DA SIMPLES ALAVANCA DE MUDANÇAS À CAIXA AUTOMÁTICA MUITO SE PASSOU, DESDE OS TEMPOS IDOS EM QUE HOUVE AUTOMÓVEIS SEM TER SEQUER A MARCHA-ATRÁS.
Hoje parece difícil acreditar, mas trocar as mudanças de uma caixa de velocidades nem sempre foi um comando imprescindível num automóvel. De facto, nos anos de 1940, alguns modelos nem sequer dispunham de marcha-atrás!
Contudo, a história do automóvel demonstra que a evolução da caixa de velocidades, rumo a componentes cada vez mais sofisticados, traçou um caminho para uma condução progressivamente mais confortável.
O norte-americano Studebacker foi um dos percursores das mudanças ao volante, e a 'moda' cedo pegou entrou os fabricantes europeus
Começando pelos anos 50, por essa altura os condutores trocavam as mudanças de velocidades através de uma alavanca aplicada na coluna de direção. Isto acontecia em modelos em modelos com inspiração na indústria automóvel americana, tal como o Seat 1400, mas também em modelos muitos procurados em toda a Europa, como o Citroen 2CV, o sumptuoso DS e, mais tarde, o popular Renault 4L que teve uma vida longa - de 1961 a 1994.
Não era a solução mais confortável para o condutor, mas permitia instalar um banco corrido à frente capaz de levar três pessoas”, esclarece Isidre López, responsável pela coleção de Automóveis Clássicos Seat.
Da caixa de 4 à caixa de 5 marchas
E chegamos aos anos 60. Com o desenho simples de um chupa-chupa, a alavanca da caixa de velocidades já estava onde a encontramos hoje, entre os dois bancos dianteiros. No Seat 600 era simplesmente uma vareta com uma bola no topo, para a troca manual das quatro relações disponíveis. E para que o motor não fosse levado além do limite (de rotação), o velocímetro passava a incluir uma zona de barras vermelhas que assinalava a indicação da velocidade para troca de cada mudança.
Já nos anos 70, a crescente produção de modelos desportivos de estrada, faz com que na sua contínua evolução, a alavanca da caixa de velocidades se tornasse mais ergonómica, sendo acrescentadas mais velocidades para uma melhor resposta do motor na condução.
É o que acontece com o Seat 124 Sport 1600, o primeiro modelo da marca espanhola com cinco velocidades. Na versão sedan, a mais popular entre a classe média, a alavanca estava, pela primeira vez, diretamente ligada à caixa de velocidades, tornando a resposta do carro à troca de mudanças mais rápida e direta.
Da caixa de 6 à caixa automática DSG de dupla embraiagem
Os anos 80 assinalam uma década que na construção automóvel representa um avanço significativo na melhoria da ergonomia e do conforto. Alguns modelos passam a incluir a direção assistida, assim como novos materiais que tornaram a engrenagem de mudanças mais suaves. Neste sentido, o primeiro Seat Ibiza torna-se um ícone. A alavanca da caixa de velocidades fica mais refinada e numa estrutura sobrelevada para melhor se adaptar à mão do condutor.
Já com a entrada nos anos 90, a marca espanhola surge com o primeiro modelo com 6 velocidades, num período em que a caixa de velocidades automática ganha cada vez mais popularidade. Graças a ela, o condutor pode dizer adeus ao pedal da embraiagem, evitando que o motor “vá abaixo” ou que descaia no arranque nas subidas. Hoje, modelos como o Seat Tarraco contam com uma transmissão DSG de dupla embraiagem, combinando o conforto de um sistema automático com a agilidade de uma caixa manual.
No futuro, a alavanca da caixa ficará no álbum de recordações…
Com o lançamento das assistências de condução, os modelos atuais incluem agora inúmeros sistemas como o Cruise Control Adaptativo (também existente em motociclos com alta cilindrada), capaz de manter constante a velocidade ajustada, acelerando ou abrandando consoante o tráfego, sem ser necessária a intervenção do condutor. O sistema de Cruise Control não é novo, surgiu em meados dos anos 90 nos automóveis de turismo e motos da BMW, mas representou um passo importante para o que nos reserva certamente o futuro, onde a engrenagem de velocidades é feita por patilhas no volante, sem necessidade de deslocar a mão para a consola central…
Certamente, a célebre alavanca da caixa de velocidades, não passará no futuro de uma mera recordação, ganhando-se espaço no habitáculo para outras utilidades e adereços que vão agradar bastante mais às futuras gerações. Porém, acredito que a caixa manual… vai deixar saudades, sobretudo para quem gosta de sentir no corpo o ADN desportivo de um motor!