ESPECIAL SCOOTER | Esta ‘espécie’ é fértil em propostas, é viva de cores e tem forte vocação urbana. Falamos da scooter, uma alternativa muito válida para o quotidiano, que se consegue com um pequeno investimento inicial e nos vai fazer ganhar tempo em muitas horas.
Afinal, 'Time is money’, a máxima de Benjamin Franklin em 1748.
Ricardo Ferreira (texto) e Alexandre Barbosa (fotos)
Começando pelo princípio. Em primeiro lugar evite tomar uma decisão precipitada. Pense no uso que pretende dar ao futuro veículo, o trajeto que diariamente utiliza, o tempo que gasta a percorrê-lo, se vai transportar mais alguém e, por último, se também lhe quer dar uso ao fim-de-semana. Depois desta análise, veja então qual o modelo que mais se adapta à sua conveniência.
Avançando para o fundamento da scooter, estamos a falar de um veículo por natureza polivalente, com espaço para arrumação e extremamente simples de dirigir, e assim se qualquer uma destas características faltar no modelo que encontrou, parta para outra opção.
Falando em termos de capacidade, a scooter de 125cc é normalmente a mais requisitada, não só porque pode ser dirigida a partir dos 16 anos de idade (A1) com autorização parental, mas também porque com a sua carta de ligeiros automóvel (B) fica automaticamente habilitrado para a conduzir. O limite legal de potência desta cilindrada são 11 kW (15 cv) desde a introdução da lei de 2009, donde deve concluir que é a cilindrada ideal para empregar num uso circunscrito, urbano e periférico com uma enorme economia de custos.
A sua escolha pode ainda recair num modelo acima de 125 cc, mas para isso deve possuir um escalão de carta superior, a A2 introduzida em Janeiro de 2013 que permite conduzir veículos de potência máxima de 35 kW, a partir dos 18 anos de idade.
UTILITÁRIAS E PRÁTICAS
Começando nas scooters Utilitárias presentes no mercado, estas são muito práticas e acessiveis, na sua maioria de origem asiática, mas também com algumas propostas europeias e japonesas com tecnologia e acabamentos melhor elaborados. Devido ao seu baixo custo de aquisição, estas scooters são normalmente campeãs de vendas. As opções mais acessíveis vêm equipadas com motores, na sua maioria com cabeças de 2 válvulas, arrefecidos por ar e alimentados por carburador que raramente ultrapassam os 10 Cv de potência. A Keeway Target 125 (1295 €) e a Kymco Agility City 125 (1899 €) são dois bons exemplos de oferta económica, a par de outras propostas oriundas do lado japonês e com mais atributos. A Honda PCX 125 (2750 €) com rodas de 14 polegadas, luzes LED e um evoluído motor de injeção eletrónica, com 11,5 Cv e sistema de Start & Go, rapidamente ganhou uma posição de liderança no mercado, em grande parte, devido à excelente relação preço/qualidade que proporciona. Recentemente, aprumou-se nas linhas e espaço oferecido mas uma nova concorrente surgiu.
A Yamaha NMax (2945 €), com uma carenagem compacta e dinâmica, inspirada nos modelos desportivos da marca, espaçosa e com rodas de 13 polegadas combina bem o seu perfil com aspetos práticos do dia-a-dia. O motor de 4 tempos, com refrigeração liquida e 4 válvulas é a primeira unidade do fabricante com o novo sistema de válvulas de actuação variável (VVA), que permite uma forte e linear aceleração, especialmente a baixos e médios regimes. No preço de compra, as propostas asiáticas batem fortemente as japonesas, embora na manutenção e nos consumos anunciados as propostas da Honda e Yamaha ganhem pontos. Os 2.2 litros/100 km asseguram um quotidiano mais aliviado!
SPORT / GT E OUTRAS
Com perfil de recorte desportivo, ascrescido conforto e algumas ‘intenções´ ao nível das performances, entramos aqui no designado campo da Maxi-scooter. Desde a mais acessível Goes 125 Max (a rondar os 2000 €) às Keeway Silverblade 125, Kymco Downtown 125i e terminando nos modelos mais ricos de tecnologia e com cilindradas de 125 a 400 cc de cilindrada - como a conhecida Yamaha X-Max 125 (4395 €), a nova Honda Forza 125 (4590 €), a Suzuki Burgman 125 (3999 €) e Piaggio X10 125 (5964 €) – quase nada lhes falta.
Seguir as formas e estética de outras épocas é o que procura uma scooter de perfil Retro como a Vespa PX e LML Star, ambas com chassis em chapa e caixa manual como nos anos 70 e 80. A Vespa Primavera e Sprint também têm linha que não passam de moda, assim como a Peugeot Django 125. Scooters de três rodas ou de roda alta como a Honda SH Mode, Piaggio Liberty e Yamaha X-enter são outras opções a ter em conta. Mas a decisão final é sua.
HONDA FORZA 125i
Força de precisão
A scooter da Honda está extremamente bem desenhada e oferece um conforto e qualidade acima da média. A iluminação do farol dianteiro é feita por “LED’s”, tipo xénon. Ao acionar um simples botão, abre-se o banco e vislumbramos uma bagageira XXL, com espaço para dois capacetes integrais e com uma útil luz de cortesia. A posição da condução é verticalmente correta e o ‘pendura’ conta com bons apoios para as mãos.
Ao iniciar o teste com a Forza 125, fiquei sempre com vontade de ir mais longe, porque o prazer de condução é enorme! Consegue uma velocidade cruzeiro de 100km/h e, quando embalada chega sem esforço a passar dos 120km/h, o que é otimo numa 125cc. Com pendura, torna-se um pouco mais lenta mas assegura um andamento aceitável.
O seu motor de injeção com 14 Cv é uma mais-valia. Arranca bem e ajuda a Forza a ser ágil no trânsito e curvar com qualidade e precisão. O seu travar é progressivo e bastante potente e ainda dispõe do sistema ABS que ajuda muito em dias de chuva e situações inesperadas. O vidro frontal tem três posições de altura para nos defendermos do vento, contando com um útil descanso central. Em piso irregular, as jantes altas com pneus largos da Michelin Pilot resolvem o ‘problema’ em sintonia com as suspensões.
Em relação ao painel de instrumentos, não falta mesmo nada! Está lá tudo… conta-quilómetros, conta-rotações, indicador de gasolina, temperatura, quatro piscas, run-stop e relógio. O sistema Stop&go facilita os consumos. O preço da Forza é alto mas acaba por ser um bom investimento para a vida.
+ Conforto, Condução, Equipamento
- Recuperações do motor
VESPA SPRINT 125 i.e.
Bombom de sensações
A Vespa tem um estatuto próprio e conquista corações há mais de 60 anos. Não me levem a mal, mas gosto de a comparar com o queijo da Serra ou com o vinho do Porto… Podemos melhorá-la, mas nunca alterar a sua essência! É essa a fórmula do seu sucesso. A Sprint 125 é sempre enérgica na cidade e até em autoestrada, atingindo os 100km/hora rapidamente. É um bombom! No que diz respeito à estética é moderna, tem linhas fluídas e cheias de charme, com os bons acabamentos habituais.
Destaco o porta-luvas à frente, que para além de espaçoso, tem no seu interior pequenas divisórias para os nossos pertences não andarem a saltar de um lado para o outro. Por baixo do assento temos capacidade para armazenar um capacete integral, blusão, ou outros. O assento é confortável e tem bons acabamentos, quer no material usado, como nas próprias costuras, exibindo uma pequena etiqueta em tecido onde se lê o nome Vespa.
A Sprint 125 é ágil no trânsito, poupada nos consumos e pode-se em auto-estrada atingir os 110 Km/hora com os seus 11,6 Cv do motor de injeção. Os buracos na estrada são o seu o seu pior inimigo, devido ao tamanho das rodas. Porém, não deixa de ser uma pequena grande máquina, ‘uma mota para a vida’ como acertadamente o povo diz.
+ Carisma, qualidade e acabamentos, agilidade
- Preço, falta do pedal de arranque alternativo
YAMAHA TRICITY 125
Utilitária simples mas distinta
A três rodas Tricity 125 parece inspirada num filme de ficção científica! Para além do seu visual futurista, o que primeiro nos salta à vista, é o facto de ter duas rodas à frente, só isto é o suficiente para fazer rodar muitas cabeças e suscitar muita curiosidade… É importante reter que com este sistema inovador é muito mais difícil a moto fugir de frente numa curva que numa moto4. À frente existem dois discos de travão e duas forquilhas de acionamento mecânico, repartidas por ambas as rodas. Assegura, sem dúvida uma boa aderência à estrada sem comprometer a segurança e estabilidade.
O acelerar da Tricity é progressivo, sendo esta muito intuitiva e fácil de conduzir. O motor de um cilindro com refrigeração liquida e injeção de combustivel anuncia 11,6cv, que no terreno não lhe permitam grandes pressas até ao seu máximo de 100km/h, o suficiente para o seu espaço preferido: a cidade.
As mudanças de direção são feitas com bastante à-vontade, demonstrando com boas respostas em médios e baixos regimes, e baixos consumos - alcançámos 3 litros aos 100km sem restrições de andamento – a sua vocação urbana. As suspensões dianteiras e os discos de travão asseguram conforto, mesmo em mau piso. Desenvolvida para a cidade, a Tricity 125 oferece uma posição de condução completamente vertical e não permite outro tipo de postura. É de uma espécie rara e aceita um uso urbano intenso!
+ Comportamento urbano, Consumos, Segurança
- Posição de condução, alongamento do motor
Piaggio MP3 300 LT I.E
Para dentro e fora da cidade
A Piaggio lançou este novo conceito de moto com 3 rodas há mais de 10 anos. Quebrou algumas regras e com a sua tecnologia conseguiu inovar, desbravando um novo caminho.
A MP3-300 é uma scooter de grande porte, confortável , segura e muito fácil de conduzir. Os assentos são amplos e têm encosto para o passageiro. As linhas são elegantes e sóbrias, a qualidade dos materiais e os excelentes acabamentos harmonizam o conjunto.
Destaco o espaço disponível por baixo do assento, com toque aveludado e de dimensões generosas, o porta-luvas para pequenos objetos e ficha para carregar um telemóvel.
O painel de instrumentos multifunções é bastante completo, elegante e de fácil leitura.
A MP3 300 LT permite estacionar sem ter que sair da moto, através de um travão de mão situado à frente na consola. A travagem é assegurada por dois travões de disco à frente e um travão de disco atrás, dispondo ainda de um travão de pé que age sobre as 3 rodas em simultâneo. O modelo que conduzimos vinha equipado com ABS e controlo de tração. A direção tem ajuda eletrónica e a base da suspensão consiste num paralelogramo deformável.
Tem excelente comportamento em curva e consegue ser ágil no trânsito, enquanto em autoestrada percebe-se que os seus 23CV não permitem grandes veleidades: chega aos 120 km/h perto do seu limite. Ao estaciona-la e porque é um pouco alta, requer alguma perícia para uma pessoa de estatura mediana. Mas, se você tiver mais de 1,80m a MP3-300 serve que nem uma luva.
+ Estabilidade, Construção, Conforto geral
- Performances fora de cidade, altura do assento