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Moto: 'dicas' de segurança para iniciantes


MOTORES | Respeito ao medo e aos limites, “não” à prepotência e outras medidas para conduzir a moto de forma mais segura, são medidas importantes para fazer uma condução defensiva, segura e livre de acidentes.

Geraldo Simões, com adaptação de Ricardo Ferreira


Se perguntarem a alguém o motivo de usar a moto, ele vai-lhe dar várias justificações, desde a agilidade no trânsito, passando pela economia, até ao puro prazer e paixão. Mas se perguntar

para qualquer pessoa por que não compra uma moto, a resposta geralmente é: porque tenho medo!

O medo é um sentimento totalmente natural que aparece diante do desconhecido. Em geral, quem abre mão de usar a moto como meio de transporte nunca conduziu nenhuma ou teve uma primeira — e única — experiência desagradável. Assim, o primeiro passo para ter uma moto é continuar sentindo medo, não de forma doentia, mas respeitosa. Porque o medo é a melhor arma do iniciante para se manter inteiro.

Vamos então dar-lhe algumas dicas para reduzir a sensação de insegurança e ser um motociclista mais tranquilo.


1. RESPEITA O MEDO

Só existem dois tipos de motociclistas que se julgam destemidos: os mentirosos e os loucos. Todo o ser vivo tem medo, e precisa senti-lo, porque é esse mesmo medo que preserva a espécie. O conhecimento, é a melhor forma de controlar o medo. Quanto mais conhecer o veículo, a sua dinâmica, os pontos fortes e fracos e as formas de se proteger, maior será a sensação de segurança.

Resumindo, conheça o veículo e adquira as técnicas de pilotagem preventiva. Mas não espere encontrar isso nas Escolas de Condução: salvo raras exceções, o pouco que se aprende numa escola de condução é a dar o arranque na moto, e a fazer mais dois ou três exercícios. Muitas vezes nem engata nem a última marcha da moto.

Ao conduzir esteja vigilante a tudo que se passa à volta: paragens de autocarros, saída de escolas, ruas com muito comércio — e nunca, jamais, confie na sua imunidade em cruzamentos ou rotundas face aos ‘quatro rodas’.

Tenha ainda em conta que uma moto grande e pesada, pode ser a pior escolha para a cidade, sobretudo para o iniciante, uma 50cc, 125cc ou uma ágil scooter são, invariavelmente, as melhores escolhas.


2. ESCOLHE A MOTO CERTA

Muitos iniciantes passam por uma experiência má, apenas e só porque fizeram a escolha errada da moto. Sendo certo que ninguém nasce ensinao, portanto, o melhor é estar consciente que algumas motos exigem mais empenho físico e técnico para conduzir. Antes de decidir pela moto, faça pesquisa, avalie as dimensões, procure experimentar algumas, leia muito sobre o assunto, informe-se…

No caso da primeira moto, uma utilitária pequena de 125cc resolve o problema, assim como uma scooter (saiba sobre as diferenças entre eles e as motos). No entanto, uma moto na faixa de 250/300cc tem vantagens em segurança (travões e suspensões melhores, pneus sem câmara) e mais conforto porque ainda é uma moto com leveza. O erro mais comum na escolha de uma moto é não definir o uso que fará dela. Isso leva a motociclistas insatisfeitos, porque compraram uma grande e pesada para enfrentar 20 km de tráfego congestionado todos os dias.

E se acha que em Portugal o tráfego urbano é complicado, nem imagina o que acontece em gigantescos aglomerados urbanos por esse mundo fora… como na periferia de São Paulo, no Brasil. Assim, escolher bem a primeira moto é, mais que uma obrigação, um ‘dever’ do motociclista novato… para seu próprio bem!



3. RESPEITA OS LIMITES

É comum e natural, o motociclista iniciante sentir o desejo de passear com grupos de amigos e participar de encontros e passeios de motoclubes, mas nem todos têm o mesmo nível de experiência. Tentar acompanhar um motociclista mais experiente pode ser um grande erro. Na verdade, quando um grupo tem consciência da presença de um novato, o ritmo deve respeitar os limites do mais novo — ou é melhor marcar um ponto de encontro, e cada um vai no seu ritmo até ao destino.


4. ESTÁ ATENTO AO QUE TE RODEIA

Hoje em dia o maior número de acidentes envolve motociclistas com menos de dois anos de experiência. É comum o novato tentar imitar o comportamento dos mais experientes, que rodam 150 a 200 km por dia. O meu conselho é manter-se vigilante de forma constante, com atenção a tudo que se passa à volta. Paragens de autocarros, saídas de escola, ruas com muito comércio — e sobretudo, não confie que é o condutor mais imune nos cruzamentos e rotundas. Percebo porque muitas vezes os ‘novatos’ não respeitam a sinalização, até porque o motociclo é por natureza de construção um veículo mais leve que qualquer ‘quatro rodas’, mas, esse desrespeito, é não só para as placas de sinalização (stop, cruzamento, velocidade, e outras) como para os outros utentes da estrada… Errado!


5. NÃO SEJAS PREPOTENTE

Os três fatores que levam ao acidente são: negligência, imprudência e imperícia. Mas existe a prepotência, que é a sensação de que nada de mal me pode acontecer. É mais comum na adolescência, mas algumas pessoas carregam essa característica para sempre… Eu próprio vivi isso aos 18 anos e com a carta de moto ainda ‘fresquinha’ no bolso, quando ao final de um ano de carta tive um grave acidente de moto que me deixou em semi-coma por passar por cima de um carro que se atravessou subitamente à frente… no último dia de aulas e vindo de uma festa de despedida!

Hoje seu que o melhor remédio para a prepotência é a humildade — fazer só aquilo que somos capazes, é a melhor postura para quem quer conduzir uma moto por muitos e largos anos. E quando não se sentir capaz, ainda existe a possibilidade de se inscrever em cursos de condução de qualidade, que hoje existem mas não haviam no meu tempo de iniciação à moto.

6. MANTÉM A CALMA

Um dos conceitos mais enganadores com relação a motos, é a de acreditares que é um veículo para quem tem pressa. Errado! A moto não é um veículo para quem não quer perder tempo. A pressa é querer ir mais rápido do que a condição permite. Quem usa a moto não precisa de ‘correr’, porque já está bem mais rápido do que o trânsito.

A maioria absoluta dos acidentes acontecia até à bem pouco tempo atrás, quatro minutos do ponto de partida ou de chegada do destino, e a vigilância reduz-se significativamente em locais familiares… invariavelmente os mais perigosos.

Volto a citar como exemplo, São Paulo, cidade com seis milhões de veículos, onde a média de velocidade durante a hora de ponta anda em torno de 12 km/h. Nas mesmas condições uma moto consegue rodar a 40 km/h sem correr riscos, mais que o dobro da média dos outros veículos! Por isso o motociclista não precisa correr para ganhar tempo, porque ele já está a ganhar tempo a rodar normalmente.


7. NÃO ENTRES NO DESLEIXO

Cerca de 94% dos acidentes envolvendo motos são de responsabilidade humana, do motociclista, condutor do automóvel ou pedestre. Ou seja, apenas uma percentagem muito reduzida é causada por problemas na estrada ou de manutenção da mesma.

No entanto, existem três itens muito na manutenção da moto muito importantes para a tua própria segurança: pneus (como são apenas dois, se um falhar só sobra um para a tua segurança), luzes (é importante ser visto) e a relação de transmissão. Esta última merece atenção especial, porque uma corrente folgada pode escapar, travar o cubo da roda e causar uma queda, sem falar na possibilidade de arrebentar o eixo primário (onde é fixado o pinhão) e parte do bloco do motor.

8. ATENÇÃO AOS PRIMEIROS 4 MINUTOS!

Nos anos 60, um especialista inglês descobriu que a maioria absoluta dos acidentes de trânsito acontecia em um perímetro de quatro minutos do ponto de partida, ou de chegada do itinerário. Isto sucede porque são locais familiares e a vigilância fica relaxada. Mas lembre-se: na moto, jamais baixe a guarda. Imagine que você tem uma antena parabólica na cabeça, capaz de captar qualquer ruído à sua volta. Só relaxe quando estiver com a moto estacionada no fim da jornada.

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