4 de jul. de 20186 min para ler

CNV 2018 | Outono em dia de verão nas corridas do Estoril

Apenas o tempo fresco, mais próximo do outono do que de um dia de verão não ajudou a mais um ‘encontro’ dos pilotos e adeptos da velocidade no autódromo do Estoril. Duelos empolgantes não faltaram nesta terceira ronda do CNV.

FOTOS: FMP E JORGE MATIAS

Depois de palco de abertura do Campeonato Nacional de Velocidade 2018 (CNV), o Circuito do Estoril recebeu nos dias 30 de Junho e 1 de Julho a terceira ronda de 2018, desta vez em formato de duas corridas para as Superbike, a categoria maior da disciplina no nosso país. Apenas um senão: a ausência, uma vez mais, das motos clássicas... que tanta falta fazem!

O clima incerto, sobretudo no segundo dia – muito distante de um dia de verão – haveria de tornar qualquer prognóstico difícil para a corrida da Superbike (a última no domingo), mas ainda assim viveu-se uma tarde animada, também para os pilotos e máquinas do campeonato de Pré-Moto3, Copa Dunlop Motoval, Troféu Eni - Taça Luis Carreira e Kawasaki ZCup; no total os pilotos presentes superaram as nove dezenas e até S. Pedro foi clemente para uma grande tarde de corridas.

TIAGO MAGALHÃES

1º dia: Magalhães e Aprilia ‘abrem’ o espetáculo

Na nossa classe rainha, de Superbike, a primeira nota de destaque pertenceu ao regressado Tiago Magalhães que começou por assinar a 'pole position' de sábado (1:43.905), colocando a sua Aprilia RSV4 na frente das duas Yamaha R1 de Ivo Lopes e de Rui Reigoto, a cerca de 2 segundos do campeão nacional de 2016.

Depois, na corrida de 15 voltas Tiago iria confirmar essa diferença, ‘vingando-se’ assim do azar que tivera nesta mesma pista no arranque do Nacional quando sofreu uma violenta queda... aqui no Estoril.

Com este triunfo o piloto da Aprilia torna-se no terceiro vencedor em 2018, sucedendo a Rui Reigoto e Ivo Lopes, como vencedor no CNV 2018. Ao segundo degrau do pódio subiu Ivo Lopes, que terminou a corrida com problemas sérios na caixa de velocidades da Yamaha YZ-F R1 da Eni Motor7 Pequeno Motos (sem 3ª e 4ª velocidades) na frente do supreendente Sheridan Morais aos comandos de uma Supersport 600.

IVO LOPES

“Logo no sábado ao chegarmos aos treinos livres reparámos que tínhamos a caixa de velocidades danificada e tentámos solucionar o problema”, começou por referir à MOTORES Ivo Lopes. “Acabámos por ir para a corrida coma moto a falhar mas de cabeça erguida. Ainda começamos por liderar a prova, mas para o fim o motor foi piorando e terminámos em segundo.”

SHERIDAN MORAIS

O quarto classificado foi André Pires, ainda sem a equipa Fast Bike conseguir a melhor afinação na Yamaha R1. “Nos treinos, aparte o Magalhães, que fez mesmo um tempo muito rápido, estávamos todos muito próximos: eu, o Ivo, o Reigoto, e o Marto em 4º, pelo que achei que na corrida tinha hipótese de lutar pela vitória…”, disse o piloto de Vila Pouca de Aguiar. Durante a primeira corrida, com Magalhães e Ivo Lopes no comando, André Pires envolveu-se numa luta com a Yamaha de Sheridan Morais, até que, ainda a braços com um problema de suspensão na R1, desta feita na dianteira, teve uma saída em frente na Parabólica Interior.

“Com isso, perdi cerca de 2 segundos mas passei a andar sempre à mesma distância do Sheridan… Primeiro, chegui a fazer 1:44:6, depois abrandei porque percebi que já não o ia apanhar.”

RUI REIGOTO

Com menos sorte durante o fim de semana Rui Reigoto atrasou-se logo na segunda volta e desceu ao 19º lugar, recuperando depois até à décima posição onde veio a fechar a corrida de abertura de Superbike no Estoril.

2º dia: “El Comandante” Ivo Lopes

A segunda corrida de Superbike encerrou o fim de semana no autódromo do Estoril com um "convidado inesperado" - uma ligeira chuva nos minutos que antecediam a partida e que fez a Direção de prova declarar aos altifalantes “Corrida de Chuva”, já com os concorrentes alinhados na grelha de partida. No entanto, a chuva foi breve… mas deixou uma dúvida enorme entre os pilotos: 1ªa opção - arriscar nos 'slick' e tirar partido disso porque o asfalto secou, 2ª opção - jogar no seguro por uns pneus “Wet Race” que rapidamente se poderiam degradar no quente e húmido tapete negro do Estoril? Esta dúvida originou uma enorme confusão antes da partida para a 2ª corrida!!!

Foi no mínimo, rocambolesco o que aconteceu antes do sinal de partida: enorme confusão entre dois pilotos, um deles o vigente campeão Rui Reigoto, obrigado a partir das boxes, perdendo-se logo aí um dos elos para o espetáculo. Com uma demora extra na grelha provocada quando os pilotos que optaram prematuramente por borrachas de chuva decidiram reverter para slicks, causando alguma fricção entre equipas (ver fotos), o sinal verde para a partida finalmente se iluminou.

ANDRÉ PIRES

Ivo Lopes, que partiu com pneus para piso seco, liderou a totalidade das voltas e venceu pela segunda vez este ano, desta vez na frente de André Pires. No início da prova de 15 voltas, de imediato as Yamaha de André Pires e Ivo Lopes se colocaram isoladas no comando, com o segundo dos dois a afastar-se gradualmente, impondo um ritmo muito forte logo de início. De tal modo, que poucas voltas passadas, os dois rodavam isolados, sem que André Pires pudesse alcançar Ivo Lopes nem fosse, por sua vez, incomodado pelo piloto mais atrás, Rui Marto em terceiro com a BMW S1000RR / Zanza Racing cada vez mais competitiva – e que ocupou o último degrau do pódio.

A chuva que acabou por não se materializar, foi ainda ‘produtiva’ para Ricardo Lopes, quarto classificado com a Kawasaki ZX10R RL58 Racing School, que concluiu a prova na frente de Tiago Magalhães, Jesus Macarro (Kawasaki ZX-6R), Eduardo Cabreira (MV Agusta F3), Mário Alves (Yamaha R1) Eusébio Nogueira (Yamaha R1 Reigoto Racing Team) e Gonçalo Ferreira (BMW Motomil Zanza Racing)) que fechou o top-ten na última corrida da tarde.

Kiko Maria manteve senda vitoriosa

Com 18 pilotos em pista as corridas das 85GP/Moto4, Pré-Moto3 e Supersport 300 fora, também elas muito animada, com a decisão final nas Pré-Moto3 a surgir apenas na derradeira volta depois de três pilotos distintos terem passado pela liderança. A taça do primeiro lugar voltou a pertencer a Kiko Maria que cruzou a linha de meta na frente, com 47 milésimas de diferença para Pedro Fraga e 1 segundo para Angel Dominguez, o terceiro classificado.

Depois de ter conseguido a segunda posição na qualificação Kiko assumiu a liderança do pelotão logo no arranque para a corrida de 14 voltas, na qual uma vez mais contou forte oposição ao piloto da BeOn 250 da Marinelli Snipers Team.

"Foi uma corrida muito intensa e fantástica. Lutámos os três ao longo de todas as 14 voltas e no final consegui vencer e isso é muito bom para as contas do campeonato, que é um dos meus principais objectivos para esta época. Quero continuar a ganhar corridas no CNV e depois de ter abandonado em Portimão na prova anterior foi bom regressar ao topo do pódio”, referiu no final o jovem piloto lisboeta e atual líder do campeonato nacional Pré-Moto 3. Agora, kiko Maria está já a pensar nas suas próximas batalhas a nível nacional e internacional pois a sua época envolve igualmente a participação no European Talent Cup e campeonato espanhol de velocidade (CEV). Tomás Alonso venceu nas Supersport 300 e Marco Mateiro nas 85/Moto4.

Copa Motoval e Troféu Eni - Taça Luis Carreira

As duas corridas da Copa Dunlop Motoval foram ganhas por Dani Trelles na Classe 1 e Filipe Lourenço na Classe 2 enquanto que no Troféu Eni - Taça Luis Carreira Pedro Flores foi o melhor nas Open no primeiro dia, o mesmo se passando com Ricardo Almeida nas SBK e André Capitão nas SS. No Domingo Pedro Flores repetiu a dose e voltou a subir ao degrau mais alto do pódio, José Teixeira foi o vencedor nas SBK e André Capitão nas SS. Na Kawasaki ZCup, que contou com 11 pilotos neste fim‑de‑semana, foi Miguel Vilares quem venceu em ambas corridas realizadas.