Com o número 315 nas portas do Duster, Carlos Sousa está hoje à partida da edição 2018 do Dakar. O português admite estar “muito expetante e curioso” com este seu regresso ao mais duro rali do mundo com a Renault Sport Argentina.
Apesar dos condicionalismos, da estreiar com o Duster, de ter um novo navegador e do seu afastamento há dois anos das competições, o piloto de Almada sonha com um resultado final entre os dez primeiros.
Disputa-se hoje, sábado, 6 de janeiro, a primeira de 14 etapas e 15 dias (um para descanso), num total de 8793 quilómetros, 4329 dos quais disputados ao cronómetro (para os automóveis). Um verdadeiro teste de resistência para as mecânicas, mas também para a capacidade física e psicológica de pilotos e navegadores.
A 24 horas de partir para o seu 18º Dakar, Carlos Sousa admitia estar “muito expetante e curioso” em relação ao que poderá fazer.
“Há pouco mais de três meses, nem sequer sonhava com este regresso. Estava sem correr desde 2016, quando recebi um telefonema a convidarem-me para participar no Dakar aos comandos de um Duster”.
O português integra a equipa oficial da Renault Sport Argentina (a gama Dacia é comercializada neste país sob a marca Renault). Equipados com um motor V8 da Aliança Renault-Nissan, com 390 cavalos de potência, os Duster querem ser uma das surpresas da prova, beneficiando da experiência e da rapidez dos dois pilotos da equipa: Carlos Sousa e o argentino Emiliano Spataro.
O sonho de um resultado no top-10!
O piloto nacional acredita que “é possível sonhar com a conquista de um resultado final entre os dez primeiros. Nas edições anteriores, o Duster mostrou que pode surpreender, mas claro que o Dakar é sempre o Dakar. Muito duro e difícil, fértil em imponderáveis e uma verdadeira lotaria. Para além disso, mais uma vez, com uma lista de participantes de luxo, com muitos pilotos talentosos inseridos em estruturas com grandes meios.”
Mas apesar do otimismo em conquistar um lugar no top-10 pela 12ª vez na sua carreira, Carlos Sousa está consciente dos condicionalismos associados à sua participação: “Vai ser a minha prova de estreia com o Duster, vou estrear um novo navegador (o francês Pascal Maimon, vencedor da prova em 2002) e há dois anos que estou afastado das competições. Para além disso, só fiz um teste com a equipa e muito curto. Ou seja, motivos suficientes para ter uma estratégia bem definida: muita contenção nas primeiras etapas e, a partir daí, se houver condições e se se justificar, imprimir um ritmo forte.”
"As dunas das primeiras etapas podem correr bem,
ou estupidamente mal"
Como a edição deste ano do Dakar começa logo com as dunas do Peru, Carlos Sousa acredita que “isso pode ser uma vantagem para mim.
Se a prova começasse com percursos tipo rali, estou certo que ia perder muito mais tempo para os pilotos da frente, pois para além da falta de ritmo, entre o Duster e o navegador, tenho todo um mundo novo para descobrir. Assim, acredito que a minha experiência nas dunas pode atenuar esses condicionalismos, mas com a consciência que, na areia do deserto, as coisas ou correm muito bem, ou estupidamente mal.”
Mas se “a falta de ritmo” é uma das maiores preocupações de Carlos Sousa, outra é a adaptação que vai ter de fazer ao Duster e à pilotagem de um carro equipado com motor a gasolina.
Na realidade, depois de ter participado nas últimas cinco edições do Dakar ao volante de viaturas equipadas com motores a diesel, o piloto de Almada confessa que “nos primeiros dias, vou ter dificuldade em explorar todo o potencial do motor do Duster. Em relação a um a diesel, um bloco que tem menos binário nos baixos regimes e que obriga a uma pilotagem completamente diferente, com mais recurso à caixa de velocidades e a rotações mais elevadas.”
Um navegador que já venceu o Dakar e o Duster
Para Carlos Sousa, a edição 2018 do Dakar também fica marcada pela estreia de um novo navegador: o francês Pascal Maimon, vencedor do Dakar 2002, ao lado do japonês Hiroshi Masuoka. “É uma das referências da modalidade na arte da navegação. O seu palmarés diz tudo sobre a sua experiência e competência. Também é um especialista em mecânica, pelo que a escolha não podia ser mais certa”, sublinha o piloto nacional.
O Duster Dakar é equipado com o motor V8 VK56 da Aliança Renault-Nissan. Um bloco com 5.450cc de cilindrada, 390 cavalos de potência e 45 Kgm de torque. Na sequência da experiência acumulada desde 2013, o Duster Dakar apresenta-se à partida da edição 2018 com importantes desenvolvimentos técnicos na suspensão traseira, mas também na refrigeração do sistema de travões.
O português Carlos Sousa vai participar com a unidade com que Emiliano Spataro participou na edição 2017 do Dakar. Uma viatura com poucos quilómetros, uma vez que o argentino desistiu logo na terceira etapa, com problemas na suspensão traseira, na sequência da passagem num salto mais pronunciado.
A 18ª participação do "Senhor Dakar"
O Dakar 2018 é também o 18º da carreira de Carlos Sousa. Com participações em quase metade das edições do mais duro e apaixonante rali do mundo, não raras vezes é apelidado de “Senhor Dakar”. Mas o português é muito mais do que um dos incontornáveis da lista de participantes.
O palmarés confirma-o: em 17 participações, 11 presenças no top-10 da classificação geral e sete vitórias em etapas. Como melhor resultado, o quarto lugar conquistado na edição de 2003, a que se juntam dois quintos lugares (2001 e 2002), três sextos (2010, 2012 e 2013), três sétimos (2005, 2006 e 2007), um oitavo (2015) e um décimo em 1997. A estreia aconteceu em 1996.
Para Carlos Sousa, a 18ª participação no Dakar será marcada por uma dupla estreia: a entrada no Renault Duster Dakar Team e a companhia do francês Pascal Maimon, navegador que, em 2002, cometeu a proeza de vencer o Dakar, ao lado do japonês Hiroshi Masuoka.