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Se antes a Honda CB 650F foi considerada uma moto ‘demasiado discreta’, agora, rejuvenescida em pequenos pontos (cruciais para a imagem e desempenho) ficou mais dinâmica que nunca, mas não menos versátil.
Fotos: Cortesia Moto-Station
Não é fácil suceder à CB600F Hornet, naked desportiva que tão popular se tornou graças ao seu desempenho e versatilidade. A CB650F apareceu em 2014, mas não teve o mesmo sucesso, nem conseguiu desencadear as mesmas paixões... Em 2017, o fabricante regressou, com um novo plano de ataque e mais poder de fogo! A nova Honda CB650F adota uma pintura de guerra e linhas mais agressivas - estilo CB500F de última geração-, recebe um novo Showk da forquilha, mais 4 cavalos, relações de engrenagem mais curtas, escapes mais espevitados, em suma, uma boa atualização.
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Fomos conhecer os seus méritos nas estradas sinuosas em torno de Barcelona, sob um sol encantador na Catalunha.
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Qualidade japonesa, montagem tailandesa
As novas Honda CB650F estão alinhadas em frente ao hotel. Ao vosso escriba calha uma de cor vermelha… É bom! Parece que as motos vermelhas rolam mais rápido... Inspeciono a novidade na companhia dos meus colegas de imprensa. Um deles procura a placa de produção… e nela está clara a proveniência: Tailândia.
Isto não é novidade, a CB650F, assim como a plataforma da CB500, são ambas montadas numa das fábricas asiáticas da Honda. Mas tranquilizem-se os fiéis. A qualidade de fabrico tailandesa em nada fica a dever à produção japonesa ou europeia deste fabricante.
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Na verdade, em termos de acabamentos, a CB650F deixa-me uma excelente impressão, bastando uma vista de olhos ao depósito, coberto por uma rígida proteção de borracha, aos seus autocolantes envernizados… Por outro lado ficou bem mais agressiva com a sua nova óptica LED e as tampas laterais que apontam para a frente.
Inclusive o seu novo sistema de escape - que não parece pesar três toneladas ou medir dez metros, como em alguns novos modelos que também aderiram à norma Euro4 – realça a impressão desportiva. Em resumo, uma cultura assente em facelift e testosterona, que torna a CB 650F bem mais apetecível mas sem perder a semelhança com irmã mais pequena de 500cc.
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Streetfighter, sim, mas bem feita
Para aqueles familiarizados com motos naked de 600cc, e mais com motores em linha de quatro cilindros, assumir o controlo da CB650F não é problema. Encontramos um universo e uma operação bem conhecida. E, para os pseudo-iniciantes, a CB650F tem algo para os tranquilizar com a sua ergonomia funcional, mesmo que o novo guiador incline o corpo ligeiramente para a frente, ao modo streetfighter.
No entanto, a facilidade é encantadora, conduz-se pela ponta dos dedos, mas com um som mais típico no escape, devido ao som de sucção melodioso saído da caixa de ar.
As deslocações urbanas são fáceis a bordo da CB650F de 2017. O seu equilíbrio natural permite ‘apagar’ o seu peso de 208 kg, a suavidade e a precisão dos comandos, incluindo o seletor da caixa, tornam-na muito fácil de dirigir.
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Na estrada...
São 8h45, Barcelona acorda. Os habitantes da bela cidade catalã vão trabalhar e o tráfego é denso. A CB650F encaixa-se no trânsito sem nenhum problema, com fluidez e eficiência. Dois dedos na alavanca para fazer atuar a embraiagem, uma boa aceleradela e a CB650F entrega ao asfalto a sua boa energia. Sem dúvida, os 91 cavalos anunciados parece-me bem na entrega!
No entanto, este modelo de 2017 mantém um aspeto bem conhecido do seu antecessor, ou seja, é muito mais musculoso na velocidade média do que explosivo nas últimas rpm disponíveis.
A CB650F marca aqui a sua diferença para a antiga Hornet 600. Isto traduz-se num motor cheio e efetivo entre as 4.500 e 6.500 rpm, acompanhado das ressonâncias da caixa de ar. Depois das 6.500 rpm, o impulso é reforçado até às 9.500 rpm. Temos assim mais torque do que na antiga Hornet 600, e também mais cavalos do que na CB650F de 2016, apesar do Euro4.
A Honda decidiu, acima de tudo, não negligenciar o desempenho… o que é uma boa notícia!
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Um 4 cilindros equilibrado
O equilíbrio do motor é, portanto, francamente bom, embora alguns digam que o caractere típico desta arquitetura do motor, bastante linear e relativamente oco em "baixo", é típico da configuração 4 dos cilindros.
No entanto, os muitos pinos de aceleração que marcaram o nosso teste, revelaram uma "calma" surpreendente abaixo das 4.500 rpm, que parece mais marcante do que na geração anterior. A curva de torque parece acasalar nesta faixa de rpm, penalizando ligeiramente as saídas de rotações. Durante o nosso teste, este fenômeno foi particularmente notável na segunda e terceira velocidades - este é provavelmente um dos efeitos colaterais (e indesejável) da norma Euro 4.
Vire à esquerda, à direita, triplo à esquerda, à direita, que fecha sem aviso prévio, seja o que for, a Honda CB650F literalmente jogando tudo o que tem para dar, graças à ciclistica simplesmente impecável nesta categoria. Nota-se bem o novo "efeito duplo" da válvula da forquilha Showa, que é sempre tão precisa.
Com boas suspensões a CB 650 F de 2017 oferece um dos melhores compromissos de agilidade / estabilidade no segmento médio! A sensação de controle em curva é total, um princípio quase dogmático para a Honda. Boas escolha também nos pneus, uns Dunlop D222 que acentuam em geral o feedback.
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CBR 650F ao estilo Fireblade
Durante este dia de condução, também tivemos oportunidade de experimentar a variante CBR650F. Com a sua pintura vermelha e preta inspirada na nova Fireblade, a CBR 650 F não perde o ritmo. A integração da nova carenagem é irrepreensível e as pequenas vibrações sentidas nos apoios para os pés da naked, são aqui ligeiramente melhor filtradas e não passam para a carenagem.
O peso do corpo que assenta nos pulsos é muito moderado, lembrando-me o universo Sport-GT de uma certa VFR800F... Além disso, em uso, o CBR 650 F está mais próximo da filosofia Sport Touring do que realmente desportivo. O motor, que compartilha com a naked CB 650F é a melhor prova disso mesmo.
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Conclusão
Na verdade, a CBR 650 F é uma ótima companhia diária, acolhe um passageiro de uma forma muito correta e até mesmo melhor que a maioria das naked de cilindrada média! A proteção da carenagem, sem ser perfeita, é suficiente para suportar uma auto-estrada com algum conforto. Muito apreciada em mercados como Inglaterra ou Estados Unidos, esta nova CBR 650F pode ‘cair bem’ em mercados como Portugal e Espanha, onde o apreço por motos desportivas ainda é considerável.
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A CB 650F tem um PVP de 7.500 euros e está disponível em cinco opções de cor: preto-mate, cinzento-mate, branco, azul e vermelho. É um valor perfeitamente aceitável.
Na carenada CBR 650F o custo de aquisição sobe a 8.500 euros, sendo disponibilizada em quatro tonalidades: preto-mate, cinzento-mate, branco e vermelho. Face aos argumentos e parecença com a desportiva Filreblade 1000, não deixa de ser uma opção aliciante, seja para motocilisticas mais experientes como para iniciantes que procuram a sua primeira moto desportiva.
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