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No próximo domingo, dia 18 de fevereiro, às 15 horas, milhares de motociclistas vão juntar-se em Lisboa (Praça do Rossio), Porto (Av. dos Aliados), Coimbra (Praça da República), Faro (Largo de S. Francisco), Funchal (Av. Sá Carneiro) e Ponta Delgada (Portas da Cidade), em manifestação que visa a defesa dos direitos e interesses dos motociclistas.
A responsabilidade da organização é do Grupo de Acção Motociclista (GAM) que, durante a manifestação em Lisboa, entregará ao Ministro da Administração Interna e a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República, o Manifesto Motociclista que anexamos.
Documento onde são apresentadas, de forma pragmática e objetiva, as razões de um protesto contra medidas adiantadas pelo Governo que apenas visam beneficiar o negócio das inspeções e das escolas de condução, à custa dos motociclistas e sem quaisquer benefícios em termos de segurança rodoviária.
O MANIFESTO MOTOCICLISTA DO GAM:
EM LUTA PELA VERDADE E NA DEFESA
DOS DIREITOS E LIBERDADES DOS MOTOCICLISTAS
Perfeitamente conscientes da importância do momento que vivemos, fulcral no respeito pelos
direitos dos motociclistas e pela memória das vítimas da estrada, o GAM - Grupo de Acção
Motociclista chama a atenção para as atrocidades, mentiras verdadeiramente ignóbeis, que vêm
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sendo proferidas pelo Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sobre a realidade da
sinistralidade nas motos. Declarações que tentam ludibriar a opinião pública no sentido de impor regras descabidas, contrariando mesmo a legislação europeia. Por isso, os motociclistas marcam uma posição clara e inequívoca contra as medidas com que o Governo quer prejudicar fortemente o sector, nomeadamente, a implementação das IPO às motos e a revisão da lei número 78/2009, respeitante à condução das 125 cc.
Contrariando as declarações do Ministro e de alguns representantes de negócios ligados ao sector rodoviário, declarações essas suportadas pela manipulação de dados, o GAM apresenta a sua posição fundamentada na análise da totalidade dos dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), disponíveis à data do anúncio de que “as motos matam cada vez mais”.
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"Os dados do GRÁFICO 1 são relativos ao número total de mortes em ciclomotores e motociclos
registados de janeiro de 1995 a novembro de 2017.
A ideia errada de que “as motos matam cada vez mais” é sistematicamente alimentada por
representantes de negócios ligados ao sector rodoviário, com o manifesto intuito de criar
alarmismo social e justificar medidas que apenas se centram no incremento de receitas."
O GAM anexa também dados da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) sobre a evolução do mercado, onde se constata um aumento significativo do parque circulante do
motociclos. "Analisando os dados do parque de motociclos circulante, verificamos no GRÁFICO 2 que o número de motociclos em circulação usado nos cálculos da ANSR é sempre inferior ao número de motociclos com seguro e que, em 2016, o número de motociclos com seguro chegou a ser 40% superior ao número de motociclos em circulação usado nos cálculos da ANSR! Mais, esta entidade que defende os direitos dos motociclistas, afirma que os relatórios da ANSR não contabilizam o aumento anual de motociclos em circulação resultante da venda de motos novas (dados ACAP)."
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"A evolução do número de vítimas por motociclos em circulação estará desta forma inflacionada
sempre que se considerar um número motociclos em circulação inferior ao real.
O que até ‘dá jeito’ para criar um clima de alarmismo social e justificar medidas que, de outra forma, jamais seriam aceites.
O cruzamento de dados permite-nos ainda, através do GRÁFICO 3, observar uma evolução
inequivocamente inversa do número de mortes e feridos graves em motociclos e ciclomotores,
com o número de motos a circular. Ou seja, contrariando aquilo que até seria de esperar e
minimamente aceitável, o número de mortes e feridos graves têm vindo a baixar
sistematicamente numa altura em que há um aumento exponencial de motos a circular provocado pelo recorde de vendas de motos novas."
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"O aumento pontual de vítimas em 2017, comparativamente com 2016, carece ainda de uma
análise causal profunda, mas é um facto incontestável que o aumento exponencial do número de motos em circulação e o fator clima, que proporcionou um ano praticamente sem chuva,
relativamente a 2016, levou a um aumento substancial de quilómetros percorridos por moto, fator diretamente relacionado com a sinistralidade rodoviária e crucial para a sua correta análise."
CONCLUSÕES:
1 - O Governo não pode analisar a evolução do número de sinistros sem considerar a evolução do universo em que estes ocorrem.
2 - As metas impostas para o número de vítimas na estrada devem acompanhar a evolução do universo onde estes ocorrem. 3 - O governo não deve ignorar os fatores causais dos sinistros, sob pena de continuarmos a ter um crescente número de taxas e regras que apenas aumentam o custo da mobilidade e a "caça à multa".
4 - A sinistralidade rodoviária não deve justificar medidas que não se relacionem com a sua prevenção.
5 - Medidas preventivas devem centrar-se ao nível dos principais ingredientes causais.
6 - Há que ser realista e perceber que existe relação direta entre o número de sinistros e o número de veículos em circulação e, mais importante ainda, o número de quilómetros percorridos.
7 - Não é a tirar proveito dos problemas que estes se resolvem, mas a identificar as reais causas e a encontrar as soluções que as previnam. Assim, é de importância vital a contínua abordagem ao fenómeno do trânsito e da sinistralidade de modo a que o número de vítimas da estrada continue a baixar, contudo, essa abordagem deve ser inequívoca. As vítimas da estrada não podem ser usadas para justificar a implementação de medidas que nada têm a ver com as causas dos seus acidentes.
6 questões essenciais do GAM - Grupo de Acção Motociclista
Porque estamos a protestar?
- Protestamos porque há manipulação sistemática dos indicadores de sinistralidade em prol de lobbies económicos e foram anunciadas medidas pelo Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que apenas se centram em interesses económicos e na caça à multa. O ministro nem sequer respondeu a um pedido conjunto de reunião da ACAP e da FMP-Federação Motociclismo de Portugal, representantes do sector comercial e dos motociclistas, que sentiram necessidade de elucidar o ministro sobre a realidade do panorama da sinistralidade com as motos.
Resumido contestamos: - A manipulação dos Indicadores de sinistralidade e do respectivo número de vítimas, em prol de lobbies económicos; - As inspeções às motos que não alterarão os índices de sinistralidade; - A anunciada revisão da Lei nº 78/2009 – lei que permite os possuidores de Licença de Condução Categoria B (ligeiros) com mais de 25 anos de idade, poderem conduzir motociclos de Licença de Condução Categoria A1, 125cc e potência máxima de 11kw.
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Se os carros vão à inspeção porquê que as motos não podem ir?
- A implementação das inspeções às motos é justificada como "uma medida importante para a redução da sinistralidade dos motociclos". Este é um falso argumento que apenas serve o pretexto de nos taxar justificando a obrigatoriedade das inspeções às motos que em nada se relacionam com a redução da sinistralidade. Existem 2 estudos que referem a percentagem de acidentes de moto causados por falha mecânica: - MAIDS report (EU): 0,3% (principal factor: problemas com os pneus). - Hurt Report (USA): 2.8% (causa principal: furo de pneu e consequente perda de controlo do motociclo).
Perante o resultado dos estudos citados o Parlamento Europeu concluiu que não fazia sentido estar a criar uma Directiva Comunitária para normalizar as inspecções às motos e adiou para 2022 uma nova abordagem ao assunto. De notar que ambos os estudos dão a falha dos pneus como principal causa dos acidentes por falha mecânica. A falha dos pneus está, em grande parte relacionada com as condições da via e a qualidade do piso. Não aceitamos que nos obriguem a pagar uma inspeção à moto quando em 99,7% dos acidentes a culpa não é da moto; é uma medida no mínimo injustificável considerando o que representa em termos de custos/benefícios. Se a preocupação é a sinistralidade, então as medidas preventivas devem centrar-se ao nível dos principais ingredientes causais e não no incremento de receitas. Os principais ingredientes causais estão identificados e só não são tomadas medidas apropriadas à sua prevenção porque, ao fazerem-no estariam a fragilizar o modelo de negócio actual. A prioridade deste negócio sempre foi e será lucrar com a sinistralidade. Não aceitamos que usem as vitimas da estrada para nos taxar.
Então e as motos que andam por aí “ilegais”?
- Essas não vão de certeza à inspeção. Além do mais, as motos com pneus carecas, sem espelhos, sem piscas, com matriculas ilegais ou a exceder os limites de ruído, já são alvo de fiscalização redobrada por parte das autoridades policiais. O trabalho de fiscalização é já um dever da policia, trabalho esse já pago por todos nós. Querem transformar um dever da policia num negócio de privados. A autoridade que fiscaliza o transito não deve ser paga só para andar à caça da multa.
Qual é a solução para as inspeções às motos?
- São os interessados na implementação da obrigatoriedade das inspeções às motos que têm a obrigação e o dever moral de apresentar as mais-valias efetivas em termos de prevenção e redução da sinistralidade dos motociclos.
Não são os motociclistas que querem as inspeções às motos. O que os motociclistas querem é que, a existirem inspeções, estas lhes garantam uma mais-valia e que, a provar-se o contrário, os centros de inspeção sejam responsabilizados.
O que não se prevê face ao panorama das “inspeções periódicas obrigatórias” em vigor. É inaceitável obrigarem-nos a pagar um serviço que não nos dá quaisquer garantias.
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Porque não deve ser revista a lei 78/2009 - das 125cc?
- Porque ao contrário da mensagem que passou nos media, e das palavras do Ministro da Administração Interna, não houve um aumento de sinistralidade provocado pelo significativo aumento do número destes veículos a circular desde que a lei foi aprovada em 2009.
Na prática foi dada a oportunidade dos cidadãos poderem optar por um veículo muito económico e de uso sobretudo citadino, o que está a contribuir de forma muito significativa para gestão de espaços e o descongestionamento das grande cidades. Refira-se que esta lei deriva de uma Directiva Comunitária adoptada em praticamente toda a Europa e com resultados muito positivos em termos de mobilidade, economia, redução de poluição, gestão de espaços urbanos e tudo isto com resultados nada alarmantes em termos de sinistralidade.
De que manipulação da sinistralidade estamos a falar?
- Estamos a falar da manipulação dos Indicadores de sinistralidade e n.º de mortos em prol de lobbies económicos. O argumento da segurança é, nos dias de hoje, uma ideia sistematicamente usada por negócios ligados ao sector rodoviário, de modo a criar alarme social, manipular a opinião pública e leva-la a aceitar todo o tipo de taxas, limitações e perdas de liberdade.
Mais informações em: http://bit.ly/2C0EvWX http://bit.ly/2FUtV6h
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