Numa jornada tão imprevisível quanto surpreendente, já que pelo caminho ficaram alguns dos favoritos, Thierry Neuville (Hyundai) está na liderança do Vodafone Rally de Portugal com Elfyn Evans (Ford) na segunda posição, depois dos abandonos de Ogier e Tanak.
Ao segundo dia de prova, milhares de espetadores vibraram, na Porto Street Stage, com as estrelas do Vodafone Rally de Portugal. O belga agora líder, Thierry Neuville (Hyundai) foi, curiosamente, o piloto mais rápido nas duas “especiais” disputadas no coração da Cidade Invicta, e terá sido um dos que menos sofreu com o desgaste de pneus ao longo do dia. Não tinha uma posição fácil na estrada (era o segundo a partir para as “especiais”, atrás de Sebastien Ogier), mas nem por isso deixou de fazer pela vida, minimizando a perda de segundos para os rivais que partiam mais atrás.
Quem esteve, nesse capítulo, ainda mais em evidência foi o campeão e líder do Mundial Ogier, até não conseguir evitar uma saída de estrada na segunda passagem por Viana do Castelo. Aliás, o piloto francês da Ford já respirara de alívio quando logo na abertura da jornada, em Viana do Castelo 1, Ott Tanak – recente vencedor do Rali da Argentina e primeiro líder desta edição da prova portuguesa – ficou pelo caminho, com o motor do Toyota “partido”.
Com Ogier de fora e Neuville a “abrir” a estrada, Hayden Paddon assumiu as despesas da Hyundai, alternando o primeiro lugar com Kris Meeke (Citroen) e Dani Sordo (Hyundai), numa verdadeira dança de líderes, até à derradeira classificativa minhota (Ponte de Lima 2).
Nessa derradeira passagem o despiste do neozelandês (foto acima) e os problemas de pneus de Sordo e de Meeke ajudaram Neuville a cavar uma diferença que é agora de 17,7 segundos face a Elfyn Evans (Ford), enquanto Sordo passou a ser terceiro, a 24,3s do líder e Lappi, único “sobrevivente” da Toyota – Jari-Matti Latvala abandonou a meio da manhã com a suspensão partida –, já a 45,8 segundos.
Pelo lado da Citroen, Meeke (a 1m18s) e Craig Breen (2m27,3s) serão já, salvo qualquer hecatombe nos lugares da frente, cartas fora do baralho no tocante à discussão da vitória no rali. No WRC2, o britânico Gus Grensmith (Ford) lidera, secundado pelo polaco Lukasz Pieniazek (Skoda) e o francês Stephane Lefebvre (Citroen).
Armindo Araújo (Hyundai) é o piloto português melhor classificado, num duelo que continua a ser travado com Miguel Barbosa (Skoda).
Meeke e Sordo, os primeiros líderes
Durante a manhã desta sexta-feira, Dani Sordo (Hyundai) vencia em Ponte de Lima e tornava-se no novo líder do Vodafone Rally de Portugal depois de Kris Meeke (Citroen). O piloto espanhol demonstrou um grande ritmo em todas as especiais da manhã, conseguindo na primeira passagem pelos 27.54 km do troço Ponte de Lima superar a concorrência para assumir a liderança, que até então pertencia ao britânico da Citroen.
O vencedor da primeira especial da manhã, Hayden Paddon, seguia na terceira posição e com tantas mudanças na liderança, quem sai verdadeiramente beneficiado desta batalha pela liderança era o pentacampeão da prova portuguesa, Sébastien Ogier que seguia na quarta posição.
A equipa com menos sorte na manhã de sexta-feira foi a Toyota. Ott Tanak, que tinha vencido o Rali da Argentina, teve um problema com o motor do seu Toyota e já não regressaria ao rali. Jari-Matti Latvala teve problemas na SS3 e e Esapekka Lappi seguia na 11.ª posição.
Tänak estava a 6,7 km do estádio de Viana do Castelo, perto da fronteira espanhola, quando puxou o seu Toyota Yaris para a beira da estrada. Filmagens no automóvel capturaram o estónio relatando altas temperaturas do óleo do motor para a sua equipa no parque de serviço de Matosinhos. O diretor esportivo da Toyota Gazoo Racing, Kaj Lindström, explicou: “Sabemos que Ott atingiu uma rocha e danificou o sistema de refrigeração do carro.”
Mads Ostberg também acertou numa pedra a meio do caminho e acreditou que o impacto afetou a pressão em um dos diferenciais do seu C3. O norueguês foi o sétimo mais rápido, atrás de Craig Breen e Teemu Suninen.
O despiste de Ogier em Viana do Castelo 2
A quinta especial do Vodafone Rally de Portugal fica marcada pelo despiste do líder Mundial, Sébastien Ogier. Numa altura em que a confiança do francês aumentava face ao pouco tempo perdido nas especiais da manhã desta sexta-feira, o piloto da M-Sport falhou uma esquerda devido a um furo, acabando por capotar. Terminava assim o sonho para Ogier de somar a inédita sexta-vitória no Rali de Portugal, este ano - pela primeira vez em mais de 30 anos, podia-se ter assistido ao quebrar do recorde de cinco vitórias estabelecido por Markku Alen em 1987!
Ogier e o seu navegador Julien Ingrassia, saíram ilesos do contratempo, mas a expressão do piloto e o facto de Ingrassia não ter conseguido abandonar o carro pela sua porta, e ter tido de usar a de Sébastien, mostrou desde logo que a coisa não era “bonita” para a dupla gaulesa.
Entretanto e depois de concluída a segunda passagem pelo troço de Viana do Castelo, o piloto espanhol da Hyundai, Dani Sordo, perdia de novo a liderança do rali para o britânico Kris Meeke (foto acima), prova do equilíbrio da etapa portuguesa. Certamente satisfeito com o abandono de Sébastien Ogier estava Thierry Neuville que, apesar de ter perdido algum tempo para a liderança da prova, fica agora mais perto da liderança do Mundial de Pilotos.
Neuville assume liderança em Ponte de Lima
A grande reviravolta do dia aconteceu na classificativa de Ponte de Lima 2, antes dos pilotos rumarem ao Porto, quando Hayden Paddon se despistou, entregando de bandeja o primeiro lugar ao seu colega da Hyundai, Thierry Neuville.
Num troço em que tanto Dani Sordo (Hyundai), com os pneus destruídos, como Craig Breen (Citroen), devido a um furo, perderam bastante tempo, Neuville também viu Meeke levantar o pé devido a problemas com os pneus. O piloto belga da Hyundai, segundo classificado no Mundial – soma menos 10 pontos que Sebastien Ogier – parece reunir todas as condições para conseguir um excelente resultado nesta sexta prova da temporada, de modo a encurtar distâncias para o penta campeão.
E com o abandono, por despiste, na sequência da quebra da suspensão do Ford Fiesta, de Ogier, Elfyn Evans (Ford) beneficiou de um conjunto de azares alheios para se encontrar agora na segunda posição e em condições de poder discutir a vitória. Kris Meeke, apesar dos contratempos sofridos, também está nessa corrida e na defesa das cores da Citroen.
O troço mais rápido e decisivo
Viana do Castelo, 26.73km
Este é o troço mais rápido do dia e com bastante cascalho solto para dificultar a condução, e foi precisamente aqui onde na segunda passagem se despistou do campeão do mundo Sebastien Ogier.
A especial começava numa superfície arenosa antes de uma curta seção de paralelepípedos a 4,6 km. Existem várias outras mudanças de superfície e muitas subidas antes da estrada estreitar-se na segunda secção, com zonas sinuosas entre árvores.
À conversa com…
Gus Greensmith, o líder do WRC 2
A M-Sport apresentou-se no Rally de Portugal com três Ford Fiesta R5, para Gus Greensmith, Pedro Heller e Nil Solans, todos a disputarem a classe WRC 2 do Campeonato do Mundo.
Gus Greensmith, que defendeu a baliza do Manchester City nos escalões mais jovens do futebol dos ‘citizens’ e que se iniciou nos karts, em 2008, quando tinha 11 anos, é terceiro classificado no Mundial de WRC2. Lidera esta categoria na 52ª edição do Rali de Portugal.
“Portugal é um pouco como uma segunda casa para mim. O cenário é lindo e adoro o modo de vida dos portugueses. As etapas são incríveis, e esse é definitivamente um dos fatores que me leva a sentir mais à vontade.
“O intinerário do rali tem uma boa mistura de estradas fluidas e técnicas, mas algumas podem ser bastante difíceis - especialmente esta sexta-feira. É preciso adaptar o estilo de direção rapidamente a cada situação, e pode-se ganhar muito tempo conseguindo encontrar um bom ritmo nessas etapas.” Tinha avisado o britânico, antes da etapa de hoje.
Classificação (após SS9)