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REDAÇÃO

ENTREVISTA | Marc Márquez, o triturador de recordes!


O PILOTO ESPANHOL DE CERVERA, FALA DA SUA QUINTA COROA DE MOTOGP EM APENAS SEIS ANOS, DO MODO COMO RELAXA DE BICICLETA, DA PRESSÃO DE SER LÍDER DOS GP… MARC MÁRQUEZ TEM APENAS 25 ANOS E MUITO CAMINHO PELA FRENTE!

Óbvio que, não o afirma, mas subentende-se essa possibilidade: o objetivo de bater os nove títulos mundiais da lenda viva do MotoGP, Valentino Rossi. Nesta entrevista ele revela os momentos cruciais da temporada de 2018 do Campeonato do Mundo de MotoGP até ao momento, que o ajudaram a selar o seu quinto título em seis anos de corridas de motos a nível de elite.

Márquez venceu o GP do Japão em Motegi, logrando uma diferença pontual para o italiano Andrea Dovizioso e para a lenda do MotoGP, Valentino Rossi, suficiente para selar o seu quinto título mundial e com a tenra idade de 25 anos. Se incluirmos os triunfos de 125cc e de Moto2 de 2010, o piloto de Cervera totaliza sete títulos mundiais, só precisando de mais dois para igualar Rossi na classificação de 500cc / MotoGP de todos os tempos, e três para igualar Giacomo Agostini. Aqui fica uma entrevista exclusiva de Márquez no Japão.

Quem foi o piloto surpresa da temporada para ti? O que mais te impressionou?

- Já estava à espera de uma rivalidade muito forte com (Andrea) Dovizioso e ele foi muito, muito rápido mas, talvez, o que mais surpreendeu numa altura da temporada foi Jorge Lorenzo, porque ele foi muito, muito forte na corrida de Mugello. Ele surpreendeu-me, porque no ano passado ele lutou muito com a Ducati e este ano ele foi muito rápido.


O momento decisivo de 2018 até agora?

- "Aragão porque, na segunda parte da época que começou em Brno (GP da República Checa), os pilotos da Ducati foram muito, muito fortes, muito rápidos e venceram todas as corridas. Eles estavam a ‘apanhar-me’ passo a passo e era importante em Aragão parar essa filosofia. Isso foi bom porque consegui ganhar, aumentar a minha vantagem e recuperar a confiança."


Como comparas o teu título de 2018 com o teu título de 2017?

- "2017 foi mais difícil em termos de concorrência. Comecei de uma forma muito boa esta temporada. Consegui uma vantagem e é mais fácil gerir a tua confiança nessa situação. Já a última parte da temporada de 2017 foi completamente diferente, estávamos a lutar com o Dovizioso e foi muito mais stressante com tão poucos pontos entre nós."


"Gosto de ter pressão

porque quando a tenho trabalho melhor"

Como lidas com a pressão? Qual é a melhor maneira de relaxar?

- "Gosto de ter pressão porque quando a tenho, eu trabalho de uma forma melhor. Eu tenho motivação extra e concentração extra. Eu gosto disso.

Claro que às vezes num GP em casa, ou algo assim, tudo faço para a tentar esquecer e a melhor maneira de esquecer essa pressão é andar de bicicleta. Apenas deves confiar nos teus instintos, confiar no teu talento, pedalando até conseguir encontrar um bom humor."


Como te sentes quando és líder do campeonato e o piloto que todos sempre querem vencer?

- "Isso é talvez a coisa mais difícil. Ser sempre o tipo que todo mundo quer bater. Por exemplo, em algumas corridas eu termino em terceiro ou fora dos pontos, e as pessoas dizem: 'Por que você terminou em terceiro?' Este tipo de pressão é o mais difícil de controlar porque você sente a pressão dos fãs e especialmente da imprensa e dos jornalistas. Eu sei que a cada final de semana preciso lutar pela vitória, porque, do contrário, as pessoas perguntam: 'O que está acontecendo?' É uma boa maneira também entender que estamos lá e que temos o nível."

Os registos de recordes nas estatísticas do MotoGP / 500cc existem para serem quebrados. Tens sempre os mesmos na tua mente ou só pensarás neles quando te reformares?

- "Para ser honesto, nunca pensei sobre esses registos ou nunca pensarei neles. Eles aparecerão naturalmente se trabalhares de uma boa maneira. Precisas de aproveitar cada momento e eles vão acabar por chegar. As estatísticas são, obviamente, importantes, mas mais importante são os títulos. Tentar lutar a cada temporada por um novo título."


"A melhor gasolina é o sucesso"

Onde encontras a motivação?

- "Durante um ano, nem sempre se consegue estar concentrado ao máximo. Há corridas melhores e piores. Momentos em que te sentes imbatível e outros em que tens dúvidas. É aí que tens que procurar o equilíbrio. E para encontrar o equilíbrio, qual é o melhor remédio?

Ganhar Ganhar e estar no pódio porque carrega baterias. Fazes uma boa corrida, chegas a casa e é como se não tivesses corrido, o corpo pede mais. Fazes uma má corrida, chega a casa e estás cansado. A melhor gasolina é o sucesso."

Qual foi a melhor ultrapassagem que fizeste na tua carreira?

- "É difícil dizer. Uma das melhores, que eu tenho registado na memória, foi em Indianápolis, não sei se em 2013 ou 2014, a Lorenzo e Valentino - acho que eles estavam, na segunda curva, ambos ao mesmo tempo e foi no meio da corrida. Visto na TV nem parecia muito espetacular, mas tinha muito pouco espaço, poucos metros para desacelerar e passei os dois de uma só vez.

Mas, por exemplo, ultrapassar pilotos como Valentino, Lorenzo, Dovizioso e Pedrosa não é o mesmo que o fazer a outro piloto."



"O pior de ser Marc Márquez é não ser uma pessoa normal"

Existe uma desvantagem por seres o Marc Márquez?

- "Não ser um rapaz normal Eu sinto falta disso. Lutei para entender isso em 2013-2014, que houve um 'boom' na minha carreira. Não sendo capaz de ser um rapaz normal, cansa-me porque gosto de o ser, porque sou muito sociável e gostaria de ir a todos os lugares, mas compreendi que não podia ser."

Consideras que um piloto de motos é forçado a dar show? Esforças-te por isso ao fim de cada triunfo no MotoGP...

- "Acho que sim. Bem, não é obrigatório, mas, como eu sempre digo, eu corro e quando a corrida termina e venço fico muito feliz mas a adrenalina está no corpo está ao máximo. Muitas vezes temos de esperar na corrida para chegar às últimas voltas e atacar, e essa é a beleza deste desporto que também é um grande espetáculo."


Gostas da personalidade de Lewis Hamilton na F1?"

- "Hamilton é muito talentoso. O estilo de vida é bastante diferente. Lewis e eu conversamos bastante pelo Instagram, Twitter, chats privados. Admiro-o muito e, sempre disse que depois do Fernando Alonso - porque ele é espanhol - o segundo que mais gosto é Lewis Hamilton. Ele tem algo diferente e desejo que seja 5 vezes campeão como eu."


"Espanha e Itália são os meus lugares preferidos. A comida e o clima são perfeitos."

Gostas de viajar, de estar num lugar diferente a cada semana?

- "Não, especialmente quando a viagem é entre as corridas. Cheguei a Phillip Island na terça-feira e poderia ter estado em Melbourne por dois dias ou um, mas prefiro ir direto e descansar. Mesmo se não fizer nada e disser: 'que chato'. Estando de férias é diferente. Fico com outra mentalidade, mas agora não estou de férias."


E quando não há corridas?

- "Gosto de estar em casa, ou ir a algum lugar para ficar por esse lugar. Agora andar com a mala, agora vou ver isto ou agora vou ver aquilo, isso não gosto."


Dos países que conheceste, existe algum onde gostarias de viver?

- "Já fui a quase todo o mundo, mas Espanha e Itália são os meus lugares preferidos. A comida e o clima são perfeitos."

Estás prestes a tornar-te independente com 25 anos...

- "Sim, mas vou viver muito perto do meu pai e da minha mãe. É verdade, estou a fazer a minha casa, mas a casa dos meus pais ficam a cinco minutos caminhando."


Não tens namorada, isso é para não te distraires nas corridas?

- "Não tenho namorada porque ainda não chegou esse dia. E um dia virá. Não sei se daqui a uma semana ou daqui a dez anos. Mas é a lei da vida."


Existe alguma coisa que gostes de fazer na vida onde não haja gasolina ou duas rodas?

- "Poucas. No inverno gosto de esquiar mas são cinco ou seis dias apenas. Procuro sempre algo mais como jogar futebol com os amigos. Mas um 'passatempo' não relacionado com desporto não tenho."

Como vês a diferença entre um bom piloto, um campeão e um super campeão?

- "Um bom piloto é aquele que anda rápido. Todos os pilotos de MotoGP são rápidos. Um campeão, acho que é aquele que é rápido e pensa sobre a moto; um super campeão, vai rápido, pensa na moto, mas no momento chave não falha."




O quinto melhor de sempre...

O histórico de titulos mundiais na prova rainha do motociclismo tem o italiano Giacomo Agostini como o campeão de sempre mais bem sucedido, com um total de 8 galardões (68 vitórias), na frente de Valentino Rossi (ITA) com 7 títulos de campeão, de Mick Doohan (AUS) e de Marc Marquez (ESP), ambos com 5 títulos mundiais, muito embora o piloto de Cervera seja o piloto mais jovem de sempre (aos 25 anos de idade) a garantir esse pecúlio.

Após igualar Doohan nos títulos de campeão do mundo em 2018, Na nossa opinião Marc Márquez deve ser considerado o quinto melhor de sempre no histórico de 500cc / MotoGP do Mundial de Velocidade, mas apenas porque perde no confronto de vitórias (54/43) com o lendário piloto australiano.

E passamos aos triunfos. Esta estatística é dominada por Rossi com um total de 89 vitórias na classe rainha, à frente de Agostini (68), Doohan (54) e Jorge Lorenzo (47).

Marc Márquez é o quinto melhor de sempre com 43 triunfos, mas com apenas 25 anos de idade pode perfeitamente alcançar em poucas temporadas os números de Doohan e Lorenzo.

Já na ‘batalha’ pelas pole-postions Mick Doohan é o Nº1. O australiano garantiu por 58 vezes a volta mais rápida nos treinos de qualificação, seguido de perto por pilotos da era atual como Rossi (55), Márquez (51) e Lorenzo (43). Agostini por exemplo, nunca foi além das 6 poles. Rossi está muito perto desse recorde, mas face à sua juventude Márquez é o melhor colocado para vir a bater o australiano.


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