O potencial do Aston Martin DB11 equipado com o novo V8 alemão da AMG-Mercedes é enorme: acelera de 0 a 100 km/h em apenas 4,0 segundos e produz 503 cv de potência máxima. É um carro de sonho? Fomos conduzi-lo para tirar todas as dúvidas.
Candidato ao galardão “Car of the Year Awards”, promovido pela prestigiada publicação “What Car?”, o mais recente Aston Martin DB11, equipado com o novo motor V8 biturbo de 4.0 litros da AMG Mercedes foi o vencedor da categoria “Melhor Coupé do Ano”. Lançado em 2016 pelo fabricante de carros de luxo britânico, com a chegada no verão passado do motor de 4.0 litros e configuração V8 com duplo turbo, o seu sucesso foi imediato.
A propósito do prémio atribuído, Steve Huntingford, editor da “What Car?”, disse-me: "O DB11 sempre foi um carro impressionante, mas a adopção de um motor V8 tornou-o melhor do nunca. Esta nova variante está ainda mais ligeira do que a anterior com o bloco V12, tem menos peso no nariz, oferece uma performance fantástica, tem a combinação de conforto e luxo que os compradores de um coupé de prestígio querem. É simplesmente o melhor carro do seu género".
Não duvido nem por um segundo do que o Steve me disse, até porque o potencial deste Aston Martin é enorme: consegue acelerar de 0 a 98 km/h em apenas 4,0 segundos, debita 503 cv de potência máxima e tem um binário impressionante de 675 Nm.
No entanto, nada melhor que o conduzir para tirar da cabeça todas as dúvidas!
Oito não é necessariamente menos que onze!
Desloquei-me a Espanha para o experimentar, e embora o tempo não fosse o mais aconselhado para conduzir este luxuoso coupé – choveu sem parar – fiquei agradavelmente surpreendido com a resposta do novo motor V8. Mas, para começar, comecei por colocar uma questão a mim próprio… Na verdade, este novo DB11 com oito cilindros em V, levanta desde logo uma questão: qual é a soma certa de muito? Um carro desportivo precisa de uma quantidade completamente ridícula de potência em excesso, ou simplesmente deverá ter o suficiente?
Com a devida deferência à afirmação de Mark Donohue de que a superfluidez chega apenas com a capacidade de girar todas as rodas em cada engrenagem, esta versão de motor mais pequeno do DB11 é um excelente exemplo de que o ‘downsizing’ pode ser uma vantagem.
O DB11 V-8 é a primeira implementação do acordo da Aston Martin com a Daimler para usar o V-8 de 4,0 litros com turbo duplo dos alemães, o mesmo motor que serve outros modelos de alta performance nas gamas da Mercedes-AMG e Mercedes-Benz. Enquanto este motor não entra na cadeia de produção do Vantage, estreou-se no Aston DB11 com 503 cavalos de potência, a mesma potência do C63 S da Mercedes-AMG, contra os 600 cv do anterior V12 do DB11. Mas, o que se passa é que apesar da menor capacidade do V8, ambos os motores do DB11 têm saídas de binário praticamente idênticas, representando uma redução de mais de 8 quilogramas por comparação com o V12.
A aceleração do DB11 V8 de zero a 98 km/h consegue-se em 4,0 segundos, o que equivale a dizer que é mais lento apenas 0,1 segundo que o DB11 V-12. A velocidade máxima sofre um pouco mais, o DB11 V8 chega aos 300,98 km/h, 20,92 km/h menos que o V12… um valor praticamente insignificante! Infelizmente, no nosso contacto com o DB11 V8 em Espanha, não tivemos a oportunidade de confirmar esse valor.
Um dos principais benefícios do novo motor é que ele é mais compacto e mais leve que o bloco de doze. O DB11 V8 pesa 115 quilos menos que o irmão mais poderoso, sendo que a maior parte desse peso está no eixo dianteiro. Mas, pensando bem, tudo isto faz muito sentido.
Oito cabeças escondidas...
A boa notícia é que, quase ninguém vai saber que temos um V8 em vez de um V12 no Aston Martin DB11. Somente os olhos mais afiados serão capazes de detetar as diferenças que distinguem o V8: oticas do farol escuras em torno do LED, acabamentos das rodas novas e duas aberturas de ventilação no capô longo, em vez das quatro do V-12. Em todos os outros aspectos o carro parece idêntico, com o mesmo design musculado, perfil deslumbrante e habitáculo impecável, beneficiando este último de um sistema de infotainment com base nos Mercedes.
Porém, tal como no DB11 V12, devemos lamentar falta do habitual travão de parque manual colocada entre o assento do condutor e a porta; agora existe apenas um travão de estacionamento elétrico, com controle de comutação convencionalmente chato.
O som e a fúria
Quaisquer dúvidas que tenhamos sobre o potencial deste Aston Martin são dissipadas no momento em que o V8 acorda para a vida. Parece magnífico, mais sonante e mais raro do que o V-12 quando se aciona a ignição, despertando com um ‘brrrrap’ em vez do tom mais cremoso do doze cilindros. A partir de então, fica cada vez mais estridente à medida que sobem os regimes, grunhindo sob um tom leve, até ao som duro que emite nas mais altas rotações, que soam tão agradáveis no lugar do condutor como no exterior do habitáculo.
Nas performances é verdade que fica um pouco atrás daquilo que conheci no DB11 V12, mas por outro lado, sente-se mais intenso às velocidades que utilizamos no mundo real.
O motor AMG entrega o seu binário máximo num ponto mais alto dos regimes que o fracionado V12, mas essa entrega de potência é mais dramática, chega com um empurrão forte mais cedo, enquanto o motor maior leva mais tempo para aumentar o impulso.
Nos modelos AMG, o V8 funciona com uma versão de sete ou nove velocidades da caixa de velocidades G-Tronic da Mercedes, que usa uma embraiagem multipla em vez de um conversor de torque. No Aston DB11 o bloco V8 vem emparelhado com a mesma caixa ZF de oito velocidades automática do V12, mas com um design mais convencional, incluindo um conversor de torque.
O meu medo de que esta transmissão não conseguisse jogar bem com o muito compacto motor V8 cedo se dissipou. Percebi depressa que um leve toque no acelerador bastava para o motor ‘disparar’ literalmente a velocidades muito baixas - o DB11 precisa de ser manobrado cuidadosamente ao estacionar ou arriscamo-nos a machucá-lo! Colocado a um ritmo elevado é curioso como a transmissão oferece uma suavidade impressionante, as entradas de caixa são muito rápidas, rápidas o suficiente para rivalizar com uma caixa de dupla embraiagem.
Nas curvas do Pirinéus espanhóis
A entrega de binário no motor é a ideal, sobretudo para manter o controle de estabilidade ocupado nas estradas torcidas e molhadas dos Pirenéus espanhóis (no dia do nosso teste, a chuva caiu principalmente nas zonas montanhas). Mas essas más condições, também serviram para nos mostrarar que o equilíbrio geral do chassis era quase perfeito, com níveis de aderência dianteiros e traseiros que permitem que o grande cupê se sinta ágil, sem se tornar assustador.
O controle de estabilidade pode ser totalmente desativado - embora através de um processo complicado e moroso através de um submenu selecionado com os controles de controle do volante -, mas vale a pena porque o carro fica muito emocionante (muitíssimo é a palavra correcta) especialmente se tivermos inserido o modo Sport Plus mais agressivo. A redução da massa sobre o eixo dianteiro pode então ser sentida.
Conclusão:
Não direi que o DB11 V12 pareça um Cadillac Fleetwood dos anos 1970, mas o DB 11 V8 pareceu-me bem mais emotivo e ágil. O volante em si parece um pouco grande demais para o carro. No aspeto que emana, o DB11 pode ter sido projetado principalmente para passear ‘à grande’, mas pode passar perfeitamente como um carro desportivo pelos olhos de quem o vê. Há no entanto alguns obstáculos em estradas mais ásperas, onde os amortecedores variáveis no seu ajuste suave de GT é o mais aconselhável, mas mudá-los para o modo desportivo oferece um pouco mais de sensações sem um aumento significativo na dureza.
Para Portugal, ainda não há preços definidos, mas sabe-se que o V8 custará menos do que os 290.000€ do V12. Também sei que em Portugal já se venderam 4 unidades, o que não me surpreende nada, até porque este é um verdadeiro carro de sonho!.