O Moto Clube de Lisboa é já um ‘trintão’. Numa enorme festa com numerosos sócios e convidados, conversámos com os membros da Direção, ficando a saber um pouco mais da história desta instituição que faz parte do motociclismo em Portugal desde os primeiros tempos.
O Moto Clube de Lisboa, apesar abranger uma grande região, como é o caso da cidade de Lisboa onde a proximidade entre as pessoas se torna muitas vezes mais difícil, nasceu como todos os outros moto clubes. De um grupo de amigos, que com o gosto de andar de moto deu origem à sua constituição.
O moto clube foi fundado em 1987, “num tempo em que ainda não havia a FMP constituída”, conforme nos recorda Luís Vergasta, ex-presidente. “Os motoclubes de Faro, Lisboa, Sintra, Viana do Castelo e Porto, foram os 5 ‘sócios-fundadores’ da Federação Nacional de Motociclismo. Foi então atribuído por sorteio qual seria o sócio número 1, calhando-nos ser o segundo depois de Sintra. Depois foram surgindo todos os outros motoclubes.” O Moto Clube de Lisboa tem sede própria, nos Olivais, junto ao Parque das Nações, contudo, nem sempre foi assim, porque durante a primeira metade da sua existência foi uma entidade desprovida de sede própria. “Estivemos sedeados na garagem de um dos sócios-fundadores durante mais de 10 anos, até a Gebalis, da Câmara de Lisboa nos ceder este espaço.”
PRESENTES DESDE O INÍCIO NAS CONCENTRAÇÕES
Em termos de mobilização motociclista, dinamizou e acompanhou desde a primeira hora as primeiras concentrações organizadas.
“O MC Lisboa sempre fez concentrações. Fomos dos primeiros a estar presentes e a apoiar uma concentração invernal. Na Covilhã, os ‘Lobos da Neve’ (que tinha como praxe a tradicional volta domingueira à Serra da Estrela) organizado nos últimos anos pelo MC da Covilhã - nasceram da união de esforços de três motoclubes: o MC ‘Tuku-Tuku’ de Castelo Branco, MC de Faro e o MC de Lisboa. Este primeiro ponto de reunião entre motociclistas é organizado com o intuito de levar alimentos a uma instituição. Isto aconteceu há muito tempo atrás, muito antes da hoje conhecida como concentração dos Eskimós.” Por outro lado, também é numa concentração do MC de Lisboa, em Sintra, na altura designada por ‘Alcatrão’, que os Xutos e Pontapés tocam pela primeira vez para os motards no nosso País.
No desporto patrocinam o David Ferreira (Velocidade), jovem promessa de 14 anos que se lançou ao desafio de fazer o campeonato espanhol.
“Apoiamos sempre dentro das nossas possibilidades. Houve um casal argentino que andava a dar a volta ao mundo. Telefonaram, vieram cá, tiraram fotografias e colocaram no blog… Como é praxe em muitos motoclubes pagamos-lhe a estadia num hotel. Visitou-nos recentemente também um francês, mais o filho e que também estavam a fazer uma volta ao mundo. Vamos apoiando as pessoas e as causas que achamos que devemos apoiar. Temos vivências únicas, sócios que viajam pela Europa, Ásia…” Em 2017 tem o projeto de partirem cinco ou seis sócios da China até Portugal de moto.
Na foto acima, Tim, da banda "Xutos e Pontapés", frequentador habitual das acções do Moto Clube de Lisboa
Quais as exigência então para alguém se tornar sócio do Moto Clube de Lisboa? Perguntámos. “Em primeiro
lugar, preferimos ter sócios que gostam do MC Lisboa e que se identificam connosco. A nossa exigência é frequentar e conviver com os membros do motoclube e, ao fim de 3, 4 meses, após uma reunião de direção, verificando que a pessoa se identifica com o motoclube pode então se tornar sócio.”
RENOVAR PARA EVITAR A ESTAGNAÇÃO
“Todos os anos fazemos uma entrega de roupas e alimentos, fazemos um passeio mensal, a festa de verão. Apoiamos duas vezes por ano o Banco Alimentar, fazemos uma noite de Fado, Magusto…" O MC Lisboa está aberto todas as quartas e sextas-feiras de cada semana, das 21h à 1 da manhã. Aos sábados têm as portas abertas das 15 ás 21h, conforme nos esclarecem. Por ocasião do 29º Aniversário, Luis Vergasta declarou-nos a intenção de não se recandidatar à presidência do moto clube.
Há dois anos atrás, o bolo do 29º Aniversário
“As presidencias são bienais, acho que chegou o meu tempo de passar a pasta e darei todo o meu apoio ao novo presidente. O agradecimento que posso fazer é a todos os sócios que me ajudaram, como nesta data de aniversário, onde muitos estão aqui de serviço para que tudo corra da melhor maneira. Presidente do MC Lisboa durante seis anos, após 2 anos como vice-presidente, fala-nos dessa vivência. “Foram 8 anos sempre muito ativos e que gostei bastante. Não sou grande apologista que os motoclubes devam ter presidentes eternos, sobretudo para terem ideias novas e se renovarem.
É muito importante não estagnar. Gosto muito deste motoclube, gostei como me receberam e no, fundo os motoclubes hoje acabam por estar a funcionar como coletividades. O meu pai sempre teve ligado a esse meio e ao associativismo, e, talvez porque foi sempre um dos sócios mais ativos, comecei promover bastantes passeios no moto clube até chegar o meu tempo de ser presidente.”
Hoje com 43 anos de idade e frequentador regular de concentrações desde os seus 18 anos, tem hoje uma opinião pouco a favor desses eventos.
“Hoje vou menos a concentrações, um bocado se calhar por cansaço do modelo de concentração de motos que existe e que não evoluiu nos últimos vinte anos. Vou hoje mais a aniversários de motoclubes do que propriamente a concentrações. No entanto, estive nas primeiras concentrações de Góis, praticamente todas a que agora estão a completar 20 anos de existência."
O MC de Lisboa tem uma imensidão de Troféus que lhe foram atribuídos durante os seus quase 30 anos de vida. Comparece nos principais eventos, aniversários e concentrações de muitos outros motoclubes e tem um protocolo único. “Temos uma parceria interessante com o Governo Civil. Isto é, no caso de se repetir uma catástrofe como o Terramoto de 1755, e em face da facilidade de deslocação das motos, temos um protocolo estabelecido com a Câmara de Lisboa para darmos o nosso apoio. Espero que nunca aconteça, mas é um orgulho para nós ter esse protocolo, uma vez que somos das poucas instituições a tê-lo. “
O Moto Clube de Lisboa está aberto todas as Quartas e Sextas-feiras das 21h à 1 da manhã, abrindo Sábados das 15 ás 21h