Após 27 anos de leais serviços, a Fat Boy beneficia de uma enorme atualização para 2018. Ciclística, motor, tudo é novo e surpreendente... mas 'o menino gordo' não perde a oportunidade para as piadas.
Fotos: cortesia "Moto-Station"
- "Bom dia, venho buscar a Harley-Davidson Fat Boy 2018 para um teste.”
- “Ela está mesmo atrás de si!", responde-me o encarregado do parque de imprensa da Harley-Davidson nos subúrbios de Paris. Olho para o objeto em questão e a minha primeira impressão solta-me a língua: "Uau, que fizeste? Estás diferente Fat Boy."
Na verdade, se a Motor Company às vezes se contenta muitas vezes em mudar apenas "duas ou três coisas" num de seus modelos antes de lhe dar o nome "novidade", sobre a última "Big Boy" a história é diferente. Para 2018, o gigante americano não foi de modas e reconstruiu mesmo a sua gama Softail. E, como um ‘chef estrela’, a Harley-Davidson fez uma revisão completa ao seu clássico menino gordo. Um modelo icônico que integra o catálogo da marca, lembrem-se, desde 1990.
"Faça a América de novo!"
"Faça a América de novo" é um slogan mais provocativo do que todas as frases de culto do filme Terminator 2, no qual a Fat Boy desempenhou um dos principais papéis. E em 2018, mesmo profundamente revista, a Fat Boy continua a ser uma Fat Boy, mesmo se o farol redondo enorme dá lugar a um rollover mais moderno (metal) com LED’s. E também as suas rodas continuam com um aspecto de donuts para comer sem conta e ficar gordo! O aspeto joga-se com as suas duas grandes flanges de alumínio e de grande beleza!
E para marcar melhores os espíritos que ficam mais nostálgicos pela época natalícia, existem os gordos pneus Michelin Scorcher 11 em 240/40 x 18 na parte traseira e 160/60 x 18 na frente! Enfim, o menino gordo, maciço e impressionante, continua fiel a si próprio, a comer rebuçados, fartura e bolos, sem pensar nas dietas que o pai lhe recomenda!
Gordo e impressionante!
Mas, apesar de tudo, o menino já reduziu um pouco do peso que tinha há um ano atrás, isto porque o pai (Harley-Davidson) lhe dá ao deitar com o leite quente uns comprimidos para uma dieta drástica, como a todos os seus irmãos da gama Softail 2018, cerca de quinze quilos a menos que devem ser considerados pelo menino gordo.
E também já se vê um pouco mais a cintura, isto porque a sela é ultra baixa (675 mm) e sua ergonomia geral melhorou no geral para se tornar num atleta “Fat”, algo até bastante favorável para uma voltas pelas estradas da Europa, bastante menos largas em relação às que se habituou a percorrer na High-Road do Tio Sam. Ok! E existem outras diferenças…
Por exemplo, do lado esquerdo o seletor duplo desapareceu para se juntar à lista de opcionais extra da Harley-Davidson, a buzina HD mantém a assinatura musical da marca, o que em conjunto com o troar do novo Big Twin de Milwaukee (1 868 cm3!) dá uma sonoridade apetecível para acordar qualquer sonolento e distraído condutor que lhe surja pela frente.
O primeiro contacto
Neste primeiro contacto com a Harley-Davidson Fat Boy 2018, esquecemos todas as motos desportivas, trail, scooters, motorizadas e fomos descobrir o que tem de mágico esta moto para sedutir o maior fanático das motos custom. Reencontrámos uma geometria de barcaça que já conhecíamos, e também, um centro de gravidade que dá para ‘esfumaçar’ o charuto enquanto conduzimos a 60, 70 km/h… facilidade desconcertante em relação ao seu peso anunciado de 317 kg que sobe para 319,8 kg com todos os líquidos na moto.
Óbvio, os enormes pneus têm um impacto real nas curvas, no ângulo, na mudança de trajetória, mas aqui, lembro que também o seu perfil redondo beneficia a manobrabilidade geral. E… que bom! Contra todas as probabilidades mostra boas capacidades urbanas, desde que você não precise se esgueirar como numa scooter.
Este muito bom equilíbrio a baixa velocidade é suportado pela suspensão traseira completamente revista na Softail de 2018. E mesmo que faças uma viagem curta vais notar que o novo amortecedor central funciona muito melhor do que os antigos da old friend Fat Boy. Afinal, a evolução não é apenas cosmética!
Fugindo às constipações… cof, cof, cof
O tempo está frio, gelado, brrrr. Será que vou apanhar uma constipação? Penso então no motor e no aquecimento que dele vem para as pernas… como uma vantagem.
O novo big twin 114 refrigerado a líquido revela uma velocidade de ralenti reduzida, perto das 870 rpm. A sua melodia no escape é muito filtrada, mas há mais…
A Harley-Davidson trabalhou na transmissão primária para torná-la mais silenciosa, mas a distribuição permanece ruidosa, e o arrefecimento do ar, através das barbatanas dos cilindros assistidos por um refrigerador de óleo de bom tamanho, coloca o motor rapidamente na temperatura ideal.
Ao parar num semáforo, o sistema de atraso do cilindro traseiro durante paradas prolongadas é acionado e o som do motor torna-se mais instável (cilindro único). Isto não é nada de novo a que a Motor Company não me tenha habituado.
Depois acelero e parece que a terra treme debaixo de mim, ou seja, parece-me mesmo que o motor de longo curso Milwaukee Eight 114 (102 mm de ar x 114,3 mm de curso) não vendeu totalmente a sua alma ao padrão Euro4. Felizmente!
Conclusão
O resultado é uma ótima moto, viva (mas com menos vibrações), e sensacional que claro, também não está isenta de defeitos: preço exorbitante, alguma ausência de equipamento de série, cuidados redobrados em estradas molhadas e super-aquecimento vindo do segundo cilindro.
Mas, apesar de tudo, o menino que continua ainda gordo fez-me uma promessa: “Este Natal vou comer menos bolos!” Vou fingir que acredito nele!