O FIM DE SEMANA NO CIRCUITO DO ESTORIL FOI DE ALTAS EMOÇÕES. CORRIDAS DISPUTADAS, UM PADDOCK ‘PINTADO’ A CORES MUNDIALISTAS, UM PILOTO LUSO MUITO JOVEM E ANSIOSO A VOOS MAIS ALTOS: KIKO MARIA.
O FIM CEV trouxe ao Circuito do Estoril alguns dos grandes valores do futuro do motociclismo a nível mundial. Aquele que é considerado como o campeonato que serve de ante-câmara ao MotoGP começou mais uma temporada e o traçado luso proporcionou as condições para corridas muito animadas, com discussões apertadas até à bandeirada de xadrêz.
CORRIDAS: DIA DE ALTAS EMOÇÕES, APESAR DA CHUVA
BALTHUS FOI O MAIS FORTE NA MOTO3
BARRY BALTHUS
Quinto na grelha de partida, Barry Baltus enfrentou a poderosa armada espanhola que corre no Mundial Junior Moto 3 e bateu a concorrência. Com o piso molhado, o piloto belga que corre com as cores do Sama Angel Nieto não se fez rogado e assumiu o primeiro posto logo na segunda volta. A partir daí, e mesmo perante a forte pressão dos adversários, nunca mais deixou a liderança. Nos derradeiros lugares do pódio ficaram dois espanhóis. Xavier Artigas foi quem mais réplica deu a Barry Baltus, mas no final ficou a quase dois segundos de diferença. A celebrar como se tivesse vencido a corrida terminou José Julian Garcia. 'Foi um excelente início depois de a época do ano passado ter sido tão má.' exultou o jovem de Valência.
'Foi um fim-de-semana muito bom. Estou muito contente com o resultado alcançado e com a corrida que fizemos.' afirmou Barry Baltus na conferência de imprensa que se realizou após a cerimónia de pódio.
FINLANDÊS E ITALIANO IMPÕEM-SE EM MOTO2
NIKI TUULI
Niki Tuuli foi o mais frio e calculista dos pilotos que andaram nos lugares da frente na primeira corrida desta categoria. O finlandês saiu de segundo e começou por seguir Edgar Pons, o autor da época e campeão nesta categoria em 2015. Posteriormente, secundou Yari Montella. Foi atrás do italiano que fez quase toda a primeira corrida. Mas quando o piloto do Team Ciatti ficou pelo caminho - depois de cair primeira na Curva Vip e pouco depois na Curva 7 - o finlandês da Stylobike passou para a frente e venceu a contenda que marcou o início do campeonato em 2019. Pons ficou em segundo, enquanto Ramdan Rosli fechou o pódio.
EDGAR PONS
Na segunda corrida o vencedor empreendeu uma recuperação impressionante. Saiu do oitavo lugar e acabou em primeiro. O responsável pelo feito foi Alessandro Zaccone. Logo na primeira volta conseguiu ultrapassar três adversários. Passou de oitavo para quinto. A partir daí continuou a olhar para a frente. Saltou para segundo. Entretanto, desceu para terceiro mas não desistiu. Continuou a tentar até chegar ao comando. Depois começou a gerir e deixou o vencedor da primeira corrida, Niki Tuuli, em segundo. Edgar Pons voltou ao pódio. Depois de ter sido segundo, desta vez concluiu em terceiro aproveitando o mau ritmo final de Hector Garzó que esteve na luta com Zaccone mas um erro na travagem para a Parabólica Interior levou-o a perder ritmo, tal como aconteceu a Niki Tuuli que mesmo depois de andar na gravilha na mesma curva ainda chegou ao posto intermédio de pódio. Niki Tuuli foi o piloto que mais pontos somou na ronda do FIM CEV no Estoril, mas não estava conformado. 'Temos de melhorar, especialmente quando o piso está seco.' disse o finlandês enquanto Zaccone estava especialmente satisfeito 'pelo ritmo e pela vitória depois de umas épocas complicadas.' ele que um passado recente passou igualmente pelo Europeu Supersport aos comandos de uma MV Agusta oficial. KIKO MARIA SUPERA DIFICULDADES NA ETC
A primeira corrida do ETC foi imprópria para cardíacos. Kiko Maria saiu do 27º posto. Logo a seguir à partida, caiu na tabela e, no final da primeira volta, era 30º. Depois disso, melhorou e subiu, de forma consistente, na classificação para fechar no 19º posto. Esta ascensão aconteceu não obstante ter corrido quase sempre com a viseira do capacete embaciada. A luta pela vitória durou até à linha de meta. José Antonio Rueda, autor da 'pole' foi forçado a arrancar na derradeira posição da grelha depois de ter visto o motor da sua moto 'calar-se' no momento do arranque para a volta de aquecimento. Após se ter apagado o semáforo vermelho cedo Ivan Ortolá assumiu o comando. Mas se a vitória parecia fácil, Fenton Seabright contrariou a tendência. Apanhou o rival e os dois protagonizaram uma intensa discussão pelo triunfo. Fizeram-no até à linha de meta e acabaram mesmo por se tocar na recta. Ortolá saiu imune e venceu, enquanto Seabright segurou o segundo posto, no chão, deslizando por muitos metros no asfalto molhado que levou o britânico até quase ao final da linha de boxes, felizmente sem que nenhum adversário lhe tocasse alertados pela rápida reacção dos comissários que no muro das boxes mostraram uma série de bandeiras amarelas. No derradeiro confronto, com o piso do Circuito do Estoril a secar, mais uma prova não susceptível a pessoas sensíveis. Kiko Maria sentiu mais dificuldades. Rodou algum tempo a lutar pela 30ª posição mas, com o decorrer da corrida, cresceu e fechou no 24º posto. Já entre os primeiros, a corrida foi de loucos. Ivan Ortolá mostrou quem mandou no Estoril e voltou a vencer. Mas, desta fez, foi por uma 'unha negra'. Os seus compatriotas, Marcos Ruda e David Alonso, também estiveram muito fortes e concluíram esta prova no segundo e terceiro lugares, respectivamente. Destaque para os três mais rápidos terem terminado separados por uma décima de segundo. 'Foram duas provas bastante difíceis. Tivemos problemas em ambas. Na primeira foi com o capacete. Saí bem, mas devido ao capacete estar embaciado fiz a corrida quase às cegas. Não via nada. Na segunda, começámos bem. Fizemos uma boa partida mas embrulhámo-nos na curva um e perdi bastantes lugares. Tive de recuperar. A pista secou tão rápido que as nossas afinações já eram bastante macias. Fiquei no limite das afinações da moto. Não conseguia fazer mais. Mas faço um bom balanço. Andámos em grupo e aprendi muito. Fizemos uma corrida sólida. Melhorámos bastante. Fizemos tempos próximos dos da frente. Consegui andar no limite. Estou contente por ter ficado em 24º e sido o melhor da equipa.' afirmou o jovem português. O programa competitivo completou-se com a corrida reservada aos pilotos da European Talent Cup que não conseguiram qualificar-se para a prova principal. 17 concorrentes estiveram em acção, com destaque para Roberto Tinoco Garcia. Na qualificação foi o mais rápido. Mas, no final, a moto estava abaixo do peso regulamentar e o espanhol foi penalizado e teve que alinhar nesta corrida. Saiu do décimo posto mas depressa chegou ao primeiro lugar. Aí se manteve até ver a bandeira de xadrêz. Jack Hart, que saiu da pole, ficou em segundo, enquanto Mattia Falzone completou o pódio ao ser terceiro.
TREINOS LIVRES E QUALIFICAÇÃO
Jeremy Alcoba na pole-position de Moto 3
Edgar Pons mais rápido nas Moto 2
Kiko Maria na nona linha da Talent Cup
Jose Antonio Rueda foi primeiro na European Talent Cup
A meteorologia instável marcou o dia de qualificação da primeira jornada do FIM CEV que começa a temporada de 2019 no Circuito do Estoril. Ao longo da jornada de Sábado, os pilotos que correm nas três categorias daquela que é a ante-câmara do MotoGP tiveram de procurar o melhor tempo com condições extremamente exigentes. A chuva intensa que em determinados momentos caiu na zona da pista portuguesa transformou as sessões de treinos cronometrados numa espécie de lotaria. Jeremy Alcoba, em Moto 3, Edgar Pons, em Moto 2, e Jose Antonio Rueda, na European Talent Cup, foram os que melhor contornaram as dificuldades e ditaram as leis para as corridas que se realizam amanhã. Alcoba na pole por 58 milésimas
JEREMY ALCOBA
Na principal categoria do FIM CEV, o Moto 3 Junior World Championship, Jeremy Alcoba garantiu o melhor tempo e é o detentor da primeira pole-position do ano nesta competição. O espanhol, que corre com uma Husqvarna da Laglisse Academy, rodou em 1m47,214s e deixou o segundo classificado, Deniz Oncu (Red Bull KTM Ajo), a 58 milésimos de diferença. Carlo Tatay Vila (Fundacion Andreas Perez 77), também em KTM, fez terceiro, a menos de quatro décimas do mais rápido e fecha a primeira linha da grelha de partida para a corrida a realizar amanhã.
IVAN ORTOLÁ
Os melhores tempos dos pilotos de Moto 3 foram todos alcançados na segunda sessão de qualificação. Com o céu menos encoberto e a pista mais seca, os jovens lobos aproveitaram para baixar consideravelmente as marcas alcançadas na sessão inaugural. Destaque para o facto de só o décimo classificado ficar já a mais de um segundo de diferença do piloto que garantiu a pole-position. Edgar Pons domina Moto 2 Na Moto 2, competição em que os pilotos correm com motos iguais foi, também, um espanhol que se destacou. Edgar Pons, da Baiko Racing Team não só foi o mais rápido como segurou o primeiro lugar da tabela de qualificação com uma margem folgada. Aos comandos da Kalex Honda 57, deixou a concorrência longe. Niki Tuuli, da Finlândia, foi o segundo mas a 1,294 segundos de distância. Já o malaio Kasma Kasmayudin, que compete com a Dynavolt Intact Sic Junior Team, fechou no terceiro lugar, a 1,314s. Apesar do tempo estar melhor do que na primeira sessão de treinos cronometrados, a pista ainda não estava tão rápida como quando foi a vez de evoluírem os pilotos de Moto 3. Assim se justifica o facto de a diferença de tempos entre a manhã e a tarde na qualificação de Moto 2 não ser tão evidente como nas restantes categorias do FIM CEV. Nesta categoria correram, também, as Superstock 600 (modelos de série equipados com pneus homologados) em que Leon Orgis foi o mais forte. O alemão bateu Peetu Paavilainen, que fechou na segunda posição, enquanto Kevin Orgis conseguiu o terceiro registo na qualificação desta classe. Kiko Maria na nona linha da ETC O único representante português neste fim-de-semana, Kiko Maria, garantiu um lugar na European Talent Cup. A competição mais numerosa do FIM CEV no Estoril, com 56 concorrentes inscritos, foi muito disputada e implicou a divisão do grupo em dois. Assim, durante a jornada de sábado, houve quatro sessões de qualificação. Integrado no Grupo B, Kiko Maria aumentou, de forma constante, o seu andamento. Durante a manhã, com a pista molhada, não foi além do 23º registo. O piloto da Leopard Impala Junior Team aproveitou as 16 voltas que deu ao Circuito do Estoril para procurar a melhor forma de ser mais rápido. Quando o piso do circuito português começou a secar, Kiko Maria também imprimiu um andamento bem mais intenso e, na segunda sessão de treinos cronometrados, garantiu a nona linha para a corrida desta categoria ao ser o 15º mais rápido no seu grupo e o 27º entre os 40 pilotos que vão alinhar nas duas corridas de amanhã. 'Tínhamos andamento para andar nos da frente. Chegámos a andar nos dez primeiros do meu grupo. Seria 18º, 19º da geral. Podia ter feito melhor. Já nos testes o tinha feito.' começou por explicar o piloto que olha para as corridas com muita motivação. 'Agora (na segunda sessão de qualificação) era fazer aquilo que tinha feito nos testes. Estou bastante confiante para a corrida. Estou bem ciente daquilo que tenho que fazer que é chegar aos pontos. Não está longe" sublinhou. A 'pole-position' foi conquistada por Jose Antonio Rueda. O piloto da Talent Team Estrella Galicia 0,0 correu no Grupo A e foi o único a rodar no segundo 49. Estabeleceu a marca de 1m49,931s e deixou Roberto Garcia, do Grupo B, a pouco mais de dois décimos de segundo. O terceiro mais rápido para a primeira corrida de amanhã foi Fenton Seabright, também do Grupo B, que andou em 1m50.263s. CLASSIFICAÇÕES
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