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O MÍTICO RENAULT 5 TURBO COMEMORA 40 ANOS E CONTINUA A AFIRMAR-SE COMO UM DOS AUTOMÓVEIS MAIS APAIXONANTES DE SEMPRE. MAS SABE QUAIS SÃO AS SUAS ORIGENS?
Imaginava que a ideia de o produzir surgiu dentro de um Renault 16? E que era fabricado como um “puzzle”, em três fábricas diferentes? E que a sua carreira de sucesso no automobilismo não se limitou aos ralis? E que, também em Portugal, o 5 Turbo ainda hoje é um dos automóveis recordados com mais saudade pelos fãs de ralis, graças ao “amarelinho” da Renault da década de 80? Todas estas estórias e muitas outras curiosidades estão nas linhas que se seguem…
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O Renault 5 Turbo é e será, para sempre, um dos mais emblemáticos modelos construídos pela Renault. Admirado, desejado e, hoje, fortemente procurado e valorizado, é capaz de despertar fortes emoções só através do contacto visual, o que, por si só, dá bem conta do seu elevado carisma.
Apresentando no Salão Automóvel de Paris, em outubro de 1978, quase como um “ovni”, ainda como protótipo estático, o modelo granjeou de imediato suspiros e exclamações, que anteciparam o sucesso, dando-lhe o “boost” necessário para o tornar um automóvel de referência e um desportivo de antologia naquela altura, com a mesma força que hoje é já idolatrado clássico.
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A comemorar 40 anos, o modelo revolucionou o mundo dos desportivos, deixando também uma marca importante na história do desporto automóvel, influenciando uma geração que o viu nascer e foi alimentada pelo sonho de o conduzir e o privilégio de o ter, ainda que, efetivamente, só por uma grande minoria.
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Mas como quase sempre acontece com todos os grandes projetos que fazem história, também por detrás deste há uma envolvência especial. Voltemos atrás no tempo, revisitando a sua história…
TUDO COMEÇOU AO VOLANTE DE UM RENAULT 16
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O Renault 5 Turbo nasceu a partir de um… Renault 16! Bem, talvez a frase seja um pouco exagerada, mas a verdade é que a génese do pequeno-grande desportivo da Renault começou a desenhar-se dentro de um Renault 16, numa viagem noturna entre Dieppe e Billancourt.
Estávamos em 1976 e dentro do confortável R16 seguiam Jean Terramorsi, diretor de produto e responsável pelo desenvolvimento de séries limitadas dos modelos Renault, e o seu adjunto, Henri Lherm. Após mais um dia de trabalho e no regresso a casa, o tema da conversa era, claro, sobre a Renault, mas sobre um Renault muito especial, que completaria uma gama e dela se tornaria o expoente máximo, ao mesmo tempo que poderia brilhar também na competição: o Renault 5 equipado com turbocompressor, ou seja, a primeira viatura francesa equipada, de origem, com esta tecnologia produzida em série.
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Ninguém melhor que Terramorsis percebia os esforços desenvolvidos pela Renault para ser competitiva na Fórmula 1 e nas “24 Horas de Le Mans”, com a aposta na, então, inovadora tecnologia turbo. A ideia da criação de um Renault 5 Turbo começava, definitivamente, a ganhar forma, e não tardaria a ser apresentada aos responsáveis de topo da hierarquia da Régie, nomeadamente, a Bernard Hanon, então administrador-delegado da Renault, e a Gérard Larousse, diretor da Renault Sport. Da aprovação da ideia ao início da produção… secreta, foi um pequeno passo!
PROJETO 822: LUGAR AOS ENGENHEIROS
Entre 1976 e o Salão Automóvel de Paris de 1978, Michel Têtu e a sua equipa de engenheiros em Berex, Dieppe (França), foram chamados para tratar do desenvolvimento do chassis e da mecânica do futuro Renault 5 Turbo, ou, por outras palavras, para darem vida ao protótipo sob grande secretismo.
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Ao mesmo tempo, no Centro de Estilo da Renault de Rueil-Malmaison, na fábrica da Alpine, em Dieppe e da Heuliez, em Cerizay, todos os esforços se concentravam também, dia e noite, no desenvolvimento do projeto, ao nível do chassis e industrialização, sem esquecer o design, para o qual o estilista italiano Bertone, também foi chamado. O projeto com nome de código “822” estava em marcha…
E foi um carro preto, guiado então pelo piloto Guy Fréquelin, que foi revelado à comunicação social, na pista de Lédenon, em novembro de 1978, um mês após o lançamento do protótipo exposto no Salão Automóvel de Paris. A ele seguiram-se outras evoluções, denominadas “822-01”, “822-02” e “822-03”, esta última, a que acabaria por se estrear na competição, na Volta à Itália de 1979, com o mesmo Guy Fréquelin ao volante. Mas apesar da desistência com problemas de motor, o projeto provava estar pronto para enfrentar os desafios da competição, ao mesmo tempo, que, espectadores e jornalistas, ficavam rendidos às impressionantes formas da carroçaria do R5 Turbo.
De resto, em Dieppe, a moral mantinha-se em alta, bem como a concentração de energia para otimizar o 5 Turbo, com o piloto Alain Serpaggi a cumprir milhares de quilómetros à procura da afinação ideal para a formidável máquina, na forma de diversos protótipos, para os quais, em termos de desempenho dinâmico, não se aceitava uma resposta menos que… perfeita!
Mas para obter a preciosa homologação de competição, o Renault 5 Turbo também tinha que ser um automóvel de produção em série. E isso… bom, isso não foi fácil… <<<
Ficha Técnica Renault 5 Turbo (R 8220):
MOTOR
Tipo: 4 cilindros em linha, longitudinal central (1397 cm3)
Diâmetro x curso: 76 x 77 mm
Taxa de Compressão: 7: 1
Potência máxima: 160 cv a 6.000 rpm
Binário máximo: 214 Nm às 3.250 rpm
Distribuição: Árvore de cames lateral
Refrigeração: Líquida
Alimentação: Injeção eletrónica Bosch K-Jetronic.
Sobrealimentação: Turbo Garrett T3
TRANSMISSÃO
Transmissão: Tração traseira, com caixa de 5 velocidades + M.A.
Embraiagem: bi-disco
CHASSIS
Carroçaria: Monocoque de aço, 2 lugares
Suspensão: Triângulos sobrepostos à frente e atrás, barras de torção, barras anti-aproximação e amortecedores telescópicos
Travões: Discos ventilados à frente e atrás
Direção: De Cremalheira
Pneus: 190/55HR 340 à frente e 220/55 VR 365 atrás
Peso: 970 kg
PERFORMANCES
Velocidade Máxima: 200 km/h
Aceleração 0-400 Metros: 15,15s
Aceleração 0-1000 Metros: 28,4s
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