A equipa da fábrica da Ducati apostou na contratação de Jorge Lorenzo. Mas antes que as negociações para 2019 começassem, o espanhol já estava na Honda.
Seis pontos depois de quatro corridas na temporada de 2018. Antes disso, três pódios (duas vezes terceiro e um segundo) ao longo de 2017. A Ducati Corse precisou de muita paciência com o três vezes campeão mundial de MotoGP (2010, 2012 e 2015) Jorge Lorenzo, antes do maiorquino levar duas vezes ao triunfo a Desmosedici em junho de 2018, em Mugello e Montmeló, num espaço de apenas duas semanas.
Com a Ducati Corse de ‘rédea curta’ para os gastos deste ano, era legítimo pensar que o CEO Claudio Domenicali, Gigi Dall'Igna e Paolo Ciabatti pensassem em soluções mais baratas para 2019. Até porque, com um salário anual de 12,5 milhões de euros, todos esperavam mais de Lorenzo mais do que o sétimo lugar no campeonato do mundo em 2017.
Mas chegados à primavera de 2018 uma questão passou a ser muito falada no paddock. Como pode a Ducati persuadir Lorenzo a renunciar a grande parte dos seus honorários no futuro? Será que o orgulhoso maiorquino aceitaria correr com três, cinco ou seis milhões a menos de Borgo Panigale? Terão as negociações para 2019-2020 com a Ducati falhado por causa de dinheiro?
Petrucci foi a melhor solução financeira
Atualmente Jorge Lorenzo ocupa o sexto lugar no mundial de MotoGP com 85 pontos, apenas mais 1 ponto que Danilo Petrucci nas contas do campeonato. O piloto da Pramac Ducati que foi segundo em Le Mans é esperado em 2019 nas Ducati oficiais onde vai auferir um salário de 1 milhão de euros – muito acima dos 200 mil euros ganhos na Pramac em 2017, mas também, muito abaixo do salário de Lorenzo.
"Danilo é sempre um piloto divertido", considera o diretor desportivo da Ducati, Paolo Ciabatti. "Ele gosta de brincar em qualquer situação. Essa é uma das razões pelas quais gostamos dele ".
Já em relação a Lorenzo, Ciabatti confessa: "Nunca chegamos a um ponto este ano em que poderíamos conversar com o Jorge sobre o dinheiro para o futuro". Na realidade, a Ducati preferiu esperar pelo resultado do GP de Mugello para só depois decidir sobre a oferta de um salário a Lorenzo. Porém, este plano foi por água abaixo. Isto porque o dono da Pramac, Paolo Campinoti, tinha dito duas semanas antes em Le Mans que Petrucci iria substituir Lorenzo na Ducati, e três ou quatro dias depois, o CEO da Ducati, Claudio Domenicali, praticamente confirmou essa possibilidade aos jornalistas italianos que são como ‘veneno’ no paddock do MotoGP – conheci-os bem no tempo em que por lá andei!
Lorenzo: sem problemas na Honda
Face a estes acontecimentos, Jorge Lorenzo começou à procura de um lugar para 2019 na concorrência. Assim, somando um mais um, e percebendo que a possibilidade de um contrato com a Suzuki há muito tinha estoirado, contactou a Repsol-Honda e a HRC, antecipando-se assim à decisão sobre a sua continuidade na Ducati.
O maiorquino sabia que os japoneses estavam há muito há procura de um sucessor para Dani Pedrosa. E a Honda nem pensou duas vezes. Será em 2019 colega no HRC de Marc Márquez que conseguiu quatro títulos de campeão do mundo em cinco anos no MotoGP… e além disso, são amigos. E assim termina a história desta contratação, com uma formação totalmente espanhola na Repsol Honda (Márquez e Lorenzo) e outra totalmente italiana para os lados do Team Ducati (Dovizioso e Petrucci)… solução que do ponto de vista financeiro é até bastante mais compensatória para as hostes ducatistas…