A 42ª EDIÇÃO DAS “24H DE LE MANS MOTO” TEVE COMO LÍDER DESDE A QUARTA HORA DE CORRIDA O TEAM SRC KAWASAKI FRANCE… A HONDA E SUZUKI COMPLETARAM O PÓDIO.
Foram muitas as novidades desta 42ª edição das 24h Moto em Le Mans, segunda prova do Campeonato do Mundo de Endurance (EWC). A corrida de resistência realizada no circuito Bugatti foi a despedida do experiente Dominique Meliande do papel de ‘chefe de equipa’ da Suzuki Endurance, a GMT Yamaha já não fez parte da lista de inscritos – a equipa foi extinta, porque a política desportiva da marca de Iwata vai agora no sentido do apoio a equipas privadas e, a prova gaulesa até teve um cunho português… o recém eleito presidente da FIM Jorge Viegas deu a bandeirada de partida – ele que foi piloto de motociclismo, tendo sido concorrente na primeira edição das 24 horas.
FALHA NAS LUZES TIRAM A LIDERANÇA À HONDA
A prova deste ano teve um início particularmente agitado, com duas quedas e o safety-car a sair para a pista no primeiro minuto da corrida.
Dois dos favoritos de alto nível tiveram um começo problemático. Depois de duas quedas, a Yamaha da VRD Igol Pierret Expériences que ocupava o 4º lugar caiu para o final da classificação e, destino semelhante teve a conhecida FCC TSR Honda France que perdeu o terceiro lugar quando Mike Di Meglio caiu.
A equipe SRC Kawasaki France assumiu a liderança no final da tarde de sábado, quatro horas depois do início da corrida, colocando-se à frente da Suzuki Endurance Racing Team e do Team ERC-BMW Motorrad Endurance. A prova começou a um ritmo escaldante e foi dominada nas primeiras três horas pela moto vermelha #111 da Honda Endurance Racing e, ate então, assistiu-se a um magnífico show, um duelo épico entre Randy de Puniet (sobre a sela da Honda) e Jérémy Guarnoni na moto verde da SRC Kawasaki France.
Randy de Puniet acabou por assumir a liderança, mas o inesperado sucedeu quando as luzes defeituosas da Honda #111 forçaram a equipa a entrar nas boxes por volta das 18h, caindo para além do 10º lugar. No entanto, por volta das 19h da noite, a equipa com o número 111 já havia subido na classificação, até ao 5º lugar, apenas uma volta atrás do líder.
Nas Superstock, a BMW da GERT56 GS Yuasa teve nas três primeiras horas o controlo da categoria mas, ficou sem combustível e perdeu a liderança. Assim, a partir das 19h00 passava a dominar esta classe a Kawasaki ZX-10 do Team 33 Coyote Louit Moto à frente do Junior Team Le Mans Sud Suzuki.
TRÊS MARCAS NA LUTA PELO PRIMEIRO LUGAR
Mas, vamos ao que aconteceu na última noite. Não houve alteração no cenário principal durante a noite em Le Mans. A equipe SRC da Kawasaki France #11 manteve-se firme na frente, desde a 4ª hora de corrida e depois do primeiro despiste da Honda oficial #111.
Jérémy Guarnoni, David Checa e Erwan Nigon chegaram aos primeiros raios de sol com 1 volta de vantagem sobre Vincent Philippe, Etienne Masson e Gregg Black, na moto #2 da Suzuki Endurance Racing Team.
Apesar de novo contratempo na moto #111 – o ex-piloto de Motogp Randy Puinet não evitou uma saída de pista muito próximo das boxes e com os pneus no limite do desgaste – na 15ª hora de corrida, a moto oficial da Honda reconquistava a segunda posição à Suzuki conduzida por Vincent Philippe.
UM GRANDE FINAL AO SPRINT
Com 755 voltas percorridas ao traçado francês (21h38m de corrida) do Circuito Bugatti, a Kawasaki oficial ZX-10R #11 de Guarnoni/Checa/Nigon permanecia líder, mas com a Honda #111 a pouco mais de 15s de diferença, e a Suzuki #2 já a 1 volta dos líderes.
Por trás deste trio, estava a Yamaha privada #13 da Wepol Racing, com o piloto português Sheridan Morais (acompanhado por Daniel Webb e Michael Laverty) já a 6 voltas dos primeiros, seguida pela suiça Bolliger Team e da National Motos.
Tudo se apresentava em aberto, para a 'ultima cartada' em Le Mans, para as derradeiras horas de corrida da segunda prova do Mundial de Resistência FIM EWC, competição gerida pela ACO e que prolonga a ligação por contrato com a Eurosport Events para os 4 próximos anos.
Esta 42ª edição fica na memória como um duelo de 24 horas permanente em pista. Se Randy de Puniet, da Honda Endurance Racing, e Jérémy Guarnoni, da Team SRC Kawasaki France já tinham deixado um aviso sobre os seus intentos no arranque da corrida, o suspense subiu ainda mais alto quando os carros de segurança saíram para limpar a pista, a somente 15 minutos do final.
Quase a bater no relógio as 24 horas, a prova regressava a um ritmo de sprint, para um
final igualmente rápido, com as mesmas duas equipas, mas desta vez com Yonny Hernandez e Jérémy Guarnoni sobre as motos da Honda e da Kawasaki.
O TRIO VENCEDOR: GUARNONI, CHECA E NIGON
A equipa SRC Kawasaki France venceu a prova, em grande parte devido à determinação de Jérémy Guarnoni, David Checa (irmão de Carlos Checa) e Erwan Nigon em se baterem com um trio de pilotos de peso, como foi o caso de Randy de Puniet, Yonny Hernández e Sébastien Gimbert, da Honda Endurance Racing. O incrível duelo deixou distante a moto da Suzuki Endurance Racing Team, que voltou a pisar o pódio das ‘24 Heures Motos’ no dia da despedida do chefe de equipa Dominique Meliand. Os pilotos da Suzuki, Vincent Philippe, Etienne Masson e Gregg Black terminaram praticamente na mesma volta da dupla na liderança.
A Wepol Racing (Yamaha), a Bolliger Team Suíça (Kawasaki), a 3ART-Moto Team 95 (Yamaha) e a National Motos (Honda) também realizaram performances louváveis para terminar em 4º, 5º, 6º e 8º respectivamente, mais de 10 voltas atrás das três. esquadras liderando a corrida a um ritmo escaldante.
Graças à sua vitória e ao facto de estarem no comando da corrida desde a 4ª hora até ao final, a Team SRC Kawasaki França subiu ao topo da classificação provisória do FIM EWC 2018-2019, à frente da Suzuki Endurance Racing Team. .
Campeões em título, a FCC TSR Honda France, que chegou a Le Mans como líder, perdeu uma grande quantia de pontos. Dois acidentes tiveram a equipe japonesa mergulhando para o final do ranking. A FCC TSR Honda France terminou o 24 Heures Motos em 35º lugar.
OS VENCEDORES DA SUPERSTOCK NO TOP 10
A equipa vencedora da classe Superstock foi a Motors Events que terminou a prova em 7º. James Westmoreland, Johan Nigon e Adrien Ganfornina pilotaram a Suzuki # 50, terminando à frente da Yamaha Moto Ain (Robin Mulhauser, Roberto Rolfo e Stefan Hill) e da Kawasaki da equipa Moto 33 Coyote Louit (Enzo Boulom, Chris Leesch e Kevin Manfredi).
Pelo seu forte regresso à competição e sua determinação em perseguir a vitória em Le Mans, foi-lhe atribuído o troféu Anthony Delhalle EWC Spirit. Igualmente, a equipa da moto número 50, foi declarada vencedora do EWC Dunlop Independent Trophy.
Isto deixa esta classe mais aberta que nunca em termos da Superstock Endurance World Cup, uma vez que nenhuma destas três equipas tinha marcado qualquer ponto no Bol d'Or, a primeira ronda do campeonato mundial de Resistência 2018/19.
76.000 ESPECTADORES E BANDEIRAS PORTUGUESAS
Sheridan Morais viveu na África do Sul mas é de ascendência portuguesa e, assim, não faltaram várias bandeiras das quinas entre os cerca de 76.000 espetadores da emblemática prova gaulesa. E sabe quem deu a bandeirada de partida? Nada mais nada menos que Jorge Viegas, o novo Presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), que para além disso deu duas voltas ao circuito numa moto clássica cedida por Dominique Meliand.
A próxima etapa do calendário do Campeonato Mundial de Endurance 2018/19 são as 8 Horas da Eslováquia, no dia 11 de maio.
Soltas do paddock
Jorge Viegas deu a partida da 42ª edição das "24 Heures Motos"
Há 41 anos atrás, estava em Le Mans, para correr nas 24 Horas de Le Mans. Nesta edição, o presidente da FIM Jorge Viegas deu o início da clássica corrida de Le Mans.
Diante do " melhor público do mundo ", disse Jorge Viegas antes de dar a bandeirada de partida aos 59 concorrentes. O presidente da FIM esteve em Le Mans, pela primeira vez em 1978, ano da primeira edição das 24 Horas, corrida para a qual ele estava inscrito, mas que se viu forçado a abandonar com problemas na moto.
A razão do nº 111 de Jean-Michele Bayle na moto da Honda
Sébastien Gimbert, de 41 anos, venceu as 24 horas de Spa, venceu três vezes o Bol d'Or e as 24 Horas de Le Mans, tendo sido coroado Campeão Mundial de Endurance EWC em 2004.
" O que me fez sair dos Grandes Prémios foi a falta de resultados, pilotando motos de equipas privadas. Foi com a resistência que pude me colocar aos guiador de uma primeira moto de fábrica quando Bernard Rigoni me fez entrar na RVF.
Desde então a minha carreira foi um monte de desafios. Eu ganhei com Dominique Méliand (na Suzuki Endurance Racing Team), diverti-me imenso durante dois anos com Jean-Michel Bayle e Nicolas Dussauge. Nós ganhamos quase tudo. No final de 2003, eu queria um novo desafio e assinei com Christophe Guyot a minha entrada na GMT94. Fomos coroados Campeões Mundiais (2004), vencemos aqui, compartilhamos muitas lembranças.
E então, pensei: ‘Vou tentar uma moto que ninguém jamais experimentou. Foi então que concorri com a BMW (1ª versão da S1000 RR, equipada com eletrónica e ABS) com a qual fomos vice-campeões mundiais. Fizemos coisas muito boas com Mickael Bartholemy e Marcel Driessen.
Hoje, depois de vencer com uma moto de dois cilindros uma corrida de 24 horas em 2000, com a VTR1000, eu termino com a Honda, usando o icônico número 111. "
O piloto mais novo em Le Mans
Arnaud Friedrich, 19 anos acabadinhos de fazer na véspera da corrida, foi o piloto mais novo presente na 42ª edição da prova de endurance de Le Mans
Nem só de homens vive a Endurance
No sábado, Alessandra Sublet, apresentadora de rádio e televisão (TF1), esteve no paddock e conseguiu encorajar Jolanda Van Westrenen, Melodie Coignard, Mélissa Paris e Amandine Creusot para umas voltas ao Circuito Bugatti com uma Yamaha YZF-R1.
O momento zen de Deguchi
Fruto do acordo de amizade entre Le Mans e Suzuka assinado em fevereiro passado, uma equipa franco-japonesa foi convidada a estar presente na presente edição das 24 de Le Mans, Osamu Deguchi (na foto) comandou a equipa Webike Tati Team Trickstar da Kawasaki #4 e esteve no seu momento zen antes da partida.
Degushui, tem três participações nas 24 Horas. "Eu nasci ao lado de Suzuka e estou feliz que ambos os circuitos mantenham esse relacionamento. Para as equipas japonesas que vêm participar das 24 Horas em Le Mans , é importante, porém a marcha é bastante alta porque a corrida é muito difícil e muito mais longa que as 8 Horas de Suzuka."
O presidente Viegas de moto
No final das duas voltas completadas aos comandos de uma cássica Kawasaki de 1978, Jorge Viegas apresentou um largo sorriso sob o capacete. " São sensações antigas que voltam! Eu não conhecia este circuito, não conhecia a moto, e principalmente não ando de moto num circuito há 30 anos, mas é um verdadeiro prazer. Houve uma conspiração (risos) mas faz-me muita honra, porque não é todos os dias que isto acontece! Você tem uma ideia de quantos anos eu tenho. Eu sou um tipo velho, foi muito, muito bom " .
Classificação final
A corrida em imagens
Vídeos
Destaques da corrida
A noite mais longa
Duelo a três
A estranha paragem da Wepol Racing
Falha de motor na YART Yamaha
A queda de Randy Puniet
Qualificação