19 de fev. de 20175 min para ler

Uma amiga divertida! | Motores

CONTATO | A MT-07 é fácil, brincalhona, ideal para começar a desfrutar das motos e não se cansar tão cedo da sua companhia. Foi conduzi-la, surpreendido com o preço, um dos mais convidativos que encontrei.

Por João Saramago Cunha; fotos Motores Edições

Se alguém pensa que a Yamaha está a fazer as coisas a poupar na qualidade, está redondamente enganado. O melhor exemplo está na MT-07, disponível em 2016 em cinco cores na sua versão base, mais esta edição especial Race Blue - com um logo identificativo e pintura exclusiva em tons cinza e azul.

A travagem é auxiliada por ABS e alia uma condução fácil e divertida a um comportamento agradável e eficaz. O preço é dos mais atrativos. Outro dado que todo o mundo gostará de saber são os valores de potência e peso da MT-07: 74,8 Cv e 179 kg (com óleo e combustível) que a colocam no vértice do seu segmento!

O novo motor de 4 tempos com dois cilindros, 689cc e arrefecimento liquido segue uma arquitetura de planos cruzados e cambota de 270 graus. Esta conta na sua parte interna com um balanceiro extraordinariamente compacto, o que faz ter uma saída irregular na explosão, incentivando uma sonoridade própria da ‘07’. Uma solução semelhante foi usada durante os anos 90 em Iwata com a TRX 850.

O denominado 'crossplane' que em termos funcionais regula as duas ações que fazem movimentar o eixo do motor, inercial e de combustão, permite que tenhamos uma sensação direta e melhor ‘feeling’ no punho do acelerador.

Por último o leve e compacto escape ‘2 em 1’ da MT-07 segue o estilo monolítico adotado na MT-09. Tem um silenciador curto e compacto, com linhas sinuosas que o envolvem por baixo do motor. O sistema também é equipado com um sensor de oxigénio que excede as exigências da normativa EURO3.

Uma segunda opção existe em termos de potência, dentro do limite de 35 kW, exclusiva para os encartados com a licença A2.

INSPIRADA NA IRMÃ MAIOR

À primeira vista vislumbra-se algumas parecenças com a irmã mais velha MT-09 mas, vista de perto apercebemo-nos que na MT-07 tudo é novo: quadro, motor, braço oscilante, suspensão.

A sensação de qualidade ao toque é excelente. Em conjunto, o assento a 805 mm do solo favorece um bom ângulo de viragem. O guiador é alto como na MT-09 mas mais avançado, o assento ‘slim fit’ impele o contacto natural dos joelhos com o depósito e as largas plataformas para os pés tornam-na muito intuitiva.

A instrumentação é totalmente digital e está situada ao centro do guiador, imediatamente sob o nosso queixo, sendo visível de diversos ângulos. O equipamento e acabamentos confirmam a nossa primeira impressão de qualidade. Vale a pena destacar a luz LED traseira e frontal da unidade multi-refletora, mas também a instrumentação totalmente digital e completa.

O quadro com uma trave em aço de alta resistência utiliza o motor como membro stressante e tem as paredes dos tubos com espessura variável, por forma a optimizar a rigidez e se ter uma resistência à tracção, mas também para reduzir as massas usando menos material. No amortecimento a MT-07 vem equipada com uma suspensão Monocross de articulação progressiva, com pré-carga ajustável, apresentando à frente uma forquilha convencional não regulável.

Atrás, a longitude reduzida do braço oscilante (apenas 530 milímetros) transmite de forma direta as sensações de tração e aceleração. As rodas de alumínio de 17 polegadas e com 10 raios são as mesmas da MT-09, enquanto o sistema de travagem apresenta discos em forma de 'pétala' de 282 mm com pinças de 4 pistões na roda dianteira; atrás o diâmetro fica nos 245 mm.

VIAJANDO EM BOA COMPANHIA

A MT-07 é fiel como a melhor amiga que conhece melhor que ninguém as nossas reações. É uma naked com caráter desportivo e de visual bastante futurista. Calhou-me uma manhã radiosa, com temperatura a condizer, tanque cheio e uma máquina bonita para testar! Não há programa melhor!

Levei a minha companheira como cobaia porque, para além de ser uma boa companhia e gostar de motas, eu também precisava saber como se comportava a MT-07 com pendura (carga!) e também a sua opinião sobre o banco traseiro, visto este apresentar dimensões muito reduzidas. Avançámos de Cascais com destino à Serra da Arrábida.

Ao passar a ponte sobre o Tejo já sentia afinidade com a máquina, o que permitiu aliviar alguma tensão inicial. Foi nesta altura que pensei “a qualquer momento a minha mulher vai queixar-se do assento!”, mas nada. Não resisti e perguntei: “Então estás bem? Não te dói nada?” E ela: “Não!” O que é estranho pois a mim já me doía o traseiro.

DE CASCAIS A SESIMBRA

Já em autoestrada a entrega de potência é total! Grande vivacidade, excelente motor que não se queixa a puxar uma das suas 6 velocidades na caixa sincronizada. ‘Grande!’, pensei. Boas prestações em todos os regimes. Facilidade de condução, caixa de velocidades muito certinha. Bons consumos! Posso dizer-vos que fiz ida e volta, de Cascais a Sesimbra com pouco mais de meio depósito.

Apenas tenho a dizer que os assentos são um pouco desconfortáveis e que a partir dos 140 km o vento faz-nos sofrer um pouco, principalmente se levar um capacete aberto. Mas uma naked é assim mesmo!

É uma moto curtinha com um baixo centro de gravidade e muito fácil de manobrar pois é bastante leve. Ótima para condutores de baixa e média estatura. Em resumo, mais uma vez, a Yamaha volta-me a surpreender! Nota 10 para os acabamentos e equipamento com o guarda-lama dianteiro partes em estilo carbono! Um destaque ainda para os pneus de muita qualidade, os Michelin Pilot radiais. Assim, feitas as contas aos 6695 euros a que é proposta a MT-07 ‘Race Blue’, este acaba por ser um preço agradável

A MT-07 Race Blue é uma naked com caráter desportivo e com perfil bastante futurista