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Por Ricardo Ferreira

REVIEW | Mudança de paradigma!


A MAXI-CRUISER AUDACE MANTÉM O APARATO DOS CILINDROS EM CORTE NO DEPÓSITO DA CONTRA-ALMIRANTE CALIFÓRNIA 1400 MAS DISPENSA OS CLÁSSICOS CROMADOS. FOI A PROPOSTA DA MOTO GUZZI EM 2015 PARA UM NOVO DESAFIO... EM TERMOS ESTILÍSTICOS E DINÂMICOS!

Por Ricardo Ferreira > Fotos Moto Magazine

No final de Maio de 2015, a Moto Guzzi apresentou dois novos modelos construídos sobre a plataforma de sucesso da Califórnia 1400. A Eldorado, uma cruiser de estilo clássico e a versão de espírito mais rebelde, projetada para melhorar ainda mais o desempenho do singular motor (1380cc) de Mandello Dell Lario, o maior V2 atualmente produzido em território europeu. A Audace é uma evolução da derradeira versão da Califórnia – a moto que durante os anos 70 fez grande sucesso como versão civil da Guzzi V7 que equipava a polícia de Los Angeles! – modelo que desde 2013 definiu novos horizontes para o conceito custom. Com o rejuvenescido V-twin de cilindros altos e inclinados a 90º e com 300 kg a demonstrarem que a marca italiana nada poupou no uso do aço para criar uma moto de formas espetaculares, larga, maciça e com um motor atordoante desde baixos regimes.

O guiador raso (drag bar), o farol circular que substitui a enorme optica elipsoidal, o guarda-lamas de carbono e a suspensão dianteira desprovida de proteções, permitiram redefinir uma silhueta mais arejada e leve, consentânea com o caráter ‘sport’ pretendido pelo lendário fabricante. Por comparação com a Califórnia, a Audace está mais ágil e agarrada ao solo e isso deve-se à aplicação de diferentes pormenores, como os diferentes poisa de pés do condutor – convencionais em vez das plataformas de apoio da California – semelhantes aos fornecidos para o pendura.


COM CARÁTER E BEM CONSTRUÍDA

Ao olhar para a Audace pela primeira vez, tem-se a impressão de algo bastante familiar, mas muito diferente. É claramente uma Moto Guzzi com os enormes cilindros do glorioso V-twin, sóbria e bem construída, definitivamente! As rodas são personalizadas com o logotipo da Moto Guzzi, os espelhos minimalistas, a sela é revestida a alcantara com uma costura vermelha.


Os 740 mm de altura do assento implicam que um condutor de baixa estatura possa ter algumas dificuldades a estacionar a ‘XXL’ Audace, problema que desaparece em andamento devido à postura alongada e dominante sobre o guiador – facto que resulta numa condução urbana agradável. Além disto, vão verificar ainda que sobre o super pneumático 200/65 traseiro, facilmente se percebe que graças ao novo sistema de escape redesenhado para facilitar a dinâmica de fluidos, o V-twin 1.400 cc de Mandello ganhou um novo vigor a altas rotações.

Produzida na mesma fábrica Guzzi que recentemente completou 90 anos de vida – hoje parcialmente demolida, para se rejuvenescer e ser construído o ansiado museu da marca – a nova Audace não é uma cuiser-sport no sentido mais radical do termo. Mas tem muito do pontos fortes da ‘contra-almirante’ Califórnia.


Aos seus comandos tudo se movimenta em torno do grande bloco de 1.380cc, uma unidade multi-válvulas arrefecida por ar e óleo, com dupla ignição, controle de tração e três modos de gestão do motor no sistema Ride-by-Wire: Turismo, Veloz e Chuva. O moderno motor é tão grande e volumoso, como conhecido no perfil, sendo capaz de extrair 96 cv e 121 Nm de torque com o seu regime situado nas 3.000 rpm.

O novo sistema de escape aumentou a eficiência de combustão e trouxe algo mais em altas rotações, tornando-se num dos primeiros motores da Guzzi aprovado com a normativa de emissões Euro-4. A transmissão parte de uma caixa de seis velocidades com a derradeira relação do tipo ‘overdrive’, sendo transmitida a potência a roda traseira através de um sistema de cardan (CARC) suficientemente elástico para ser cómodo e livre de manutenção. A parte-ciclística da Audace está baseada no quadro tubular de secção generosa e com a nova fixação do motor que se estreou com sucesso no modelo Califórnia.


Parada e com o motor ligado ou em movimento até perto das 2000 rpm, sentimos nos pulsos o pulsar forte do V-twin - devido à posição elevada dos cilindros – sensação que desaparece ao subirmos rotações.

A Audace é uma maxi-cruiser de sensações puras e genuínas, onde o sentido da mecânica nos acompanha sempre na condução, algo que nos últimos tempos tem progressivamente desaparecido em muitas das suas concorrentes. Essa é a diferença que os mais antigos seguidores da Guzzi vão certamente mais apreciar! Apesar de tudo, os técnicos de Mandelo patentearam um sistema de fixação do motor (elastocinemático) baseado em duas bielas e dois sinoblocos que isolam as vibrações sem perda de dinâmica de condução. A solução é muito positiva, revolucionária mesmo, comparando o conforto desta Audace com o de outras Guzzi de grande parte do início dos anos 90.

PORQUÊ AUDAZ?

O guiador avançado e baixo assim como apoios de pés desta larga maxi-cruiser, podem conduzir a alguma estranheza nos quilómetros iniciais. No entanto, não se leva muito tempo a familiarizar com o seu caráter. Por exemplo, o seu imponente V-twin vibra com uma intensidade rara nos primeiros regimes, sensação essa que se extingue à medida que se explora cada vez mais o acelerador e o já referido elastokinematic atua. As vibrações do bloco Guzzi soltam-se apenas quando paramos num semáforo, estacionamento ou quando quase paramos numa fila de trânsito com a manete de embraiagem pressionada. Noutras situações, desaparecem com que por magia.


Outro ponto forte é a impressionante capacidade de travagem da Audace, conseguindo o sistema Brembo trabalhar na perfeição para conter numa redução ou travagem os 299 kg da Audace – mais o nosso peso! Habitue-se a utilizar ambos os comandos (alavanca e pedal de travão) e verificará que a sua travagem se torna muito mais incisiva. Sendo esta uma moto que se pode utilizar com maior frequência a dois (com pendura), usando esse método e a caixa para reduzir as marchas altas vai-se usufruir bastante mais da moto.


O motor é simplesmente fabuloso. A sua prestação é doce e vigorosa, ao mesmo tempo, especialmente com o motor inserido nos mapas de Turismo e Veloz. Com forte capacidade de travão-motor, o V2 italiano tranquiliza-nos numa redução mais ousada em performances ‘sportivas’. O som habitual das ‘touches’ mecânicas, fazem parte do charme desta unidade imortal, que apenas pode ser um pouco desagradável em viagens longas.

Com 1685 milímetros de distancia entre eixos no chassis e o largo Dunlop 200 atrás, a Audace curva com uma precisão fabulosa, muito acima das nossas expetativas. Uma derradeira alusão ao circular painel de instrumentos, com a linha analógica do ‘conta-giros’ a contornar o luminoso LCD com as informações mais relevantes para o condutor: modo de condução escolhido, assim como informações sobre a marcha engrenada, temperatura exterior e nível de combustível – com o sempre útil aviso de reserva. Além disso, para os mais exigentes, a marca disponibiliza também (opcional) para o seu sistema de média – já visto na Aprilia Caponord – que permite conectar o seu Smartphone (Apple ou Android) e transformá-lo num genuino computador de bordo.


Apesar das alterações introduzidas que resultam em maiores sensações que a Califórnia, a Audace é proposta por 17.970 euros, num valor abaixo da contra-almirante italiana (19.989 euros) que dá a base mas não o estuto.


Ficha TÉCNICA

MOTO GUZZI AUDACE 1400

MOTOR 2 cilindros em V a 90º, 4T, arrefecimento independente ar e óleo, 4 válvulas e dupla ignição sequencial

CILINDRADA 1380 cc

POTÊNCIA MÁX. 96 Cv (71 kW) às 6500 rpm

ALIMENTAÇÃO Injeção electrónica Magneti Marelli com corpos de 52 mm, duplo sensor de oxigénio e “Ride by Wire” com 3 mapas de gestão do motor

TRANSMISSÃO Seis velocidades com overdrive + controle de tração + cruise control

TRANSMISSÃO FINAL Por veio de cardã

TRAVAGEM (Fr./Tr.) Duplo disco de 320 mm, com pinças radiais Brembo de 4 pistões opostos. Sistema ABS / Disco de 282 mm com pinça Brembo de 2 pistões. Sistema ABS

SUSPENSÃO (Fr./Tr.) Forquilha convencional com bainhas de 45 mm. Curso de 120 mm / Braço oscilante com dois amortecedores de depósito separado, reguláveis em extensão e na précarga da mola. Curso de 120 mm

ALTURA DO ASSENTO 740 mm (assento 720 mm opcional)

PNEUS (Fr.Tr.) 130/70 R18” / 200/60 R16” (Dunlop Radial D251)

CAPACIDADE DEPÓSITO 20,5 lt. (5 reserva)

PESO COM LÍQUIDOS 299 kg

PREÇO 17.970€ (valor PVP de 2015)

CORES Vermelho-tijolo, Preto-mate

IMPORTADOR Moto Guzzi Portugal (tel. 21 9609110)




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