Tem 400 cv e está 35 kg mais leve. A terceira geração do Audi TT é a versão mais radical de sempre. Chama-se TT RS , em versão coupé ou Roadster, e chega à arena como um touro enraivecido para enfrentar rivais tão audazes como o novo Porsche Cayman 718. É o mais recente desafio da marca dos quatro anéis!
Por Ricardo Ferreira; fotografia Construtor
Chega em Novembro a Portugal, a versão mais potente de sempre Audi TT, o segundo desta estirpe rara a ter uma versão RS desenvolvida pela Audi Sport. A divisão desportiva da marca alemã conseguiu colocar este apetecível coupé a pesar apenas 1440 kg na balança.
Na estética existem vários elementos que nos indicam que esta é uma versão única do TT. À frente, a nova e sobredimensionada grelha em favo de abelha com generosas tomadas de ar exibe o emblema TT RS, assim como o logo quattro na parte superior do spoiler… ou não fosse a tracção integral um dos argumentos inquestionáveis de Inglostadt.
A sua MOTORES não foi uma das convidadas para esta apresentação que decorreu em Barcelona mas, para que fique com uma ideia da marca que estamos a falar, asseguro aos incrédulos que já tive a oportunidade de conhecer a fábrica da Audi , na Alemanha – a sua dimensão é impressionante… do tamanho de uma grande cidade! Continuando, devo esclarecer que o Audi TT RS traz a asa traseira montada no topo da tampa da mala, sendo ainda notável a presença o difusor traseiro e as enormes ponteiras de escape.
PARA QUEM AMA A DIFERENÇA
Para os que preferem a diferença, saiba que o TT RS é o primeiro Audi de produção em série a poder montar farolins traseiros por OLED (LED orgânicos), de efeito tridimensional e capazes de oferecer uma luz muito homogénea, não influenciável pela incidência de luz exterior ou por sombras, dispensando, por isso, os habituais reflectores.
De série, o modelo propõe ópticas dianteiras e traseiras por LED, podendo estas últimas, igualmente em opção, ser de matriz de LED. O Cx é de 0,32.
No interior o condutor pode recostar-se nuns bancos desportivos com encostos de cabeça integrados que, no Roadster, e em opção podem ter aquecimento para a zona da cabeça e pescoço. Venha o Inverno… já! Passado às informações, o TT RS dá-as num painel de instrumentos digital configurável , com monitor de 12,3 polegadas que vem de série e que, como no novo R8, inclui um ecrã especial RS… ideal para que adora a performance desportiva.
Outra marca de diferença é o volante desportivo RS em pele, com patilhas de comandos da caixa e de dois comandos satélite: um opera a ignição (vermelho), o outro serve para selecionar os modos de condução oferecidos pelo sistema drive select. O volante integra dois comandos satélite: um para a ignição (vermelho), o outro para selecionar os modos de condução oferecidos pelo sistema drive select .
O TT RS oferece igualmente todas as mais evoluídas soluções de navegação e conectividade, e ainda a nova aplicação Audi Sport Performance App, a lançar muito brevemente, e que permitirá registar e comparar os tempos por volta, além de oferecer várias informações sobre o desempenho do veículo a cada momento, como o regime do motor, a mudança engrenada, o ângulo do volante ou as forças G.
Para os amantes dos ‘cabelos ao vento’ , o TT RS Roadster apresenta uma capota de lona que pode ser operada em andamento, até aos 50 km/h, demorando apenas 10 segundos a ser recolhida ou montada. Conta com uma subestrutura em magnésio, alumínio e aço que lhe permite pesar apenas 39 kg, ou seja, menos 3 kg do que no anterior modelo. Já a capacidade da bagageira é de 305 litros no Coupé, e de 280 litros no Roadster em versão cabriolet.
Velocidade máxima eletronicamente limitada a 250 km/h (280 km/h em opção
Audi TT RS Roadster e Coupé
HISTÓRICO PENTACILÍNDRICO
Sendo o motor um dos maiores trunfos do rejuvenescido Audi TT RS, em Inglostadt aplicaram nele todo o ADN da Audi Sport. A marca define-o por desportividade, individualidade e paixão. As coisas começam no motor de cinco cilindros em linha, arquitectura com invejáveis pergaminhos na Audi: estreada em 1976 no Audi 100 CD SE, também serviu de base ao Audi 90 que brilhou nos EUA, no campeonato IMSA-GTO (numa versão com 720 cv!), assim como no inesquecível Audi Sport quattro de grupo B de ralis.
A meio da década de 1990 o pentacilíndrico foi sendo, progressivamente, substituído por unidades V6 na gama da Audi, mas regressou em força em 2009 no primeiro TT RS, com turbocompressor e injecção directa – tendo sido, inclusivamente, eleito por 10 anos consecutivos (2010-2016) como “Motor Internacional do Ano”. Agora, abre-se um novo capítulo na sua história, já que o novo TT RS estreia uma unidade totalmente nova.
A cilindrada unitária é a mesma do seu antecessor, tem segundo o engenheiro responsável 95% de peças novas e face ao anterior motor do TT RS, a nova unidade pesa menos 26 kg.
A sua base é a mesma do novo motor de quatro cilindros Audi, um 2,0 litros de injecção directa, ao qual, se pode afirmar que foi adicionado um quinto cilindro, o qual aumentou a sua capacidade para 2.480 cc (o diâmetro de 82,5 mm e o curso de 92,8 mm são, naturalmente, os mesmos nos dois motores). O sistema de injecção dupla (directa e indirecta) é o mesmo do Audi S3, mas, pela primeira vez num motor de cilindros em linha, efectua injecções simultâneas, a alto regime ou em cargas mais elevadas, para um melhor desempenho.
Trata-se de um motor mais compacto (menos de 50 cm de comprimento), um cinco cilindros que aposta forte na redução do peso e dos atritos internos. Por exemplo, na fase de aquecimento, a bomba de água impede que esta circule pelo circuito de refrigeração da cabeça do motor, para que mais rapidamente se atinja a sua temperatura ideal de funcionamento, o que permite reduzir consumos e emissões de poluentes, e, também, o coeficiente de fricção.
Motor de 5 cilindros, 2.5 litros com turbocompressor: 400 cv e 480 Nm de binário máximo
Para o esclarecer do que dele se pode extrair, devo referir que o novo pentacilíndrico conta com o sistema de distribuição variável sobre a admissão e o escape Audi valvelift system, e o novo turbocompressor com 1,3 bar de pressão máxima de sobrealimentação.
É com tudo isto que dele se pode retirar um rendimento que dificilmente deixará alguém indiferente: 400 cv disponíveis entre as 5.850 rpm e as 7.000 rpm, e um binário máximo de 480 Nm constante entre as 1.700 rpm e as 5.850 rpm! Ou seja, estamos a falar do dobro da potência oferecida pelo Audi quattro de 1980, mais 60 cv do que no anterior Audi TT RS, e mais 40 cv do que no TT RS Plus da geração anterior.
O novo Audi TT RS cumpre os 0-100 km/h em 3,7 segundos (3,9 segundos na versão Roadster), estando a velocidade máxima electronicamente limitada a 250 km/h (280 km/h em opção). Sendo o consumo combinado de 8,2 l/100 km (8,3 l/100 km no Roadster) inferior até, em 0,3 l/100 km, ao anunciado pelo modelo da geração anterior.
HIGH-TECH DE CIMA A BAIXO
Com uma bomba de gasolina de alta pressão de maior débito (a opção por duas está posta de parte, por questões de espaço) e um turbocompressor de maior capacidade, facilmente este 2,5 litros pode ultrapassar a zona de rendimento original. Outro detalhe, não menos importante para quem ama a diferença é a sequência de ignição do motor (1-2-4-5-3) que cria um ritmo muito próprio, naturalmente transposto para a sonoridade… que a Audi amplificou para tornar a condução ainda mais emocionante!
Para assegurar a transmissão da potência às rodas, o novo TT RS tem como única opção a caixa pilotada S tronic de dupla embraiagem e sete velocidades, com função launch control, para arranques com a máxima eficácia. Para a activar, basta colocar o controlo de estabilidade nos modos ESP ou Off, pressionar simultaneamente o acelerador e o travão e, em seguida, libertar este último. A aceleração longitudinal chega a ser de 1,1 G nas melhores condições de aceleração, o equivalente a uma travagem a fundo com ABS.
Também de série é o sistema de tracção integral permanente quattro, em que uma embraiagem multidisco electro-hidráulica, montada em bloco com o diferencial traseiro, assegura a repartição do binário pelos dois eixos, estando apta a enviar até 2.000 Nm para as rodas posteriores.
Novidade, o facto de, pela primeira vez, o sistema quattro ver o seu funcionamento modificado por via do modo de condução seleccionado através do Audi drive select (estão disponíveis os habituais Comfort, Auto, Dynamic e Individual, que também actuam sobre o mapeamento do motor, a resposta da caixa, a assistência da direcção e as borboletas do escape), enviando binário para o eixo traseiro mais cedo, e em maior quantidade, sempre que está seleccionado o modo Dynamic.
Ainda no que ao chassis diz respeito, o novo TT RS conta com discos de travão dianteiros perfurados e ventilados, com 370 mm de diâmetro, actuados por pinças de oito pistões (em opção, estão disponíveis discos carbocerâmicos, mais potentes e que reduzem o peso não suspenso em 13 kg). Atrás, os discos são monobloco de 310 mm.
As jantes são de 19”, revestidas por pneus de medida 245/35, estando opcionalmente disponíveis jantes forjadas de 20” com pneus 255/30. A suspensão em alumínio, com triângulos inferiores na frente, e quatro braços de ligação atrás, foi rebaixada 10 mm face à do TT “normal”, podendo dispor, em opção, de amortecimento adaptativo magnetic ride. Já a direcção de assistência electromecânica variável conta com uma afinação RS específica, que a torna mais direta.