19 de set. de 20177 min para ler

TESTE | Mercedes-Benz AMG C 63 Coupe Edition: 476 CV à flor da pele

Num mercado automóvel onde o que mais interessa são as emissões ou o consumo de combustível, onde de modo constante aparecem novos elétricos ou híbridos à procura de um conceito racional, felizmente continuam a haver carros totalmente irracionais que conseguem colocar as emoções à flor da pele. Aqui está um.

Mike Rodman

Desta vez, não experimentámos um carro poupado, nem eco, nem mesmo silencioso, contudo parece-me um sacrilégio exigir de um AMG qualquer uma dessas características.

O Mercedes-Benz AMG C 63 Coupe, converte em extraordinárias estas qualidades, faz-lhe sentir e desfrutar de cada momento como uma experiência única, nem que seja quando sair ir comprar o jornal a poucos metros de casa. A estética desta versão Edition 1 não passa despercebida, chamativa é pouco para definir a sua aparência exterior, centro de todas as atenções desde o momento em que sai da garagem até ao seu regresso a casa.

Um AMG muito especial

Se você gosta de passar despercebido, ignore este teste, porque este Mercedes-Benz AMG C 63 Coupe não serve para ser o seu carro, e ainda menos esta versão. O Edition 1 tem como referência o carro que compete no Campeonato Alemão de Superturismos (DTM) e tem um toque bastante mais desportivo no exterior.

O seu frontal agressivo destaca-se pela lista em grafite mate (não preta, embora pareça) que cobre o capot, o tejadilho e a mala traseira, assim como os lados e que define o C 63 Edition 1. O pára-choque dianteiro incorpora vários elementos em cor preta contrastante, destacando-se as grandes dimensões dos pára-choques e o muito baixo avental dianteiro (há que ter muito cuidado com calçadas, passeios, encostas íngremes...) em busca da melhor aerodinâmica possível e com a desportividade como bandeira.

Na grelha dianteira, onde o símbolo da estrela é o protagonista, esconde-se anagrama AMG que nos avisa que, sob o capô não existe um motor convencional. Por último, os faróis com tecnologia Full-LED para todas as funções de iluminação, direcionáveis e que nos dá as boas-vindas com um rasto de LED azul quando abrimos o carro.

Visto de lado o protagonismo pertence às rodas de liga forjada AMG de 20 polegadas, com um desenho de raios cruzados em cor preta e medidas de pneus 255/35 à frente e 285/30 atrás, de corte totalmente desportivo e que na certa vão sofrer um pedaço em algumas das nossas estradas mais maltratadas.

Os espelhos pretos fazem parte do AMG Night Pack juntamente com as janelas traseiras escurecidas… E para os agnósticos sobre o potencial deste AMG, o logo lateral V8 Biturbo limpa todas as dúvidas.

Na traseira, os olhos de qualquer amante do mundo motorizado arregalam-se com as quatro saídas de escape cromadas, o enorme spoiler preto e as suas alhetas centrais com recorte desportivo que dão o toque final no ar racing deste C-Class Coupe AMG.

Interior desportivo e de qualidade

A grande consola central em fibra de carbono ou os pontos em amarelo diferenciam o interior desta edição especial. No geral, o design interior deste Mercedes-Benz AMG não está longe de qualquer outro Classe C, embora com algumas nuances que fazem a diferença com os irmãos do resto do alcance. Pontos amarelos são também vistos em diferentes partes do acabamento de couro e, acima de tudo, nos bancos desportivos (tipo baquet) que se adaptam perfeitamente ao corpo, mantendo-nos bem em todos os tipos de situações, graças ao seu design e múltiplos ajustes elétricos que permitem aumentar o suporte lateral ou ajustar a posição ao volante com precisão.

A posição atrás do volante é baixa, apertada e com um assento de couro com volante de direção que esconde duas câmeras de metal nas costas. O logotipo AMG na consola central e instrumentação (também com toques amarelos) lembra-nos os cavalos que nos acompanham.

Os assentos traseiros são apenas para duas pessoas, como num bom coupe, e são menos confortáveis do que os de frente.

O acesso é complicado, o design exterior subtrai o espaço da cabeça e as pequenas janelas traseiras não trazem muita luminosidade para o interior. Mesmo assim, há espaço suficiente para os pés, pelo menos para uma pessoa com até 1,75 metros de altura.

O azul que nos recebe externamente quando abrimos o carro à noite, tem a sua continuidade sob a forma de luz ambiente no interior. Embora, como curiosidade, as luzes de leitura traseiras só possam ser ligadas da frente. O espaço para bagagem tem uma capacidade de 355 litros e se o compararmos com o BMW M4 (455 litros) ou o Audi RS5 (465 litros) é algo modesto.

Um V8 Biturbo com 476 CV

Lembro-me perfeitamente da primeira vez que liguei este C 63 AMG na garagem da marca. Apertei o botão de energia e, de repente, o motor subiu em rotações criando um som espetacular. Pensei que a acústica numa garagem, favorecia o brado guerreiro do motor, mas com a passagem dos dias fui percebendo que não importava ativá-lo numa garagem fechada ou ao ar livre - o som com que nos acolhe é sempre um verdadeiro espetáculo!

Nos primeiros quilómetros, a suavidade do seu motor, um Biturbo de 4.0 litros V8 com 476 CV de potência, é surpreendente. Quando precisamos de um ‘ar educado’ na estrada, não dececiona e comporta-se de forma nobre e suave. No entanto, se pressionamos ligeiramente o pé no acelerador (e enfatizamos um pouco), os 476 CV começam a acordar e o torque de 650 Nm de apenas 1750 rpm encaixa-se no assento.

O AMG C 63 Coupe Edition 1 possui vários modos de condução - Perso, Confort, Sport e Sport + - e em vários modos de ESP - conectados, Sport e desconectados - tudo isso para que nada se perca no aproveitamento do motor. Como curiosidade, também está equipado com o Start & Stop. O som do motor varia de acordo com o modo de condução, com o rugido no modo Confort, tornando-se particularmente emotivo no modo Sport / Sport + ou quando a agulha do conta-rotações supera as 4000 rotações.

A caixa de velocidades não é convencional, trata-se de uma unidade de 7 velocidades SPEEDSHIFT MCT AMG com embraiagem dupla e com ótimo desempenho em termos de velocidade.

Um rugido encantador

Ocupei a primeira parte do teste a rodar em auto-estrada, na direção Madrid-Vigo, e foi nessa ocasião que a personalidade alemã deste AMG se mostrou, já que o estado do asfalto das auto-estradas espanholas não lhe agrada especialmente (pelo menos em várias passagens da A-52).

A rigidez do carro faz com que se sinta absolutamente tudo e, em algumas zonas, fui obrigado a reduzir abruptamente a velocidade porque a vibração corria por todo o habitáculo; isto não é, obviamente, culpa do carro, porque quando o asfalto é como deve ser torna-se muito agradável e até confortável, com um rolamento suave do bloco V8, combinado com um ligeiro rugido quando o motor seguia a 2.000 rotações a 120 km / h.

Mas nem só em auto-estrada se comporta bem, porque logo que entramos numa estrada nacional, a sensação com que fiquei foi que quanto mais curvas pela frente tivesse… tanto melhor!

O seu motor, o rugido, a resposta do carro, tudo em conjunto faz com que sintamos a condução em cada momento, e apesar de ser um carro com tração traseira, surpreende com a resposta fiel e nobre ao volante. E mesmo que ‘provoquemos’ a parte traseira em curva, responde de modo muito previsível e certo nas reações, algo que ajuda bastante a precisão da sua direção.

Musica para os ouvidos…

Quando a agulha do conta-rotações passa das 4.000 rpm, o som é como música celestial para os amantes dos motores e sentimos o corpo pressionado contra o respaldo do assento se progressivamente subirmos o ritmo até perto das 6.000 rotações – o nosso corpo e o assento passam a ser um único elemento com a capacidade de aceleração deste Mercedes-Benz AMG.

Como uma cereja para a diversão, o AMG Edition 1 dispõe do Launch Control (controle de saída), um sistema que nos permite sair desde parado com a máxima potência e levar um ‘empurrão’ que nos permite num espaço de 4 segundos ir de 0 a 100 km/h. Para o ativar é necessário tocar numa série de comandos (como num jogo de video) e devemos nos certificar se temos um lugar seguro e espaço para o ativar em segurança, já que a resposta é agressiva, ao ponto dos pneus deixarem a sua marca no asfalto.

No entanto, se a sua condução é mais pacata silenciosa, destaca-se a boa capacidade de resposta deste carro a baixos regimes, sem prescindir de um ronco especial no modo Confort. É também um carro para o dia-a-dia, apesar do seu inegável espírito desportivo e da potencia que esconde sob o capô.

Consumos altos... naturalmente

Analisar os consumos de um AMG não faz muito sentido, mas ainda assim quisemos o consumo deste Mercedes-Benz AMG C63 em diferentes cenários. Logicamente não é um carro económico, embora na estrada tenha parecido moderado. Na rota entre Madrid-Vigo-Madrid, o consumo médio foi de 10,5 litros/100 km (sempre circulando a uma velocidade legal).

Em estrada e a circular de forma silenciosa o consumo médio foi de cerca de 11 litros/100 km, valor que sobe para 14 litros se o tráfego se complicar ou se a nossa condução se tornar mais agressiva; atinge os 18 litros a cada 100 km em condução desportiva. Em cidade obtivemos um consumo aproximado de 15 litros/100 km.

Conclusão

Podemos com este coupé ir às compras numa grande cidade ou afundar o pé no acelerador e desfrutar de uma estrada de curvas como uma criança. Em suma, este Mercedes-Benz AMG C 63 Coupe é um desportivo que coloca as emoção à flor da pele, extraordinariamente irracional, mas absolutamente encantador. Por último, o preço, que começa em 99.000 euros neste AMG C 63 Coupe Edition 1.