O francês do Ford Fiesta, conquistou há uma semana o quinto título mundial de ralis consecutivo, tornando-se o segundo piloto mais vitorioso na disciplina logo a seguir ao compatriota Sébastien Loeb.
Um terceiro lugar no Rali da Grâ-Bretanha, foi o suficiente para Ogier se sagrar campeão do mundo de ralis em 2017, pela quinta vez consecutiva e que o torna, aos 33 anos, numa figura incontornável do automobilismo.
"Cinco é apenas um número. Claro que é um bom número, mas nunca poderia ter imaginado estar nesta posição para ganhar cinco títulos. Então tudo isto é ótimo.”, começou por dizer Ogier, que viu, surpreso e emocionado, a chegada de Sébastien Loeb para o cumprimentar.
“De onde veio ele?”, perguntou Ogier, no final do Rally de Gales e feliz por ver de novo Loeb, que monopolizou o campeonato durante quase uma década, tendo arrebatado nove títulos mundiais consecutivos, entre 2004 e 2012.
A emoção real, percebia-se nos olhos húmidos de Ogier, algo que raramente se lhe vê. Mas dá para entender… O francês, campeão entre 2013 e 2017, deixou para trás dois outros nomes sonantes do Mundial de ralis, os finlandeses Juha Kankkunen e Tommi Mäkinen, antigos tetracampeões mundiais, e agora fica mais perto de poder ameaçar o recorde de Loeb, que se presumia inalcançável. Agora… com os Fiesta da M Sport!
"O mais significativo para mim é a minha emoção. Quando terminei esta última etapa… quase não posso explicar, mas neste curto período de tempo, tive uma das emoções mais fortes de sempre. Não a mais forte da minha vida, porque essa tive quando o meu filho nasceu, era mais especial, mas no desporto foi a mais forte de sempre. Não sei por que aconteceu mais estou muito, muito feliz.”
O novo pentacampeão do mundo desequilibrou também a 'balança' de países a favor da França, que passou a contar 15 cetros, contra 14 da Finlândia, com a diferença de os nórdicos os terem divididos por sete pilotos e os franceses por apenas três: Ogier, Loeb e Didier Auriol.
Ogier recusou mil e uma oportunidades de esclarecer sobre o contrato que ele poderá ou não assinar nas próximas semanas, mas pela suas palavras no final do Rali de Gales, parece ter reconsiderado a opção de deixar a M Sport e ter ficado mais longe do seu pensamento a ideia de se reformar.
Há um ano atrás, o francês de Gap celebrou o último título com a Volkswagen, teve ofertas de outras equipas, mas nada parecia com o mesmo tipo de consistência, porque a marca alemã tinha-se tornado a sua casa, a sua fortaleza. Mudou então com o seu co-piloto habitual, Julien Ingrassia, para a M-Sport.
"A M-Sport foi uma aposta", disse, fazendo uma pausa para refletir. "OK, talvez não fosse uma aposta, mas foi um desafio e nós enfrentámos juntos esse desafio.
Ganhamos imediatamente em Monte Carlo e não esperava isso, mas depois houve algumas vezes em que tudo foi bastante difícil. Na Finlândia, tive dois incidentes complicados, num dos quais tive muita sorte, mas continuámos a trabalhar."
E nem tudo foram rosas para o francês em 2017...
"Fizemos este resultado com um orçamento menor do que os fabricantes. Este resultado foi especial para nós, mas também especial para o Malcolm Wilson (Team manager da M-Sport) e para toda a equipa da M-Sport. Sinto-me muito orgulhoso do que fizemos este ano. Quando tomamos uma decisão, como todas a decisões na vida, tem que acreditar que é a certa e caminhar sempre nessa direção."
No entanto, Ogier não se sentia em casa no País de Gales, onde lutou por achar o melhor ritmo nos trilhos enlameados da floresta. O sol inesperado e o clima quente que inesperadamente surgiu só serviu para complicar ainda mais as coisas. Ogier andou e desesperou, à procura de aderência no piso lamacento, para ganhar tração no Ford Fiesta.
"Mentalmente", disse ele, calmamente, no final da etapa de Gartheiniog no sábado, "pensei que tinha de somar mais pontos, obrigatoriamente". Ogier estava em quarto, atrás do rival Thierry Neuville, e tudo indicava que a luta pelo campeonato iria ficar adiada para a Austrália.
Então, para piorar as coisas, Ogier teve uma saida de estrada na neblina do sábado à noite, furou um pneu e danificou a roda. Deitado na lama profunda ao lado da estrada, o campeão trabalhou para consertar o carro. Ele removeu o disco, bloqueou as linhas dos travões e sangrou o sistema. Ele fez isso instintivamente, sem se importar com mais nada.
Durante o último dia, Ogier sabia o que tinha que fazer e esteve brilhantemente melhor, a caminho do quinto título mundial no WRC.
Agora, no País de Gales, pela primeira vez o francês já penta-campeão revelou outra oferta. Não é uma contra-oferta da Citroën ou uma proposta revista da M-Sport. Não, esta veio de muito mais perto de casa. "A minha esposa", disse com um sorriso, "e o meu filho, gostariam que eu assinasse para ficar mais perto de casa. Eu não sei. Mas tenho que pensar mais.”
Se há alguém que possa substituir Loeb, é Ogier!
Desde o momento em que apareceu no mundo dos ralis, Sébastien Ogier foi apelidado como 'o próximo Sébastien Loeb' - não só pelo campeão de 2003 Petter Solberg, como pelo próprio campeão Loeb.
O primeiro grande sucesso internacional na carreira de Sébastien foi em 2008 quando venceu o Campeonato Mundial Júnior de Rali com 3 vitórias. Tem também a rara distinção de ser um piloto JWRC que somou pontos numa etapa do WRC. Em 2009, Sébastien competiu no Intercontinental Rally Challenge, vencendo o Rali de Monte Carlo num Peugeot 207 S2000. No mesmo ano iria mudar-se para a Junior Team da Citroën e terminar em 8.º no WRC. Em 2010
Sébastien junta-se em definitivo à equipa da Citroën no campeonato mundial e consegue 6 pódios, incluindo as suas primeiras duas vitórias.
Mas foi apenas em 2011 que ele chegou à ribalta graças a uma luta intensa pelo título contra Loeb, terminando o ano em 3.º da geral. Mais tarde no ano ele ultrapassou os adversários do WRC e da F1 para ganhar a Race of Champions.
Para o campeonato mundial de ralis de 2012, juntou-se à VW Motorsport e conduziu o Skoda Fabia S2000, alcançando seis lugares entre o top-10 e incomodando várias máquinas do WRC mais rápidas que a sua.
Ao lado do copiloto Julian Ingrassia, Sébastien ajudou a VW a desenvolver o seu magnífico Polo R WRC, e conduziu este carro à sua primeira vitória no rali da Suécia em 2013. Conseguiu também leva-lo até ao campeonato mundial, ao alcançar a vitória no seu rali de França, e concluindo a sua primeira época de sucesso com a Volkswagen.