A POUCAS HORAS DO ARRANQUE DO RALLYE DE MONTE CARLO, O HEXACAMPEÃO DO MUNDO RESPONDE A ALGUMAS QUESTÕES SOBRE A SUA RELAÇÃO ESPECIAL COM O ‘MONTE’.
Qual é a sua Especial preferida?
S.O. - A maior parte das vezes gosto muito de Col du Perty – Col Saint Jean. Embora este ano não tenha a sua configuração habitual, o troço que acaba em Laborel, e que no ano passado foi disputado debaixo de chuva torrencial, deverá ser fantástico.
E qual a melhor recordação?
S.O. - É uma pergunta difícil porque tenho muitas e boas recordações. Mas acho que devo dizer que a melhor recordação foi a primeira vez que venci o rali, em 2018, porque foi a minha primeira grande vitória internacional.
E a pior?
S.O. - Isso terá sido em 2012, na categoria S2000. Estávamos no bom caminho para terminar em sexto à geral, com um desempenho excecional face aos WRC, mas talvez tenhamos forçado demasiado a coisa, dada a dimensão do acidente que nos colocou fora de prova.
Que ponto recomenda como mais espetacular para o público?
S.O. - Na Especial de St. Léger Les Mélèzes, perto do final é sempre bom, desde que o público fique nas zonas autorizadas e siga as instruções da organização. Há troços verdadeiramente rápidos e espetaculares porque, em geral, fazemos essa secção com pneus de neve com pregos, embora o piso esteja invariavelmente seco.
Que parte do rali prefere?
S.O. - Quando entramos no pódio final em frente ao Palácio do Principado do Mónaco! Monte-Carlo tem um ambiente muito especial por ser o primeiro rali do campeonato e, frequentemente, é tão duro que só o facto de chegar ao fim já é uma enorme satisfação. Portanto, quando conseguimos terminar, torna-se ainda mais especial. Dito isto, o que me dá mais prazer é o feeling no carro. Isto é especialmente verdade quando arrancamos para uma Especial sabendo que temos os pneus certos para dar o nosso melhor, o que nem sempre acontece.
Prefere os pisos molhados, húmidos, gelados ou cobertos de neve?
S.O. - O que eu gosto mesmo é de uma mistura de um pouco de tudo, com mudanças nos níveis de aderência em que temos de ajustar o nosso andamento, porque é assim que podemos realmente fazer a diferença.
OS SEGREDOS DA CITROËN
Pilotos da Citroën Racing no WRC, Sébastien Ogier e Julien Ingrassia fizeram a sua estreia no Monte-Carlo em 2009, então ao volante de um Peugeot 207 S2000 e quando o rali integrava o IRC. Foi uma exceção muito bem sucedida. Julien Ingrassia recorda…
“Nessa altura, fomos escolhidos pela BFGoodrich para participar na ronda ‘caseira’ do IRC. Tínhamos acabado de ser coroados Campões do Mundo de Ralis Júnior, mas estávamos ainda no início das nossas carreiras. Por isso, decidimos concentrar-nos na consistência antes de aumentar gradualmente o ritmo para chegar à nossa única vitória em troços desse fim de semana, nas estradas cobertas de neve da Especial Montauban sur l’Ouvèze – Eygalayes. Essa prestação colocou-nos no comando da prova à geral.
Tínhamos ultrapassado o Freddy Loix, num sentido literal, numa disputa acérrima, no início da subida para o Col Saint Jean, logo após a aldeia de Laborel, algo que não se vê com frequência nos ralis. Mas ainda tínhamos de vencer o famoso Col de Turini, a cumprir durante a noite. Ainda consigo visualizar a nossa reação quando, na escuridão de Lucéram, nos apercebemos que tínhamos acabado de obter a nossa primeira vitória internacional. Contudo, o meu trabalho como navegador ainda não tinha terminado, só mais tarde consegui saborear esse momento, pensando que, um ou dois anos antes, era um mero fã de ralis que ia com os amigos, dormir de noite no carro, para assistir a estes mesmos troços”.