A FIAT CHRYSLER DECIDIU DESISTIR DA PROPOSTA DE FUSÃO COM A RENAULT, PELA QUAL ESTAVA DISPOSTA A PAGAR 35 MIL MILHÕES DE DÓLARES (CERCA DE 31 MIL MILHÕES DE EUROS).
O abandono da oferta de fusão por parte do grupo italo-americano, aconteceu depois do conselho de administração da fabricante francesa ter voltado a adiar a decisão sobre a proposta, indicou a agência France Presse. Já o Wall Street Journal indica a falta de apoio da Nissan, parceira da Renault, como principal razão para a FCA desistir do negócio.
Foi na manhã desta quinta-feira que surgiu o anúncio da retirada da proposta de fusão da FCA com a Renault, com o grupo italo-americano a culpar os políticos franceses pelo fim de um acordo que iria criar o terceiro maior grupo automóvel do Mundo. O comunicado é bem claro: “as condições políticas em França não permitem que um negócio destes possa ser concluído de forma bem-sucedida.”
PRIMEIRO A REAÇÃO DO GOVERNO FRANCÊS...
O Governo francês reagiu através do Ministro do Orçamento gaulês, Gerald Darmanin, político que sublinhou que as portas da fusão entre a FCA e a Renault ainda não estão totalmente fechadas, mostrando total disponibilidade para rever todas as condições de uma nova proposta da FCA. “As conversações podem ser reatadas no futuro” disse Darmanin aos microfones da rádio FranceInfo.
A fusão iria criar a terceira maior empresa do mundo do setor, depois da Volkswagen e da Toyota, e poderia reformular a indústria automóvel, numa altura em que os fabricantes estão numa corrida para produzir veículos elétricos e autónomos. Depois da desistência da FCA, os títulos de ambas as empresas começaram a cair em bolsa com a Fiat a valer - 3,45% e a Renault - 8%.
Atualmente o Estado francês detém mais de 15% do capital da Renault e por isso exigiu quatro condições para aceitar o negócio: respeitar a aliança existente entre a Renault e a Nissan; manter os postos de trabalho em França; formação de uma estrutura de governança corporativa equilibrada entre as duas partes; garantia que a nova empresa manteria o acordo para desenvolver baterias juntamente com o Estado Alemão; garantir o apoio da Nissan na fusão entre a FCA e a Renault.
A FCA aceitou todos os pontos exigidos pelo Governo francês, alguns deles prejudicando a sua posição, mas esbarrou na Nissan. Primeiro a casa japonesa disse que se iria abster na sessão de aprovação da fusão, mas acabou por se mostrar contrária à ideia de fusão entre os dois gigantes.
... DEPOIS O COMUNICADO DA RENAULT
O Grupo Renault exprimiu assim a sua deceção, por não ter a oportunidade de aprofundar a proposta da FCA (Fiat Chrysler Automobiles). “Estamos agradecidos à Nissan pela sua abordagem construtiva, à FCA pelos esforços empreendidos e aos membros do Conselho de Administração da Renault pela confiança que depositaram. Consideramos que esta proposta é oportuna, com um impacto muito positivo a nível industrial, é financeiramente atrativa, e criaria um grupo líder mundial no setor automóvel sedeado na Europa.”
No entanto, esta oferta da FCA sublinha a atratividade da Renault e da Aliança Renault-Nissan, uma união de esforços que tem dado resultados positivos e que, possivelmente, poderia vir a por fim a uma posição dominante após a fusão entre a Fiat Chrysler e a Renault – sem a aprovação da Nissan.