MOTORES | O GTC4 Lusso T é o último herdeiro da espécie mais tradicional dos Ferrari Granturismo criados na década de sessenta. Versátil e rápido, o Lusso T propõe um motor V8 que proporciona mais agilidade e preço inferior ao da versão com o V12 Ferrari.
Por Mike Rodman
O GTC4 é um clássico Ferrari, cujas iniciais GTC trazem à memória um dos mais belos modelos dos anos 60. Acostumamo-nos a pensar num Ferrari como um desportivo de dois lugares, porém, durante muito tempo a marca de Maranello teve a tradição de construir GT’s de 4 lugares (ou 2 + 2, nas palavras do fundador Enzo) elegantes e capazes de brilhar em pista. O GTC4 Lusso é o último herdeiro dessa longa tradição dos Ferrari Granturismo.
Hoje, os carros com esse perfil 2 + 2 lugares e porta traseira ganharam a designação ‘shooting brake’. Já existia um GTC4 Lusso mas com motor de 12 cilindros, com quatro lugares e tração nas quatro rodas.
A este junta-se esta nova versão T, que em vez do V12 tradicional passa a ter disponível o motor V8 turbo dos Ferrari 488 e Califórnia T, renunciando ainda às 4 rodas motrizes.
A primeira vantagem é que o preço é significativamente menor, custando o Lusso T aproximadamente menos 40 mil euros que o Lusso V12.
Terceiro modelo na história da marca com um motor turbocomprimido, o GTC4Lusso passa a ser também o primeiro Ferrari de quatro lugares com duas motorizações (V12 e V8), e o primeiro proposto com dois tipos distintos de transmissão: tração traseira (GTC4 Lusso T) e tração integral (GTC4Lusso).
O bloco de 3.855 cm3 de cilindrada e oito cilindros em V a 90º conta com a aliciante extra resultante da inclusão de dois turbocompressores de dupla entrada, a que se junta um sistema Variable Boost Management, como forma de eliminar o turbo lag, para garantir uma plena entrega da potência entre a 3.ª e a 7ª velocidades, assegurando uma aceleração mais linear e que pode chegar aos 320 km/h.
MAIS SUAVIDADE E LEVEZA
Será exagerado definir o Lusso T como a versão "low cost" do GTC4, visto que ainda estamos a fazer de um carro que custa em Itália 233 mil euros, mas para clientes diferentes, masi jovens e cada vez mais ricos, jovens e ricos empresários da nova economia. No exterior o GTC4 Lusso T não se distingue do seu irmão V12, mas no interior a placa com o nome sobre o painel de instrumentos identifica-o de pronto.
O motor não oferece os 690 CV do V12, mas ainda assim o V8 GTC turbo proporciona uns interessantes 610 cv às 7500 rpm. Trata-se do mesmo motor do 488, com algumas modificações nos pistões e nos coletores de admissão e escape. O mapeamento eletrónico no GTC também foi programado para desenvolver uma potência mais contida, inferior à brutalidade do GTC V12, mas com uma entrega de entrega de torque mais extensa (760 Nm constante entre as 3000 e 5200 rpm) e mais apropriada para uma utilização turística com condução rápida.
A adoção do motor V8 turbo em vez do sonoro V12 no GTC traz consigo toda uma série de vantagens. Em primeiro lugar, os consumos reduzem-se de modo significativo para cerca de 30% menos, o que significa que com mesmo depósito deixa de haver a obrigação de parar a cada 200 km para reabastecer.
A presença do V8 turbo mais ligeiro e a ausência do sistema de quatro rodas motrizes, resultam no GTC4 Lusso T numa economia de peso de cerca de 50 kg, emagrecimento que na condução melhora a maneabilidade: a travagem de cem a zero km/h é conseguida em apenas 33 metros; com 80 CV a menos que o GTC4 V12, o V8 T consegue ser apenas um décimo superior na aceleração de zero a cem km/h que completa em 3,5 segundos.
GRANTURISMO VERSÁTIL E VELOZ
Uma vez ao volante, o condutor sente que o GTC4 Lusso T revela o fascínio habitual que apenas um Ferrari consegue oferecer. O rugido do turbo, é exaltado quando na condutas se abrem as borboletas para a passagem dos gases da mistura, gerando então um som agradável alto e dignos da tradição do "som" Ferrari.
O volante de grande diâmetro e três raios em carbono, tem todos os principais comandos no seu interior como acontece no Ferrari F1 com as alavancas laterais para gerir as 7 velocidades da caixa de velocidades automática. No canto inferior direito está a alavanca manual dos mapeamentos com 5 posições (neve, molhado, conforto, sport e controlos Off, o visor de marchas engrenadas que acendem em sucessão, enquanto no topo superior do volante luzes acedem a informar-nos sobre o nível de rotações. Em suma, temos no volante uma boa parte das informações que necessitamos para a condução e, com um pouco de prática' começamos a acostumar-nos a operar os botões disponíveis.
E como é tradição nos Ferrari, as aletas para acionar as 7 engrenagens da caixa estão fixas na coluna de direção. A sensação oferecida na direção é direta e agradável, sendo uma das virtudes deste GTC na condução rápida.
LONGO COM 4 RODAS DIRECIONAIS
O GTC4 Lusso T supera os 5 metros de comprimento e tem uma distância entre eixos generosa de 2,990 milímetros, mas é surpreendentemente manobrável e ágil. O segredo está no sistema de direção do eixo traseiro, a tecnologia que a Ferrari desenvolveu no TDF F12 e que já tinhas sido aplicada no GTC com o motor V12.
Apesar de ter prescindido da tracção integral, o GTC4Lusso T mantém o sistema 4WS (em que as rodas traseiras também viram para aumentar a agilidade), que funciona em conjunto com o dispositivo Slide Slip Control e o E-Diff que mantêm o carro controlado mesmo nas saídas das curvas em que o condutor exagera no pedal do acelerador.
Trata-se de um sistema direcional das rodas traseiras, que funcionam em fase (isto é, no sentido da curva) em cantos apertados, e anti-fase (isto é, na direcção oposta à da curva) em curvas mais velozes. Desta forma, muda virtualmente a distância entre eixos, que se alonga ou encurta consoante o ritmo. São variações minúsculos do ângulo da roda (menos de um grau) mas suficientes para influenciar positivamente a dirigibilidade do carro.
FERRARI GTC4 LUSSO T
MOTOR V8 A 90 GRAUS BITURBO, 3855 cm3, 610 cv e 760 Nm DE BINÁRIO CONSTANTE ENTRE 3000 E 5200 RPM. VELOCIDADE MÁXIMA: 320 km/h
CONCLUSÃO | Mesmo não sendo um coupé desportivo de dois lugares, a experiência de condução do GTC4 é agradável e emocionante. É o verdadeiro Ferrari GT, um carro poliédrico, para usos mais variados que os propostos num coupé desportivo mas que não descarta sensações de potência, acelerações brutais e som inconfundível. E com a vantagem de quatro pessoas as sentirem, com 450 litros de bagageira… quase tanto como um Porsche Panamera.
O GTC4 Lusso T desperta o lado emocional, como o fazem o o CLS 63 AMG e Audi RS6, mas claro… convém ter ‘fortuna’ para o pagar.
A Ferrari continuará a vender, quer o GTC4 Lusso, quer o mais novo GTC4 Lusso T.
O vídeo promocional filmado em Portugal
A Ferrari escolheu Lisboa como cenário para o vídeo de apresentação do novo modelo da marca italiana: o GTC4 Lusso.
O filme promocional mostra o GTC4 Lusso no Parque das Nações, debaixo da pala do Pavilhão de Portugal, idealizado por Siza Vieira, e na Baixa lisboeta. Sesimbra e Serra da Arrábida são dois outros pontos de passagem do novo modelo da Ferrari, que vai circulando entre neve, montanha ou calçada portuguesa.
O vídeo termina com imagens do Cabo Espichel, em Sesimbra, com o lema "Todo um Mundo Novo".