Tendo como base a experiência adquirida no MotoGP, onde o Desmosedici de 4 cilindros demonstra um desempenho incrível, o novo motor V4 com cilindros inclinados a 90 graus foi projetado para equipar os futuros modelos supersport da Ducati.
Ricardo Ferreira
Com a designação Desmosedici Stradale, este motor deverá se tornar mais um marco da Ducati, dado que será a primeira vez que o fabricante de Bolonha equipa uma das suas motos de série com um motor de 4 cilindros.
A apresentação oficial ocorreu em Misano esta quinta-feira, durante o GP de São Marino e Rimini Riviera, 13ª ronda do campeonato do mundo de MotoGP de 2017. Um cenário perfeitamente natural, pois o MotoGP é o campo donde o novo motor colheu experiência e tecnologia.
"É com orgulho não diluído que desvendamos esta jóia tecnológica. Representa o início de um novo capítulo para a nossa empresa, sublinhando a nossa vitalidade e um compromisso inabalável com o investimento em novos produtos”, começou por dizer Claudio Domenicali, CEO da Ducati.
“Este motor também reflete a estreita colaboração entre a Ducati Corse e a nossa fábrica, comprovando como as corridas são essenciais no desenvolvimento de novas tecnologias que posteriormente são aplicadas em motos de produção. Em novembro, na EICMA, vamos apresentar a nova Panigale V4, uma moto totalmente nova alimentada por este extraordinário motor".
Revolução anunciada
E se relativamente à nova moto podemos revelar já algumas imagens de uma versão próxima da definitiva, quanto ao novo motor Desmosedici Stradale, registe-se que nesta unidade, para maximizar o torque de médio alcance - essencial para uma utilização estradista satisfatória - e garantir um torque e uma potência útil a rotações mais baixas, apresenta uma cilindrada ligeiramente superior à da sua homóloga de MotoGP (1103 cm³). A potência máxima neste motor motor compatível com o Euro 4 excede os 155 kW (210 cv) às 13.000 rpm, enquanto o binário máximo supera os 120 Nm (12,2 Kgm) desde das 8.750 ás 12.250 rpm.
Ao transferir a tecnologia da sua unidade de potência mais avançada de corrida para estrada, a Ducati oferece aos clientes níveis de desempenho aprimorados por anos de experiência em MotoGP
Uma outra versão R com uma cilindrada abaixo dos 1000cc para uso em pista encontra-se igualmente numa fase avançada de desenvolvimento. Este moto será a base para a versão homologada que participa no Mundial de Superbike, sendo aí empregue a partir de 2019 (um ano depois do lançamento da versão de estrada).
Como nas motos da Ducati de competição, a cambota é do tipo contra-rotativa. Isto reduz o efeito giroscópico tornando a moto mais rápida e ágil nas mudanças de direção.
Com as bielas afastadas 70 graus como na Desmosedici GP, isto resulta numa sequência de disparo ‘Twin Pulse’ que gera uma entrega de potência fácil de manusear e otimiza a tração à saída de curvas - efeito "Big Bang" - sequência de explosão do motor que também dá ao Desmosedici Stradale um som único (ver vídeo).
A razão do V4
Uma configuração de 90 ° V4 torna o motor extremamente compacto, permitindo a centralização da massas e incorporação de mais suavidade na moto. O Desmosedici Stradale, de fato, foi inserido na moto com os cilindros dianteiros recuados 42 ° para trás e na horizontal, tal como sucede nos motores Ducati de MotoGP. Isto otimiza a distribuição de peso, permite a adoção de radiadores maiores e traz o pivô mais para a frente.
A arquitetura V4 também aumenta as forças de primeira ordem naturalmente, sem o peso adicionado e a perda de energia que um contra-eixo de equilíbrio envolveria.
Ainda como no MotoGP o motor com um diâmetro nos cilindros de 81 mm, medida que é o limite máximo permitido pelas regras do MotoGP, sendo também a mais elevada no segmento das motos supersport de 4 cilindros. Empregando o mesmo diâmetro do motor Desmosedici GP, isto significa que ambas as unidades de energia compartilham dinâmicas de fluido do motor quase idênticas (isto é, válvulas, condutas de admissão e corpo de aceleração, onde a energia é produzida).
Escusado será dizer que o novo motor foi projetado em torno do sistema Desmodromic, uma característica única do sistema de válvulas que ajuda a tornar os protótipos da Ducati os mais rápidos no MotoGP devido à maior ligeireza de funcionamento que este sistema gera.
Em resumo, um motor de alta performance, onde o sistema "Desmo" atinge um grau de sofisticação, leveza e compacidade nunca antes vistos numa Ducati de série.
Há um mês atrás, Claudio Domenicali admitiu que, após uma experiência de 10 anos no MotoGP, "era uma pena que tudo o que aprendemos não estivesse disponível para os nossos clientes", justificando assim a decisão da empresa em apostar numa configuração V4.
"Não víamos nada de errado em continuar a mudar e melhorar o motor V-Twin. É um motor impressionante, e existem algumas características que ainda dão imbatíveis, mas por outro lado, o equilíbrio entre peso, potência e torque do V4 que estamos a desenvolver é superior", acrescentou na ocasião.
Principais características:
Desmosedici Stradale
- 4 cilindros em V a 90 graus (1.103cc)
- Curso e diâmetro: 81 x 53,5 mm
- Taxa de compressão: 14: 1
- Potência máxima: + de 210 cv às 13.000 rpm
- Binário máximo: + de 120 Nm entre 8,750 e 12,250 rpm
- Corrente parcial desmodrómica, sincronização de engrenagem parcial com dupla árvore de cames na cabeça, 4 válvulas por cilindro
- Servo embraiagem anti-patter wet-dry
- Lubrificação de cárter semi-seco com quatro bombas de óleo: 1 entrega e 3 retorno
- Alimentação com quatro corpos de aceleração oval (equivalente de 52 mm de diâmetro) e borboletas de entrada de altura variável
- Caixa: 6 velocidades com sistema DQS para cima / para baixo
- Intervalos de manutenção "Desmo-service" de 24.000 km (15.000 milhas)
