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POR JORGE MATIAS

Lifestyle | Rossella Guasco, a “Dama da Cor”


SERÁ A COR UM FACTOR DE COMPRA IMPORTANTE? MAIS QUE O EQUIPAMENTO DE UM AUTOMÓVEL, QUE O SEU CONFORTO OU POTÊNCIA? NO ENTENDER DA FIAT CHRYSLER AUTOMOBILES AS CORES SÃO MESMO UM ASPETO RELEVANTE.


Como se mede a importância de um carro? Como se escolhe o carro que melhor nos serve, em função das nossas necessidades? E, mesmo depois de avaliar estas questões e tomar uma decisão informada, que cor escolher para o segundo investimento mais dispendioso da nossa vida, depois de uma casa? Rossella Guasco, Chefe de Cores e Material do grupo Fiat Chrysler Automobiles, pode ajudar neste capítulo.


Também conhecida no meio como a “Dama da Cor”, entrou para o Centro de Estilo do grupo FIAT em 1995 e actualmente é Chefe de Cores e Material do grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA). Sobre o seu trabalho diz que: “combinar o efeito cromático com as formas escultóricas de um carro é extremamente gratificante”.

Formada em arquitectura pelo Politécnico de Turim, ingressou no grupo FIAT um ano após a formatura, “a única mulher numa equipa de quinze pessoas” e a paixão pelo seu trabalho levou-a a crescer dentro do próprio grupo até à liderança da equipa de 18 elementos que ela próprio formou “escolhendo cada uma das pessoas”.


Sobre a equipa, acrescenta “tenho sorte e orgulho de ter uma equipe sobre a qual dei opinião: eu poderia selecionar talentos e trazê-los aqui para crescer comigo na empresa, também porque não há uma escola específica que ensine esta profissão”. E, ainda que num contexto mais amplo do design do grupo FCA existam muitas nacionalidades, Rossella Guasco tem uma preferência predominante na sua equipa: “tendem a ser todas italianas”.

Quem olhe de fora, imagina que um grupo com a dimensão do FCA seja um mundo essencialmente masculino. Mas, não é: “A empresa mudou muito nos últimos anos. Quando entrei para a Lancia era a única mulher numa equipa masculina, uma experiência fora do comum, mas muito agradável. Hoje a situação é mais equilibrada. O meu grupo de trabalho é predominantemente feminino: as mulheres são mais sensíveis a certos aspectos de sentidos e estética, mesmo que os homens que temos connosco sejam excepcionais”.


Já sobre a influência que a cor pode ter no sucesso de um carro ou modelo, Rossella Guasco considera que é um aspecto fundamental por representar o momento mais emocional, sensorial e até íntimo, e por ser uma expressão da imagem que o consumidor pretende transmitir de si mesmo. Contudo, refere que “não é a cor que nos faz decidir comprar um determinado modelo, mas uma cor que veste um carro bem, pode amplificar a sua promoção no mercado”.

E estas sensações não se destinam apenas aos consumidores, são igualmente um motivo para as viver pessoal e emocionalmente, diz: “Ontem, estava eu na oficina depois deste longo período de confinamento, passei por uma Giulia Quadrifoglio Verde Montreal e fiz um elogio a mim mesma: ‘Desta vez fizemos uma cor muito bonita’. Porque combinar o efeito de cor com profundidade, um enaltecimento escultural das formas do carro, é extremamente gratificante”.


No caso do grupo FCA, a mais recente patine de cores está fortemente ligada ao historial das marcas e modelos do grupo, como o Ocra Metálico, Misano Azul, Rosso Villa d’Este e este Montreal Green. “Como referência de cor, reportam ao passado das marcas, mas são reinterpretados numa versão contemporânea, usando as mais recentes inovações técnicas. Estudámos as cores dos Alfa ao longo de décadas e constatámos que eram mais coloridos nos anos 70. O que foi uma forte motivação para propor um retorno decisivo à cor, como tínhamos feito há alguns anos com o retorno de Misano Azul para o Veloce”.


Quanto a sonhos para o futuro...

Estando na empresa há 25 anos, Rossella já fez de tudo. Acompanha tudo o que anda à volta do mundo do carro, desde um ‘car-show’ para um evento, aos projectos conceptuais e, neste caso, sem ter de pensar na produção: “não tenho um sonho na gaveta, porque realmente concretizo um pequeno sonho todos os dias no que eu faço. Há sempre um novo desafio e, trabalhando em muitas marcas, há uma constante reinvenção na busca de novas soluções”.


Curiosamente (ou talvez não) a “Dama da Cor” conduz um carro branco “porque o branco é a soma de todas as cores, então de alguma forma está ligado ao meu trabalho”. “Não sairia por aí com um carro único, porque eu prefiro uma certa sobriedade. E de qualquer forma, também já tive carros coloridos no passado. Eventualmente, poderia usar um carro com um novo efeito experimental porque seria uma parte do meu trabalho de pesquisa”.


Como é de calcular, em 25 anos de experiência, alguns projectos foram mais satisfatórios ao nível profissional. Rossella destaca a abordagem à nova geração do Fiat 500 “um carro nascido nos anos 60 e que renasceu completamente, jogando muito com a emoção e com uma relação muito próxima com a cor, basta pensar no leite-hortelã, a Barbie Rosa, o Coral”.


E, também de forma natural, algumas propostas foram recusadas, o que apenas a incentivou a ser mais ousada e arrojada. “Lembro-me de uma escolha em que a marca nunca apostaria, o Panda Mamy roxo, projectado para mães, que foi recebido com grande entusiasmo pela gerência. Confesso que a partir daí me senti ainda mais encorajada a perseguir algo mais”.


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