Todo o ‘powertrain’, o conjunto motor/transmissão do Mercedes Project One é derivado diretamente do monolugar de F1. Debita 1000 cavalos de potência e faz os zero a 200 km/h em apenas 6 segundos!
Mike Rodman; fotos AMG Mercedes
Lewis Hamilton já havia feito o primeiro aviso pelo twitter por alturas do Grande Prémio de Monza. "Vão ver o carro que será o AMG Mercedes Project One: uma verdadeira fera”, twittou, para em seguida acrescentar: “Comecem a contar os dias para o ver no Frankfurt Motor Show." E o grande dia chegou, com a presença do tricampeão do mundo de F1, de colete castanho e óculos de proteção (para descansar, e não para a vista) no evento noturno organizado pela Mercedes para desvendar ao mundo o novo AMG Project One.
Este é o supercarro mais próximo de um carro de Fórmula Um de sempre. Um coupé de dois lugares com motor traseiro/central e caixa de 8 velocidades, com performances impressionantes e dignas de um F1: acelera de zero a duzentos por hora em menos de seis segundos e atinge 350 km por hora!
Híbrido V6 Turbo
Exteriormente o AMG Project One revela uma aparência baixa e esmagada, mas sem as formas curvilíneas e agressivas de muitos supercarros atuais. Na verdade, assemelha-se mais aos protótipos de Le Mans do final dos anos 90, aqueles em que a aerodinâmica foi simplificada e não desempenha o papel de protagonista principal como sucede na atualidade.
Na zona posterior e em posição central destaca uma longa barbatana negra, muito semelhante aos F1 de hoje, concebida em carbono, o mesmo material com que foi construido o chassis monobloco.
Mas o que surpreende mais é o que está oculto no capô traseiro do Project One, vindo diretamente do Mercedes W08 de Hamilton. O motor/transmissão são do híbrido de F1 V6 turbo, com a mesma cilindrada de 1600 cc, as mesmas medidas de diâmetro e curso, os mesmos componentes internos do motor de F1.
"É praticamente tudo igual, até porque foi construído com a mesma maquinaria", explica Andy Cowell, o patrão da fábrica de motores Mercedes F1 em Brixworth, Inglaterra, onde nascem quer os motores que Hamilton e Bottas utilizam na F1, quer a unidade que impulsiona o Mercedes Project One.
1000 cv de potência
Teoricamente e em conjunto, o motor deste supercarro carro, com a unidade térmica e unidade elétrica, pode desenvolver 1000 cavalos, ainda mais potencia que no F1 de Hamilton que debita entre 970/980 cv. A explicação é simples: em comparação com o monolugar de F1, o Projeto One não possui apenas um motor elétrico mas sim dois motores elétricos que enviam potência ás rodas dianteiras, distribuindo cerca de 120 quilowatts (163 cv) por cada uma.
Em termos de potência efetiva às rodas, só o motor térmico do Project One de estrada chega aos 700 cavalos de potência, muito, muito perto do motor AMG Mercedes F1 V6 que atinge pouco menos de 800 cavalos de potência.
Estes cem cavalos a menos de diferença derivam do fato de que em estrada o V6 do Project One atinge um pouco menos de velocidade (o motor está limitado ao máximo de 11.000 rotações/minuto contra os 12.000 do F1) para ter maior fiabilidade, e também porque o Project One é alimentado por gasolina normal das bombas de combustível e não as gasolinas especiais usadas na F1.
Mas, apesar de tudo, a diferença de performances é curta, muito curta mesmo. E tudo isto comprova que ambos os carros empregam a mesma unidade de energia e não apenas motores semelhantes.
2.275 milhões de euros
O V6 híbrido do F1 e do Projecto One tem um único turbo e com a mesma configuração do motor de F1, um desenho original que a Mercedes introduziu pela primeira vez em 2014, seguida em todas as evoluções posteriores. A originalidade é que a turbina está localizada a meio do V do motor, ao contrário do que acontece em todos os outros motores turbo multi fracionados.
Em posição aproximada está o motor eléctrico, o qual desenvolve cerca de 90 kW (120 hp) e serve para eliminar o famoso turbo-lag, o atraso de resposta que ocorre entre o momento em que o carro acelera e os gases de escape fluem para dentro da turbina e a fase de “explosão” do compressor.
Mesmo a bateria de lítio é derivada da empregue na F1, mas neste caso é formado por mais células, porque por motivos de homologação para estrada, deve ser capaz de garantir uma autonomia em modo unicamente elétrico de pelo menos 25 km.
O Project One será construído numa pequena série limitada a 250 unidades, sendo produzido praticamente à mão cada uma dessas unidades que deverá ter um preço a rondar os 2.275 milhões de euros. E o primeiro cliente terá que esperar quase dois anos, ou seja, 2019, para receber o seu exemplar.