Marc Marquez tomou de forma inesperada o título de Campeão do Mundo de 2016 em Motegi, o que se tornou matematicamente possível com as quedas das duas Yamaha oficiais.
Esta madrugada, primeiro Rossi, e mais tarde Lorenzo - a cinco voltas do final - colocaram via aberta para o terceiro titulo do piloto de Cervera na classe rainha de MotoGP.
Por Ricardo Ferreira
O piloto espanhol chegou à ilha de Honshu com 52 pontos de margem para Valentino Rossi, que ao não somar qualquer pontos em Assen e Mugello chegou à ronda asiática cada vez mais longe da coroa mundial. Na equipa Movistar Yamaha, a expetativa era ver os seus dois pilotos no pódio, mas as coisas viraram-se ao contrário. Rossi perdeu a frente e caiu na sexta volta e abandonou, Lorenzo resistiu atrás de Marquez mas também não evitou um tombo a cinco voltas do final, ‘oferecendo’ assim o título ao seu compatriota. Informado da situação, o ‘93’ seguiu firme nas últimas voltas em Motegi até receber a bandeirada com 2s992 de vantagem sobre Andrea Dovizioso, impecável com a Ducati e acompanhado no pódio por Maverick Viñales que venceu a disputa com Aleix Espargaró entre as Suzuki.
"Não esperava aqui o título, mas hoje tive um pouco de sorte!" Começou por referir um radiante Marquez antes da subida ao pódio. “Estou muito feliz, até porque o Valentino e Lorenzo estão muito fortes este ano. Depois de todos os erros cometidos no ano passado foi importante vencer este ano”, referiu o tricampeão espanhol de MotoGP que completou 24 anos em 2016.
Valentino Rossi:
“É realmente frustrante o que aconteceu hoje, até porque estava muito forte e tinha um bom ritmo de corrida. Percebi que poderia puxar um pouco mais e aproximar-me do Marquez, mas infelizmente perdi a frente e cai. Foi um erro”, reconheceu o sete vezes campeão do mundo de MotoGP. “Agora restam-me três corridas onde me vou bater pelo segundo lugar com Lorenzo.”
Na corrida deste fim-de-semana, para além de Hiroshi Aoyama que substituiu o lesionado Dani Pedrosa, registou-se a estreia de Mike Jones (22 anos, Australiano), campeão de SBK em 2015 na sua terra natal e que integrou a moto nº7 da Avintia Racing.
A CORRIDA
A terceira pole de Valentino Rossi tinha sido conquistada no dia anterior — a primeira fora da Europa desde o GP da Malásia de 2009. Em sua primeira chance de fechar a conta da temporada, Marc Márquez tinha o segundo posto, à frente de Jorge Lorenzo, que ainda sofre com as dores resultantes de um forte tombo no terceiro treino livre.
No instante em que as luzes se apagaram na reta do circuito construído pela Honda, os 52.216 espectadores viram Lorenzo sair bem e assumir a frente da corrida, com Márquez a passar Rossi pouco depois. Aleix vinha em quarto, à frente de Crutchlow, Dovizioso, Viñales, Pol, Petrucci e Barberá. Rodando em um ritmo fortíssimo, Lorenzo abriu 0s379 de margem para Márquez, que tinha Rossi pertinho atrás. Aleix era agora escoltado por Dovizioso. A volta seguinte serviu para ver Rossi a tirar o primeiro lugar a Márquez, mas depressa este retomou o primeiro lugar.
Foi depois a vez de Lorenzo tomar o primeiro lugar mas Márquez apertou o ritmo e começou a reduzir a vantagem do maiorquino, com Rossi a manter-se no grupo dos primeiros.
Na 3ª volta, a diferença entre Lorenzo e Márquez era de 0s199, com Rossi próximo, mas na curva nove o piloto da Honda atacou Lorenzo por dentro e assumiu a liderança, afastando-se do ‘99’ da Yamaha e deixando-o a defender-se de Rossi, que vinha 0s173 atrás. Aleix Espagaró começava a perder o contato com os primeiros.
É nesta altura que Márquez aumenta consideravelmente o ritmo e estabelece a melhor volta da corrida até então (1m45.577s). Rossi vinha 0s2 atrás de Lorenzo e percebeu que era a altura de não perder contato com Márquez.
À 6ª volta Rossi ultrapassara Lorenzo, e em manobra de aproximação a Márquez não evitou uma queda na curva dez. O Doctor ficou com a perna esquerda presa em baixo da moto, os fiscais logo vem ajudar, mas já era tarde demais para conseguir qualquer bom resultado – seguindo direto para os boxes da Yamaha e abandonando a corrida. Foi a quarta vez que o italiano não completou uma prova esta temporada — três por queda, e uma por quebra de motor.
A 16 voltas da bandeira de xadrez, Márquez tinha 2.081s de margem para Lorenzo, que já tinha Andrea Dovizioso (Ducati) a 1.5s da sua Yamaha. Com Rossi fora de combate, cabia a Lorenzo a missão de, pelo menos, adiar a conquista do tricampeonato de Márquez. Lorenzo, começou então a reagir aos avanços de Dovizioso e voltou a colocar 1s de diferença entre ambos. No entanto, andando com bom ritmo durante todo o fim de semana, Dovizioso insistiu em pressionar o maiorquino, voltando a anular a vantagem de Lorenzo.
A 7 voltas do final, mais atrás, Maverick Viñales aproximava-se de Aleix, iniciando uma disputa pela quarta posição. Dovizioso tinha colocado em apenas 0.481s o seu atraso para Lorenzo, contudo, este acabaria por ir ao tapet. A sua queda na 19ª volta deu automaticamente o título para Marc Márquez. E este conseguiu ter a tranquilidade necessária para chegar ao final e garantir o seu quinto triunfo em 2016 e o título mais ambicionado no motociclismo.
O TRICAMPEONATO COM A HONDA
Marc Marquez garantiu pela primeira vez o título da classe MotoGP em 2013, no seu ano de estreia na categoria rainha, correndo para a equipe de fábrica da Honda. Em 2014, voltou a ganhar o campeonato com o Team Repsol Honda, perdendo-o no ano seguinte (2015) para Jorge Lorenzo. Este ano somou o terceiro título na classe rainha, perfazendo cinco títulos no total somando os anos de 2010 (Derbi Red Bull Ajo) em GP 125 e de 2012 (Suter Team Catalunha) na Moto2.
Marc Marquez:
"É incrível. Antes da corrida eu não esperava ser campeão, e disse que aqui seria impossível. No entanto, quando vi que Rossi estava fora da corrida, eu decidi dar o máximo pela vitória.
Quando faltavam 3 voltas para o final, li no painel do pit-lane que Lorenzo tinha abandonado e, nessa volta eu cometi vários erros em 4 ou 5 curvas, porque era difícil manter a concentração. Estou muito feliz porque este título é muito especial, depois do que aconteceu o ano passado, mas também porque o consegui em Motegi, na casa da Honda.
É ótimo para a minha equipa e, é claro, não quero esquecer a minha avó, que faleceu este ano e ficaria muito feliz com este Campeonato do Mundo."
Yoshishige Nomura, presidente do HRC:
"As mudanças no regulamento representaram um grande desafio para o Marc e a equipa este ano. Ter vencido esta época, é o culminar de muito talento, e de muito trabalho.
Estou grato pelo trabalho duro da equipa e agradeço todo o apoio que tivemos de nossos patrocinadores, e dos nossos fãs em todo o mundo."
RESULTADOS
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1º Marc MARQUEZ / Repsol Honda Team 42'34.610
2º Andrea DOVIZIOSO / Ducati Team +2.992
3º Maverick VIÑALES / Team Suzuki Ecstar +4.104
4º Aleix ESPARGARO / Team Suzuki Ecstar+4.726
5º Cal CRUTCHLOW / LCR Honda +15.049
CAMPEONATO
1º Marc MARQUEZ (Honda) ESP 273 pontos
2º Valentino ROSSI (Yamaha) ITA 196
3º Jorge LORENZO (Yamaha) ESP 182
4º Maverick VIÑALES (Suzuki) ESP 165
5º Dani PEDROSA (Honda) ESP 155
6º Andrea DOVIZIOSODucati ITA 124
7º Cal CRUTCHLOW (Honda) GBR 116
8º Pol ESPARGARO (Yamaha) ESP 106
9º Andrea IANNONE /Ducati) ITA 96
10º Hector BARBERA (Ducati) ESP 84