André Villas-Boas , ex-treinador do Porto, Tottenham e Chelsea, vai cumprir o seu sonho de realizar o Dakar com 40 anos, a mesma idade a que o tio Pedro Villas-Boas se estreou no rali, ainda nos tempos dos lendários UMM.
"É uma coincidência ir correr no Dakar com a mesma idade que o meu tio a disputou, com 40 anos em 1982. Os números jogam a meu favor, e também coincide que o Dakar compra a sua quadragésima edição", disse o técnico português, durante a conferência de imprensa das equipas Toyota, Gazoo e Overdrive, em Lima.
O concorrente luso, que deixou o banco do Shanghai SIPG há um mês, diz que o Dakar chega num bom momento da sua vida, porque ele ainda é jovem e com a força para enfrentar o ataque ao rali mais difícil do mundo.
"A idéia de disputar o Dakar aconteceu há muito tempo, e teve que ser feito agora que ainda sou jovem e estou mentalmente e fisicamente bem. Estou aqui para me divertir numa pequena loucura", admitiu o ex-treinador de futebol. “O motor é a minha paixão e percorre as minhas veias desde sempre", sustenta Villas-Boas, que admite ter sido fácil mudar o "chip" e esquecer o futebol por alguns dias.
"Não foi complicado porque o motor é minha paixão e sempre correu pelas minhas veias. Quando eu era treinador, toda a vez que descansava por um fim de semana, tentava sempre ter tempo para ir andar de bicicleta ou rodar com o Jeep e fazer um pouco de fora de estrada."
“Foi tudo foi muito rápido, porque quando eu terminei a época em Xangai, já se estava em meados de novembro. Foi então que decidi ver se havia uma janela de oportunidade para acessar o Dakar, porque eu só quero voltar ao futebol em junho, tive esta possibilidade e aqui estou”, explica Villas-Boas que espera retornar aos relvados na próxima temporada."
“O meu objetivo é voltar a treinar na Europa, espero encontrar uma equipa que eu goste em abril ou maio, que é quando as equipes começam a tomar decisões para a próxima temporada", disse o português, que não descarta treinar na liga espanhola.
Mas para já, está totalmente focado no Dakar: "Gostei de entrar no carro, viver as coisas que esses grandes pilotos vivem, encontrar-me com líderes de equipa e co-pilotos, que são muito importantes. Felizmente estou muito bem acompanhado, com o Ruben Faria como navegador, com o carro da Toyota Overdrive, e também estou muito orgulhoso de trazer aqui as três organizações solidárias das quais sou embaixador".
Quanto a resultados, Villas-Boas reconhece que tem um "objetivo humilde", completar toda a prova do Dakar, desde a partida este sábado em Lima até à chegada no dia 20, em Córdoba (Argentina). “Atingir o final seria como ganhar um campeonato de futebol", como os que já ganhou durante o seu tempo nos bancos do Porto e Zenit, em São Petersburgo.
Avisa que tem pouca experiência como piloto de ralis e que o seu objetivo todos os dias será chegar ao final das etapas, ao contrário dos seus companheiros na Toyota, o Qatari Nasser Al-Attiyah e o sul-africano Giniel De Villiers, que buscarão vitórias.
“Esta semana foi a primeira vez que conduzi o carro através das dunas, estamos felizes, mas haverá muitos momentos difíceis para mim", disse Villas-Boas, que tem como co-piloto o seu compatriota Rubén Faría (na foto, à direita), segundo no Dakar em 2013 na categoria de motos.