Apesar dos SUV se tornaram cada vez mais num membro de numerosas famílias, a verdade é que as carrinhas continuam a dar cartas, e um dos mais recentes exemplos é a Sportbrake 25d AWD da Jaguar. Feita à imagem e semelhança da berlina XF, alia elegância e utilidade quanto baste para agradar ao chefe de família!
A Jaguar XF Sportbrake 25d AWD vem equipada com um bloco 2.5 litros turbodiesel de 240 cv, completado com um sistema de tração integral, duas características que desde logo a tornam em algo de apetecível. É uma carrinha de muito sucesso, a nível global, mas nem por isso em Portugal, devido ao seu preço penalizador: 77.257 euros.
Este modelo não é novo. Foi lançado em 2013 para combater as bem sucedidas BMW Série 5 Touring e Mercedes-Benz Classe E Station, tarefa não muito fácil para a marca britânica, que nos primeiros tempos ‘reservou’ o sistema de tração integral às versões a gasolina - por compromissos óbvios para com a clientela norte-americana. A XF Sportbrake foi lançada para agradar a alguns dos clientes da Jaguar que não se reveem no F-Pace - que não desejam andar num carro que custa a entrar devido à altura ao solo, ou por outra razão, não saiam da marca em busca de uma carrinha premium.
Oferecendo à XF Sportbrake um aspeto mais próximo de uma “shooting brake”, disfarçando a ideia de uma carrinha tradicional que, é verdade, tem estado a perder fulgor no mercado europeu, a marca britânica está agora muito mais próxima de alcançar os seus objetivos. No entanto, a renovação das gamas XE, F-Pace e XF em 2017, trouxe novidades que por fim chegaram à XF Sportbrake e que não se ficam pela tração às quatro rodas.
As novidades que chegaram
O novo motor Ingenium 25D de quatro cilindros (estreado no Land Rover Discovery) tem dois turbos, melhorias ao nível da pressão de injeção e da gestão térmica. Capaz de debitar 240 cv e 500 Nm de binário, com a vantagem da tração integral, esta carrinha oferece agora uma resposta mais pronta ao toque no pedal de acelerador, mais convergente com as necessidades de estabilidade em curva, mas também é verdade que devidos aos seus 1805 kg de peso os consumos nunca nos baixaram dos 7,0 litros/100 km num trajeto misto de cidade, estrada e auto-estrada.
Se entre os bancos dianteiros e o para choques frontal é tudo igual a um comum XF, as diferenças começam a partir do banco traseiro, sendo de destacar os 565 litros da bagageira que se estendem aos 1700 litros com os bancos traseiros.
Sendo verdade que estes valores ficam longe da Mercedes Classe E Station, também é uma realidade que isto pouco importa para o cliente tipo da Jaguar. Importante, é ter um rebatimento perfeito dos bancos traseiros através de controlo elétrico, a bagageira que toda trabalhada para oferecer poucos obstáculos á entrada de objetos, com vários pontos de ancoramento e divisórias amovíveis.
É o veículo ideal para quem vai ás compras e não gosta de ter nada espalhado pela mala, que facilmente se arruma e que é das mais simples de usar, contando com abertura e fecho elétrico do portão da bagageira.
Equipamento de série e opcionais
Inserida no segmento Premium, a Jaguar XF Sportbrake carrega consigo uma enorme lista de opcionais que permite o preço escorregar, alegremente, até perto dos 90 mil euros. E não é preciso muito!
O equipamento de série conta com as saídas de ar do sistema de climatização (ar condicionado bizona) que se fecham quando desligamos o carro, passando pelo ecrã central de 8 polegadas sensível ao toque e capacitivo, streaming de áudio e integração com smartphones via Buetooth, fichas de entrada USB e AUX, enfim, uma longa lista de equipamento que pode ser complementada com a referida lista de opcionais.
Mas notam-se algumas ausências: Android Auto e Apple CarPlay e mais alguns detalhes. Um deles reside no sistema de navegação com algumas imprecisões e uma velocidade de reação que não é das melhores.
Interior a precisar de melhoramentos
Olhando para o interior, a Jaguar precisa de fazer alguma coisa pois tudo começa a ficar algo datado no estilo, porque na qualidade faz jogo quase igual com os rivais. A sensação ao toque não é a mesma que sentimos numa carrinha BMW, Mercedes ou numa Volvo. Por exemplo, os comandos da climatização, digitais, parecem de menor qualidade, assim como outros pormenores aqui e ali.
O estilo minimalista é de bom tom, mas olhando para o interior, um Audi, por exemplo, está alguns pontos acima. No que se refere a espaço, a XF Sportbrake é naturalmente mais apetecível que a versão de quatro portas: o tejadilho oferece um pouco mais de espaço em altura ao nível da cabeça, mantendo-se a excelente nota no que toca ao espaço para as pernas. A posição de condução ideal encontra-se, rapidamente, graças ás amplas regulações de banco e volante, o botão situado na consola central coloca rapidamente o motor em funcionamento.
A condução
A XF Sportbrake comporta-se tão bem como a versão de quatro portas, ou seja, controla de forma perfeita os movimentos da carroçaria – os modos de condução também ajudam, como o modo Sport que endurece a suspensão sem chegar ao desconforto – anula os saltos provocados por estradas deterioradas, promovendo o conforto a bordo.
A versão que ensaiámos conta com o motor Ingenium 2.0 litros turbodiesel, cuja potencia chega às quatro rodas através de uma caixa automática de 8 velocidades e um sistema de tração integral que, na maioria do tempo envia tudo para as rodas traseiras, e só quando as coisas se complicam faz uso do eixo dianteiro para ajudar.
É possivelmente um dos melhores carros no que toca ao compromisso comportamento/conforto. A direção é precisa e faz aquilo que ordenamos ao volante, com um eixo dianteiro que só arrasta quando, literalmente, atiramos este carro de dimensões generosas para dentro da curva. Menos conseguido é o binómio motor/caixa. Seja qual for o modo de condução, muitas vezes parece que estamos ao volante de um Toyota Prius, pois a aceleração não condiz com a velocidade, particularmente em situações de arranque. Aqui, os rivais fazem melhor.
Ainda que o motor seja muito bom não parece dispor do refinamento que os blocos da BMW ou da Volvo oferecem. Outro aspeto menos positivo é a insonorização, não é de facto a melhor e alguns ruídos chegam ao habitáculo, particularmente na traseira.
Conclusão
É uma carrinha atraente, com uma boa bagageira e um equipamento aceitável, um comportamento excelente e um refinamento que lhe permite estar entre a elite do segmento Premium.
O seu preço, quase 80 mil euros, não é um escândalo num segmento como o seu e muitas das qualidades do Jaguar XF Sportbrake justificam esse valor. Enfim, uma séria alternativa ao BMW Série 5 Touring e Mercedes Classe E, mas que fica a alguns pontos do Volvo V90, provavelmente, o melhor do segmento.
FICHA TÉCNICA
Jaguar XF Sportbrake 25d AWD
Motor/
4 cilindros em linha, injeção direta, turbodiesel; Cilindrada (cm3) 1999; Diâmetro x curso (mm) 83 x 92,4; Taxa compressão 15,3; Potência máxima (cv/rpm) 240/4000; Binário máximo (Nm/rpm) 500/1500;
Transmissão e direcção/
Tração integral, caixa automática de 8 vel.; direção de pinhão e cremalheira, com assistência elétrica
Suspensão (fr/tr)/
Independente tipo McPherson; independente multibraços com suspensão pneumática;
Dimensões e pesos (mm)/
Comp./largura/altura 4955/1987/1496; distância entre eixos 2960; largura de vias (fr/tr) 1605/1607;
Travões fr/tr. /
Discos vent.; Peso (kg) 1805; Capacidade da bagageira (l) 565/1700; Depósito de combustível (l) 66; Pneus (fr/tr) 245/45 R18
Performances e preços
Aceleração 0-100 km/h (s) 6,7;
Velocidade máxima (km/h) 241;
Preço da versão ensaiada (Euros)
77.257