Não é, certamente nada fácil, refazer um conceito com duas dezenas de anos para os dias de hoje. No entanto, a Renault consegui uma atualização muito próxima da perfeição nos novos Scénic e Grand Scénic, ainda que as semelhanças com os SUV da nouvelle vague sejam substanciais.Mas esse é o risco que corre qualquer fabricante na atualidade.
Por Ricardo Ferreira
Os principais designers de todo o mundo, parecem emocionalmente virados para duas das mais recentes orientações do mundo automóvel: os novos concept elétricos e os espaçoso SUV. E esta nova realidade, acaba por influenciar os mais variados segmentos, desde os desportivos aos todo-terreno. A Renault foi pioneira no conceito do monovolume compacto e, já se passaram 20 anos desde que o modelo Scénic acolheu o galardão de "Carro do Ano 1997". Cinco milhões de unidades mais tarde, com a quarta geração, a marca francesa reinventa o conceito no segmento. Os novos Scénic e Grand Scénic rompem com as linhas das gerações anteriores, apostam na sedução ao nível do design e mantém os argumentos que fizeram eclodir o sucesso no Scénic: modularidade, espaço e ergonomia, aliados a um reconhecido prazer de vida a bordo.
ROMPER COM O PASSADO
O conceito desta nova geração, contrasta em primeiro lugar no desenho com as anteriores gerações. “Com o Novo SCENIC optámos pela rutura. Este é um monovolume mais moderno, mais sedutor, sem abdicar da modularidade que, há 20 anos, está na base do sucesso das três primeiras gerações. Procurámos proporções novas, com rodas grandes”, explica Laurens van den Acker, Diretor do Design Industrial da Renault, confessando a inspiração no concept-car RSpace.
Existe na verdade uma reinvenção do estilo e das proporções. Quer se trate da versão curta ou longa, o novo monovolume apresenta uma silhueta que ganha em largura (+20 mm do que o Scénic 3), na distância ao solo (+40 mm), na distância entre eixos e na largura das vias à frente e atrás. É portanto um carro diferente. E não lhe faltam atrativos. O para-brisas panorâmico com uma inclinação mais acentuada melhora a visibilidade lateral, o teto panorâmico de vidro fixo (opcional) acrescenta luz ao interior nos dias escuros e tem uma carroçaria bicolor bastante mais alegre que o seu antecessor.
Nem nas luzes lhe faltam preciosismos, trazendo de série faróis em forma de C à frente e efeito 3D - graças à tecnologia Edge light – atrás. As luzes traseiras posicionam-se na horizontal, ao contrário das da versão longa que acendem na vertical.
E não faltam outros ‘mimos’, como as barras de tejadilho em alumínio na sua versão longa (Grand Scénic), as rodas de 20 polegadas - 195/55R20 - que representam uma estreia absoluta no segmento (em todas as versões do novo Scénic).
As novas rodas são uma importante alteração, não só para o conforto dos passageiros como para a própria segurança. Todos os testes de contorno de obstáculos (VDA, ADAC, GLENNING e ISO) foram realizados com sucesso, com e sem sistema ESP (Electronic Stability Control - Controlo eletrónico de estabilidade). Ainda segundo a Renault, o Scénic está mais eficiente do que a 3.ª geração do Scénic na distância de travagem. À velocidade de 100 km /h e 130 km /h em piso seco, proporciona uma distância de travagem 3% e 5 % mais curta que a do Scénic 3. Em piso molhado, a 80 km /h, a distância de travagem é reduzida em 5 %
Grand Scénic Energy dCi 110 / Caixa automática EDC de dupla embraiagem e 7 velocidades + Hybrid Assis
Grand Scénic Energy dCi 130 / Caixa manual de 6 velocidades
Grand Scénic Energy dCi 160 EDC / Caixa automática EDC de dupla embraiagem e 6 velocidade.
Um único tamanho de roda para toda a gama, permite uma regulação de chassis perfeitamente adaptada para assegurar, simultaneamente, o máximo conforto e um comportamento em estrada irrepreensível. Os engenheiros da Renault, em cooperação com os fabricantes de pneus, trabalharam na eficácia do pneu e na ligação ao solo (trens, amortecedores dianteiros e traseiros) com amortecedores de tecnologia MTV (multiválvulas).
O INTERIOR
Modularidade, volume da bagageira e espaço de arrumação recorde foram características trabalhadas no revisto monovolume francês. A funcionalidade One Touch Folding é um exclusivo deste modelo e permite, com um só gesto, rebater os bancos traseiros para obter um piso plano. O novo Scénic é o único modelo do segmento em que este comando pode ser acionado a partir de dois locais diferentes: da bagageira ou através do sistema R-LINK 2.
O Scénic 4 é também o único automóvel do segmento a propor uma consola central corrediça e de grande volume (13 litros), quatro vezes maior que o volume proposto pela concorrência.
À frente, a consola oferece um espaço de arrumação iluminado e fechado, com apoio de braço integrado, que inclui 2 entradas USB e uma entrada jack. Na traseira está disponível uma tomada de 12 volts, 2 entradas USB e uma entrada jack, bem como um compartimento de arrumação dedicado. Em posição avançada, a consola é um precioso local de arrumação à disposição do condutor e do passageiro e, quando totalmente recuada, faz a separação dos bancos traseiros, o que pode ser muito prático, especialmente com crianças!
Um recorde no segmento é o volume da bagageira que atinge 506 dm3 VDA (572 litros); 469 dm3 é a média da concorrência. Ainda em termos de espaço, a versão 7 lugares do Grand Scénic, uma vez colocada na configuração de 5 lugares passa a oferecer 533 dm3 VDA (596 litros) de espaço de carga, o que lhe permite ocupar a 2.ª posição do segmento.
ASSISTÊNCIA À CONDUÇÃO
As versões Scénic e Grand Scénic integram ainda três novos sistemas que são hoje fundamentais para uma boa performance no NCAP. São eles o sistema de travagem de emergência ativa com deteção de peões (Active Emergency Braking System/AEBS) que vem de série. Ativo entre os 7 e os 60 km/h, este sistema analisa o ambiente em volta do automóvel, deteta os peões quer estejam parados ou em movimento e, neste caso, calcula a trajetória que poderão tomar - alerta o condutor se houver risco de colisão com o peão.
O sistema de travagem é acionado automaticamente até à paragem completa do automóvel em caso de colisão iminente com um peão. Isto se os alertas dirigidos ao condutor não forem suficientes e não houver qualquer reação da sua parte! Além disto existem os sistemas de assistência na transposição involuntária de faixa (Lane Keeping Assist / LKA), ativo entre 70 e 160 km/h - se inadvertidamente, o condutor se desviar demasiado o carro retoma automaticamente a sua trajetória, assim como o alerta de deteção de fadiga (Tiredness Detection Warning / TDW) importantíssimo em trajetos demorados.
MOTORES DIESEL
O novo monovolume francês propõe 3 motores Diesel com potências diferenciadas, associadas tanto a uma caixa manual de 6 velocidades, como a caixas automáticas EDC de dupla embraiagem de 6 ou 7 velocidades. Para além da unidade base, Energy dCi 110 com caixa automática EDC de dupla embraiagem e 7 velocidades, destacam-se estes dois motores. O mais poderoso motor Diesel Energy dCi 160 que com uma tecnologia Twin Turbo consegue desenvolver 160 cavalos. A transmissão é automática (EDC de dupla embraiagem e 6 relações) e a relação potência/consumo, uma condução dinâmica, fluída e particularmente eficaz, são fatores que potenciam a escolha deste motor. A unidade Diesel Energy dCi 130 é indicada como a ideal em termos de eficácia no quotidiano com os seus 130 cv e caixa manual de 6 velocidades.
HYBRID ASSIST
O novo Scénic inova ao propor uma tecnologia de eletrificação, denominada Hybrid Assist, que combina um motor elétrico com o motor Diesel dCi 110 que está associado a uma caixa manual de 6 velocidades. O funcionamento deste motor elétrico, essencial não só para os baixos como para a redução das emissões de CO2, conta com muita tecnologia desenvolvida no elétrico ZOE e também está presente na nova berlina Megane Sport Tourer.
O motor elétrico, alimentado por uma bateria de 48 volts, auxilia o motor de combustão a reduzir os consumos e as emissões de CO2, mantendo todo o conforto de condução e a reatividade do motor. Nas fases de desaceleração, o componente elétrico atua como um gerador de corrente que recupera a energia para a rede de bordo e para a bateria dedicada. Nas fases de aceleração torna-se um motor elétrico de 10 kW que auxilia o motor de combustão. Esta tecnologia permite ainda oferecer um binário suplementar, que pode chegar aos 15 Nm em determinados intervalos de utilização.
O Hybrid Assist permite baixar os consumos e as emissões de CO2 entre 8 e 10% relativamente ao motor dCi 110 convencional. Assim, se compararmos o novo Scénic 4 com a atual versão equipada com o motor Diesel equivalente, o consumo passa de 3,9 para 3,5 litros aos 100 km e as emissões de CO2 diminuem de 100 para 92 gramas. O Hybrid Assist é simples porque o sistema é autónomo; não há qualquer tomada para recarregar a bateria e não precisa de manutenção.