29 de set. de 20209 min para ler

Encontro de estrelas | Motores

COMPARATIVO | O novo Kia Niro é um veículo com um corpo que se parece com um SUV, mas cuja altura é próximo ao de um turismo convencional. O Nissan Qashqai deu um forte abanão a este segmento e o Toyota Prius foi um dos percursores da nova geração de motores híbridos e ecológicos a que a fábrica coreana aderiu. Qual a melhor opção?

Combinando as melhores qualidades do Nissan Qashqai e do Toyota Prius, retirando os factores menos positivos de cada um, fica-se perto do que se poderá considerar como a proposta ideal na categoria dos SUV. Foi esta ideia que norteou a concepção do novo Kia Niro. Chega em janeiro a Portugal e já tem preços, que começam nos 27.190 euros (pack safety) da campanha de lançamento.

Visto pela primeira vez no Salão de Genebra, em março deste ano, o Kia Niro é um modelo fundamental para a marca sul coreana na Europa, uma vez que se trata da primeira plataforma dedicada a veículos ecológicos da marca. Trata-se de um novo crossover híbrido que, por essa mesma razão foi desenvolvido de forma independente dos restantes modelos da Kia.

Criado pela equipa de design da Kia na Califórnia (EUA) e Namyang (Coreia), o Kia Niro foi concebido principalmente para uma performance aerodinâmica eficiente – as linhas da carroçaria permitem um coeficiente de apenas 0,29 Cd. Embora seja mais pequeno que o Sportage, conta com uma distância entre eixos superior (2700 mm), o que favorece não só a condução mas também a capacidade de bagageira, com 427 litros de capacidade e 1 425 litros com os bancos traseiros rebatidos!

TOYOTA PRIUS

KIA NIRO

NISSAN QASHQAI

DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

Neste trabalho, utilidade, espaço e mecânicas de cada carro, são aspetos primordiais para eleger a melhor proposta. Do Qashqai, a carroçaria do Niro extrai a ideia do crossover, expressa através de um estilo afirmativo, uma posição de condução alta e vasto espaço no habitáculo. O novo coreano é mesmo um dos mais generosos do segmento no que concerne aos lugares traseiros.

Do Prius, recolheu a ideia de um motor híbrido, em norma com as emissões de CO2 (88 g / km) e com um consumo invejável de 3,8 litros por cada 100 km. Se bem que na vida real (percursos urbano) esse valor atinja os 5,5 l / 100 km, com a cifra abaixo dos 4 litros o Kia Niro situa-se entre o Prius e o Qashqai. E ainda em relação ao Nissan, o carro coreano revela outra vantagem a considerar: O Kia Niro não usa qualquer filtro de partículas - onde se entranhem as emissões poluentes – e consegue assim emissões mais baixas que o nipónico do Grupo Renault-Nissan.

E apesar dos cuidados ambientais, os engenheiros não sacrificaram no Kia Niro o prazer de condução ao ‘altar’ da ecologia, apresentando 141 cavalos de potência combinada (motor elétricos + gasolina), um chassis dinâmico e uma caixa robotizada de dupla embreagem.

Uma outra vantagem a considerar na hora de compra, é o preço de € 27.190 do híbrido Kia Niro e a sua garantia de 7 anos, dados a ter em conta em relação aos concorrentes.

O novo Nissan Qasqai com o diesel1.5 dCi tem um P.V.P. de € 27.140, enquanto no mais recente Toyota Prius – híbrido 100% japonês – a fasquia sobe aos € 32.215 na versão de acesso Exclusive.

NISSAN QASHQAI

O Qashqai não inventou o segmento dos SUV compactos, mas é verdade que lhe deu um novo sopro quando surgiu pela primeira vez em 2006. Além disso, manteve-se como referência durante quase 10 anos. Esta segunda geração é mais vigorosa e apresenta ganhos de volume ideiais, sobretudo para quem quer um apetecível veículo familiar. E a ‘receita’ da Nissan funciona na Europa, um mercado onde 1 em cada 4 carros vendidos é um SUV! As caraterísticas mais procuradas pelos utilizadores são uma posição de condução e o espaço interior. A posição de conduão do Nissan Qashqai é semelhante a um MPV, mas se esse estilo é gratificante no conforto, também é verdade que se afasta bastante do prazer da condução pura, proporcionado habitualmente por uma berlina, com maior ou menor volume, mais ou menos hatch-back.

Do lado mecânico, é necessário optar-se por uma versão diesel, dando prioridade ao motor 1.5 dCi de 110 cv e origem francesa, no caso de querermos usufruir de um consumo razoável: 6,1 l / 100 km, de acordo com as nossas medições. Assim, neste modelo a nossas opções deve recair ‘obrigatoriamente’ num motor diesel, factor pouco favorável em termos de manutenção se usarmos principalmente percursos urbanos no dia a dia.

TOYOTA PRIUS

Já no que concerne ao Toyota Prius 4, este simboliza o carro ecológico por si mesmo. Lançado em 1997, tornou-se no primeiro carro híbrido de produção em série e segue na sua 4ª geração como uma referência.

O mais recente modelo reconcilia o irreconciliável por ser, ao mesmo tempo, mais sóbrio do que os modelos anteriores e mais divertido de conduzir, para alem de revelar um consumo real apelativo: 4 l / 100 km.

O efeito deslizamento da transmissão variável continua (CVT), designado por alguns como ‘efeito-ciclomotor’, é neste caso atenuado pelo seu chassis muito leve, e 60 por cento mais rígido que o anterior, permitindo uma condução muito dinâmica.

Obviamente, com o Prius 4, ainda mais que no Prius 3, devemos acostumarmo-nos à estética ‘atordoante’ se quisermos ficar-nos por um termo politicamente correto. E apesar da sua orientação familiar, o Prius não oferece, nem a modularidade, nem o espaço habitável de um SUV.

A gama para Portugal do Prius, conta para além da versão de entrada (NG Prius 1.8 HSD 122 Exclusive), com a versão Luxury, que parte dos 34.400 euros, e com uma versão Plug-in (de ligar à tomada). O novo Prius é 60 mm mais comprido, 15 mm mais largo e 20 mm mais baixo. A plataforma é completamente nova, mais rígida e leve.

Por dentro, a filosofia Prius mantém-se com o painel de instrumentos em posição central, destacando-se o novo ecrã central de grandes dimensões e um volante de três braços. Sobre a mecânica, o motor 1.8 a gasolina é o mesmo da geração anterior, com 98cv, mas viu o rendimento térmico melhorado. O motor elétrico e o gerador são mais pequenos e mais leves.

O motor elétrico debita 72cv (menos 10cv), para uma potência combinada de 122cv (menos 14cv que o anterior Prius). Contudo, as performances são praticamente idênticas (velocidade máxima limitada a 180 km/h) e o consumo de combustível anunciado é de 3 litros aos cem, menos 0,9 litros que o antecessor. O segredo está na redução de peso e aerodinâmica, agora de 0,24 cx.

A versão Plug-in terá o mesmo sistema mas com baterias mais potentes, que lhe permitirão fazer até 50 em modo elétrico, e consumos de 1,42 l/100 km.

KIA NIRO

Por dentro, o habitáculo do Kia Niro foi concebido para conferir uma impressão de espaço e modernidade, com um painel de instrumentos amplo com linhas horizontais definidas e uma consola central mais ergonómica voltada para o condutor. No que toca à qualidade dos materiais, o novo Niro segue as pisadas dos mais recentes modelos da Kia.

Uma das novidades é o sistema de carregamento de 5W sem fios para dispositivos móveis e que avisa o condutor quando o telemóvel fica esquecido, ao sair do veículo. Quanto à segurança, o Kia Niro está dotado dos habituais sistemas de Alerta de Tráfego Traseiro (RCTA), Travagem Autónoma de Emergência (AEB), Smart Cruise Control (SCC), Sistema de Auxílio à Direção (LDWS), Sistema de Assistência à Manutenção na Faixa de Rodagem (LKAS) e Deteção do Ângulo Morto (BSD), entre outros.

O Kia Niro emprega uma motorização híbrida e uma nova transmissão automática de dupla embraiagem. Trata-se de um motor de combustão GDI ‘Kappa’ de 1,6 litros associado a um motor elétrico e a um bloco de baterias de iões de lítio de 1,56 kWh. No total são 141 cv de potência e um binário máximo de 264 Nm de binário. A Kia anuncia performances de 162 km/h de velocidade máxima e uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 11.5 segundos.

Um dos esforços da Kia durante o desenvolvimento do novo crossover foi criar um estilo de condução diferente dos híbrido habituais. É aqui que, de acordo com a marca, surge um dos elementos diferenciadores do Kia Niro: a transmissão automática de dupla embraiagem de seis velocidades (6DCT). Segundo a Kia, esta solução é mais eficiente e agradável do que a tradicional caixa de variação continua (CVT), “proporcionando uma resposta mais direta e imediata e uma condução mais empolgante”.

Graças ao TMED – Transmission-Mounted Electric Device – um novo dispositivo elétrico montado na transmissão, a potência máxima do motor de combustão e da unidade elétrica é transferida em paralelo com perdas de energia mínimas, além de permitir o acesso direto à energia da bateria a altas velocidades, para uma aceleração mais imediata.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

Mais compacto do que seus rivais, o Kia Niro ( 4,36 m ) ainda reivindica um espaço mais generoso, especialmente nos bancos traseiros. Situada sob o assento traseiro, a bateria invade o habitáculo mas não o prejudixa en termos de espaço. Comparado com os seus dois concorrentes, a qualidade é melhor, seja nos materiais como na montagem. Mas é em termos de infotainment que se alarga o fosso, incluindo o acabamento ativo como padrão, um sistema de navegação com ecrã táctil de 7 polegadas (com atualização de 7 anos de mapeamento e 7 anos ' acesso a TomTom serviços Live e um Auto recurso Android e Apple Car.

Com o seu motor híbrido e transmissão de 6 velocidades com dupla embraiagem, o seu comportamento em estrada é muito agradável. O Niro demonstra grande doçura na cidade e é em estrada muito dinâmico. Com o poder combinado de dois motores (gasolina + elétrico com 141 cv no conjunto, consegue performances interessantes. Equipado com rodas de 16 polegadas, isso confere um conforto significativo. Em termos de consumo e da poluição, a escolha de um híbrido de gasolina foi positiva.

O TOYOTA PRIUS OFERECE MAIS ESPAÇO PARA BAGAGEM E MELHOR ISONORIZAÇÃO INTERIOR, JUSTIFICANDO O PREÇO MAIS ELEVADO

Um pouco menor do que o Renault Qajar ( 4,38 m ), o Nissan Qasqai tem uma área menos extensa, mas a sua bagageiras é menos espaçosa ( 430 l ). Em andamento o motor diesel 1.5 dCi não está isento de defeitos, é bastante mais ruidosos que os seus rivais e, no interior do habitáculo a ergonomia do sistema multimédia é questionável e requer melhores acabamentos. Com o mesmo 1.5 dCi a diesel do Renault, o Qasqai não possui nenhuma transmissão automática (apenas no X-Tronic dimmer no dCi 130).

A manobralidade em cidade é pouco mais que razoável e, ‘jogando’ com a caixa a cerca de 80 km/h decepciona algo nas recuperações. O Qashqai é sobretudo divertido de conduzir em estradas pequenas.

UM COREANO CONTRA UM JAPONÊS

Apesar das suas semelhanças técnicas a oferta em termos de interiores não é semelhante. O Kia Niro é mais generoso em largura e altura por dentro que o Prius, conferindo uma viagem mais ventilada, especialmente se estivermos a falar de adultos de altura média. No entanto, no carro coreano não deve viajar com muita bagagem, isto porque o espaço para a colocar é claramente menor do que no crossover japonês.

Por seu turno, o japonês deixa menos espaço para as pernas nos bancos traseiros. E também no Toyota Prius os ocupantes da frente vão sentados em posição mais baixa, embora o acesso para os assentos seja muito menos confortável do que no Kia, que oferece lugares mais generosos em altura e largura. moto

MOTOR HIBRIDO TOYOTA

Passando ao tema da mecânica e, falando de veículos híbridos, ambos os carros são capazes de obter uns consumos impressionantes, mas, francamente, o computador do Toyota Prius revelou-nos um consumo bastante otimista.

Já em termos de performances o Kia Niro é um pouco mais rápido em acelerações (2 segundos mais rápido no 0-100 -10,2s contra 12,2s. Uma grande diferença é a fidelidade manifestada no Prius à caixa e-CVT – o que permite ter um esforço contínuo, contribuindo para uma aceleração suave e progressiva. O Niro tira vantagem na melhor aerodinâmica (0,24 contra 0,29 do Prius), muito embora ao interior do habitáculo cheguem mais ruidos do exterior. Também no interior do Toyota os materiais empregues são mais absorventes, tornando a viagem mais agradável do que no seu rival coreano, onde damos mais conforto aos passageiros em detrimento da menor capacidade de bagagem.