos concorrentes aos seu preço, mas também porque é uma moto perfeita para um recém-encartado que se atemoriza com as dimensões de motos de aventura maiores como a Versys 650, Triumph Tiger 800 ou a BMW 1200 GS. Mas, com os inconvenientes mecânicos que traz e da forma como ‘destrói’ o importante lergado da Royal Enfield com os seus problemas de fiabilidade, será muito difícil recomendar a Himalayan a qualquer pessoa! ...pelo menos nesta fase incial.


O problema é que agora outros fabricantes de motos estão a correr à sua frente para lançar seus os próprios produtos na categoria. Tanto que no próximo ano já teremos motos mais acessíveis como a Kawasaki Versys X-300, BMW G 310GS, Suzuki DL250 V-Strom, e possivelmente, uma variante de aventura da KTM 390 Duke.




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