Os automóveis elétricos têm um impacto significativamente inferior no aquecimento global, quando comparados com os de combustão, mesmo considerando um ciclo de vida completo.
entanto, este potencial pode ainda ser drasticamente reduzido, dependendo das escolhas energéticas europeias até 2030. Melhorar o impacto ambiental das baterias vai ajudar a atingir as metas estabelecidas pelo Acordo Climático de Paris.
A tecnologia “Vehicle-to-grid”(V2G) e a segunda vida das baterias, vão acelerar a implementação das energias renováveis e contribuir para uma melhor estabilidade da rede.
Um estudo levado a cabo, em França, pela European Climate Foundation, em conjunto com outras entidades, conclui que: comparativamente aos veículos movidos por combustíveis fósseis, os automóveis elétricos têm um impacto duas a três vezes inferior no aquecimento global. E isto, mesmo tendo em consideração todo o seu ciclo de vida.
Os benefícios que o estudo revela vão prolongar-se até 2030, mas poderão ser ainda melhores, se a aposta para desenvolver energias renováveis levar a um cenário 100% renovável (1).
Descarbonizar os transportes na Europa é a chave para alcançar os objectivos estabelecidos no Acordo Climático de Paris e o Clean Mobility Package, apresentado pela Comissão Europeia, em Novembro de 2017, reconhece o papel vital dos automóveis elétricos para que os objectivos climáticos da União Europeia sejam atingidos.
O estudo confirma que os automóveis elétricos são uma boa solução para o ambiente, mesmo tendo em conta as emissões decorrentes da produção de baterias.
O papel chave das baterias
Cerca de 40 por cento das emissões produzidas por um automóvel elétrico ocorrem durante a produção das baterias. Assim sendo, revela o estudo, melhorar o impacto ambiental das baterias na fase de produção será determinante para a descarbonização do sector dos transportes.
Em 2016, e considerando o seu ciclo completo de vida, um automóvel compacto elétrico emitia, em média, menos 63% de gases de estufa do que um veículo com motor térmico (12 t CO2–eq. e 33 t CO2– eq.) sem ter em consideração os créditos de reciclagem, e 70% quando considerados estes créditos (10 t CO2– eq. e 32 t CO2–eq.)
Por outro lado, a melhoria da eficiência energética das actividades produtivas irá permitir que o impacto dos veículos elétricos seja reduzido de 20 a 25% até 2030.
Melhorar o impacto ambiental da extração mineral, desenvolver baterias sustentáveis em termos de eficiência, peso e uso, bem como a promoção de boas práticas de reciclagem serão também parte da solução.
Aproveitar o potencial total das baterias
Ainda segundo o estudo, a mobilidade elétrica oferece inúmeras vantagens adicionais para a rede elétrica. A tecnologia vehicle-to-grid (V2G) pode ajudar a integrar as energias intermitentes e a estabilizar a rede de forma a reduzir ou mesmo eliminar os combustíveis fósseis do sector da eletricidade, quer pela implementação da carga inteligente, quer pelas cargas bilaterais (a eletricidade é exportada pelo veículo para a rede). Por exemplo, o potencial técnico da V2G em França, com 1.3 milhões de veículos (30% da quota em 2030), é de 45 GWh. Cerca de 10% deste potencial pode assegurar as necessidades das reservas primárias necessárias, para um período entre as 18h e as 20h, num dia de Inverno.
A segunda vida das baterias para armazenar eletricidade pode ser uma opção sustentável para o armazenamento de energias renováveis. Quando uma bateria perde um quarto da sua capacidade inicial pode ser reciclada”como um dispositivo de armazenamento de energia renovável. A energia renovável pode, portanto, ser armazenada quando está em excesso e, posteriormente, ser reinjectada na rede quando a necessidade é maior, ou pode ser usada para uso próprio. Se todas as baterias automóveis existentes, por exemplo, no mercado francês, em 2020, forem usadas para armazenamento de energias renováveis em 2030, o seu potencial técnico anual será de 8 TWh.
Citações
Laurence Tubiana, CEO da European Climate Foundation: “Descarbonizar o sector dos transportes é fundamental se quisermos estar alinhados com o Acordo de Paris. Este estudo mostra que os veículos elétricos podem continuar a sua proliferação, respeitando os nossos objectivos climáticos e ambientais.”
Jean-Philippe Hermine, Groupe Renault Environment VP: “A mobilidade elétrica é uma alavanca vital para acelerar a transição de energia e a implantação de energias renováveis.”
Marie Chéron, Fondation pour la Nature et l’Homme: “Este estudo é indicativo da magnitude das mudanças que temos de enfrentar. Um automóvel elétrico não é um automóvel convencional. Temos de o considerar de uma forma diferente e alterar a forma como o usamos. Se a indústria automóvel é um dos pilares da economia, a mudança para a mobilidade elétrica tem de ser a força motriz para uma economia responsável e compatível com os desafios climáticos.”