INDÚSTRIA | BMW, BASF e Samsung aliam-se num projeto de mineração no Congo
- REDAÇÃO
- 9 de dez. de 2018
- 4 min de leitura

O BMW GROUP, A BASF SE, A SAMSUNG SDI E A SAMSUNG ELECTRONICS LANÇARAM UM PROJETO PILOTO PARA MELHORAR A MINERAÇÃO SUSTENTÁVEL DE COBALTO NO CONGO. PORÉM, CADA VEZ QUE UTILIZAR UM TELEMÓVEL OU UM AUTOMÓVEL ELÉTRICO… PENSE DUAS VEZES! SAIBA PORQUÊ.
Como parte de uma iniciativa intersetorial, as empresas BMW Group, BASF SE, Samsung SDI e Samsung Electronics lançaram um projeto-piloto de cobalto na República Democrática do Congo. Um contrato para este efeito entre as empresas, juntamente com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, terá como objetivo melhorar as condições de trabalho da mineração artesanal, bem como as condições de vida das comunidades vizinhas. O projeto abrangerá uma mina piloto nos próximos três anos e os parceiros não operarão a mina.
O projeto, inteiramente financiado por recursos privados, busca pilotar uma abordagem para enfrentar os desafios da mineração artesanal. Como se limita a uma mina piloto e à comunidade envolvente, procura contribuir para identificar soluções viáveis que conduzam a melhores condições de trabalho no local da mina. Se for comprovadamente eficaz, essas medidas poderão ser ampliadas para outras minas artesanais legais e aumentar os desafios sistémicos a longo prazo.

O cobalto é um componente chave na produção de baterias para as indústrias automóvel e eletrónica. As maiores reservas conhecidas do mundo dessa matéria-prima são encontradas na República Democrática do Congo. A mineração industrial é responsável por aproximadamente 80-85% da produção de cobalto congolesa, com operações de mineração artesanal produzindo os 15-20% restantes. Atualmente, as empresas estão enfrentando desafios nas áreas de meio ambiente, saúde e segurança e direitos humanos quando o cobalto é extraído através da mineração artesanal.

Esta é a primeira vez que parceiros das indústrias automotiva, química e de produtos eletrônicos de consumo se unem em um projeto no terreno para enfrentar os desafios da mineração de cobalto artesanal na República Democrática do Congo. Este projeto piloto se baseia em um estudo de viabilidade conduzido em conjunto pela GIZ e pelo BMW Group. As percepções obtidas a partir de visitas a várias minas artesanais, entrevistas com os interessados e pesquisas de mineiros e membros da comunidade foram fundamentais para a formação dessa abordagem de projeto.
Este projeto também contribui para os objetivos de iniciativas globais, como a Global Battery Alliance (GBA), para fomentar cadeias de fornecimento sustentáveis.
Pense duas vezes antes de usar um automóvel elétrico ou adquirir um telemóvel, porque algures no mundo, na República Democrática do Congo ou na China, seres humanos estão a pagar muito caro a exploração de Cobalto e de outros minerais. Senão veja:
O deserto contaminado de Kipushi

Perto da cidade de Kipushi, no sul do Congo, há um deserto artificial. Até à década de 1990 funcionava aqui uma mina. Vários quilómetros quadrados de solo estão contaminados: não cresce aqui nada há décadas. O rio também está poluído. Mas a mineradora canadiana Ivanhoe Kipushi quer explorar cobalto na região. Há casos frequentes de malformações congénitas em recém-nascidos, dizem médicos locais.
Procura cada vez maior
O Congo é responsável por 60% da produção mundial de cobalto. Este metal raro é necessário para as baterias de lítio usadas em smartphones, computadores portáteis e carros elétricos. Por causa do rápido aumento da procura, os preços triplicaram nos últimos dois anos. Crianças, mulheres e homens que trabalham nas minas estão expostos a várias toxinas.
Partos prematuros

Dois bebés prematuros estão numa incubadora no Hospital St. Charles Lwanga, em Kipushi. "Suspeitamos que o elevado número de nascimentos prematuros nesta região está relacionado com a contaminação por metais como o cobalto," diz Tony Kayembe, investigador da Universidade de Lubumbashi e membro do grupo de pesquisa internacional. A maioria dos moradores de Kipushi trabalha nas minas de cobalto.
Crianças doentes

Adele Masengo tem cinco filhos. O marido trabalha numa mina de cobalto. A filha mais velha ficou cega aos 12 anos. Além de um aborto espontâneo, Adele teve um bebé com malformações, que morreu logo após o nascimento. Ainda não sabe se foi por causa do cobalto. "Quando os meus bebés nasceram, tiraram-lhes sangue, mas nunca conseguimos saber os resultados", diz.
Recursos atraem violência e oportunistas

Nas províncias da região oriental da República Democrática do Congo (RDC), tesouros como ouro e estanho atraem milícias oportunistas. Estes grupos violentos exploram pessoas, incluindo crianças, na extração dos chamados "minerais de conflito" – como são o ouro, o cobalto e o coltan. Com as receitas angariadas, os grupos compram armas para conquistar mais territórios e assim, perpetuam o conflito.
Pagar “o preço humano” por telemóveis

A cassiterita é apenas um dos minerais usados na fabricação de telemovéis. Metade da produção mundial destes minerais vem da África Central. A exportação de estanho, ouro e outros minérios da RDC tem estado sob vigilância desde 2010, altura em que entrou em vigor, nos Estados Unidos da América, a lei que exige que as empresas americanas assegurem que não trabalham com "minerais de conflito".
Impacto ambiental

As minas, que são difíceis de controlar, também podem prejudicar o meio ambiente e as comunidades vizinhas. Nas minas ilegais, acontece frequentemente, os esgotos misturarem-se com as águas locais, poluindo o abastecimento.
Exploração de crianças

Apesar dos esforços levados a cabo por organizações, as violações de direitos humanos continuam a existir na exploração de minérios na RDC. Crianças como Esperance Furahaare, que foi raptada e violada por uma milícia quando tinha 14 anos, são vítimas comuns da exploração e violência.

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