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Quem não gostaria de ter um ‘amigo’ elétrico como este? Pensado e feito para a cidade, com autonomia suficiente para não nos deixar ‘pendurados’ em lado algum.
Únicos contra, a bagageira mais pequena e a demora no carregamento das baterias, o que não impede de viver um dia perfeito na sua companhia.
Num automóvel elétrico, ou mesmo numa moto elétrica nem tudo são rosas. Pode-nos fazer escorrer ‘suores frios’ ao ver o indicador de carga a baixar de nível rapidamente (bolas, ainda por cima deixei o passe dos transportes lá em casa!!!), ficarmos parados longe de um dos escassos pontos de carregamento, etc., etc. Por experiência própria, com uma scooter elétrica – vinda diretamente da China – lembro-me de ficar aflito a subir o Monsanto ou junto ao El Corte Inglês devido à pouca força do dito veículo mas, por outro lado, também me lembro de levar de carro um tremendo ‘bigode’ de um Nissan eléctrico a sair de um semáforo. Mas, hoje, esses problemas ficam cada vez mais para trás e, talvez um dia essas histórias sirvam para soltar enormes risadas aos netos… quem sabe!
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THE FRENCH CONNECTION…
Nove anos depois, o Smart Fortwo elétrico chega à quarta geração e agora sobre uma nova plataforma, desenvolvida pela Renault. Bom, qualquer dia basta dobrar uma esquina ou abrir as persianas de casa, para olhar em frente e descobrirmos que a Invasão Francesa já não é coisa dos nossos antepassados… É real!
No rejuvenescido Smart Fortwo Electric Drive, uma parceria franco-germânica parece cada vez mais séria, tendo em conta que até o símbolo da marca gaulesa vem gravado no bloco do motor... E esta "invulgaridade" num produto associado à Mercedes-Benz, contempla outro pormenor curioso. As baterias do Smart, são produzidas pela própria Mercedes que investiu mil milhões de euros e vai gastar mais 500 milhões para alargar a fábrica que esta a produzir a alimentação para todos os automóveis elétricos com o símbolo da estrela de três pontas - e, muito provavelmente, não apenas estes... É o primeiro construtor a dar este passo!
Muito de novo, portanto, na aposta da quarta geração daquele que, por excelência, parece, no momento atual, o mais lógico dos automóveis elétricos, mas nem por isso é o mais vendido. E aí está a Mercedes a antecipar 2050, o ano das emissões zero na perspetiva alemã.
As capacidades do Smart mantêm-se e enquanto citadino elétrico resultam em ganhos significativos. Senão vejamos. Não apenas as baterias - com as mesmas dimensões - continuam a baixar o centro de gravidade e com isso a favorecer o comportamento, mas também os resultados nas performance e consumos (12,9 kW/100 km) são melhores e a autonomia, estende-se agora aos 160 km. Bom, nada mau, dá para ir almoçar a casa, carrega-lo, voltar para o trabalho e ainda dar um saltinho ao cinema, jantar fora e chegar a casa para recarregar os neurónios.
Óbvio que os números que acima refiro são fornecidos pelo fabricante com algum otimismo, até porque resultam de um primeiro contacto, pelas ruas e vias rápidas de Los Angeles - respeitando os limites de velocidade norte-americanos! – alimentando-me a ideia de que pode não ser muito difícil rodar a 120 km/h com uma única carga de bateria e a ajuda de um sistema inteligente de recuperação de energia em cada momento de travagem. No entanto, é um resultado agradável e a considerar para quem pretenda usar o Smart no quotidiano - para o qual ele foi concebido e utilizado por cerca de dois milhões de pessoas.
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ARE YOU READY FOR ELECTRIC?
A bateria, revestida a aço - os especialistas da Mercedes entendem que apostar no alumínio não compensa - pesa agora 160 kg (-20) e é constituída por três módulos iguais que somam 96 células. A capacidade passou a 17,6 kWh e tem uma garantia de 8 anos ou 100 mil quilómetros. O motor trifásico, síncrono e com uma velocidade, debita 81 cv e 160 Nm de binário, suficiente para uma condução divertida, o que pode avaliar-se pelos 4,9 segundos necessários para acelerar dos 0 aos 60 km/h (11,5 s nos 0-100). Nos semáforos é um tiro e como a este despacho corresponde a maneabilidade reconhecida, aí está o carro divertido e ideal para um dia perfeito.
No que respeita ao carregamento, ligado a uma vulgar ficha de parede, o Smart repõe 80 por cento da carga em 6 horas. No caso de haver uma wallbox bastam 3,30 horas. Mas é possível chegar aos 45 minutos dotando o Smart de um carregador mais potente (opcional em 2017) e capaz de explorar o máximo dos 220 volts europeus. Paga-se, é claro. E quanto a preço, para já sabe-se que, na Alemanha, este Smart pode custar qualquer coisa como 18 mil euros quando estiverem em vigor os incentivos a estes automóveis. Sem eles, o preço é de 21 940 euros.
Os preços para Portugal, onde o lançamento está aprazado para abril, ainda não foram negociados, mas estima-se que o Fortwo tenha um preço na casa dos 25 mil euros e o Forfour mais dois mil euros. O Cabrio será comercializado mais tarde.
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VERDE ‘ECO DRIVE’
A inscrição Electric Drive na frente dos retrovisores verdes (opional) podem identificar oSmart elétrico. Um indicador de carga e consumo de energia redondo, montado à esquerda do tablier (também opcional) e a informação própria destes automóveis no painel de instrumentos, são outras diferenças. No restante é quase igual e só falta dizer que tem uma bagageira ligeiramente mais pequena.
Uma App permite ter acesso a toda a informação e programar a climatização até aos 21 graus. As preocupações neste domínio, chegam aos bancos e ao volante aquecido. A questão de sempre, quanto dura uma bateria, continua com uma resposta vaga, 10 ou 12 anos, se a tanto chegar a vida útil do carro. Significativa é a preocupação da Mercedes com a sua reutilização, na certeza de que não poderão voltar aos automóveis. Mas existem uma série de planos, várias alternativas e projetos em andamento, neste novo Smart da geração French Connection.
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Ficha técnica
Motor: trifásico, síncrono (traseiro)
Bateria: iões de lítio, 17,6 kWh
Potência: 81 cv
Binário máximo: 160 Nm
Transmissão: velocidade única
Aceleração 0-100: 11,5 s (4,9 s nos 0-60)
Velocidade máxima: 130 km/h (limitada)
Consumo: 12,9 kW/100 km
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