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AUTO | Renault Mégane GT - Com o diabo no corpo


O xeque-mate à concorrência está dado. O novo Mégane GT é brutal nas performances, tremendamente equilibrado no comportamento com o sistema 4 Controle, contando ainda com magistrais 205 cv de potência para nos fazer sentir todo o ADN da Renault Sport. Fomos conhecê-lo.

Ricardo Ferreira; fotos de Rui Elias


Foi há muito mas ficou-me bem gravado na memória. Um dos carros que até à data, mais divertimento me proporcionou nas estreitas estradas da serra de Sintra, foi o Renault 5 GT Turbo. Estava-se em 1992, as publicações automóveis impressas nasciam como cogumelos, a par da paixão imensurável dos portugueses pelo desporto automóvel.


A versão desportiva do Renault 5 GT Turbo empregava um motor de 1397 cc, colocado na posição transversal na frente do carro, sendo a sua potencia muito próxima dos 190 cv às 6200 rpm. A alimentação era reforçada com um turbocompressor Garrett T2, com um intercooler ar-ar e, não deixava de ser espantoso que, na versão de série, um carro com estas dimensões tivesse uma potência a rondar os 120 cv e pudesse ultrapassar os 200 km/h.

Vinte e cinco anos depois, no presente, todos esses números estão ultrapassados pelo desportivo Renault Mégane GT – cuja primeira geração (1995-2001) deixou boas recordações no Campeonato Nacional de Ralis! – animado pelo novo motor 1.6 TCe 205 turbo (1618 cm3) que bombeia qualquer coisa como 205 cv de potência - 39 a mais que a dita versão “normal” – com muito binário (280 Nm), com uma caixa de velocidades automática de dupla embraiagem de sete velocidades (conhecida no vocabulário da Renault como EDC) e o revolucionário sistema 4 Control de 4 rodas direcionais.

Em suma, ‘armado’ até aos dentes de eletrónica!


Com inegáveis ares de RS

Para começo, ao abrir a porta e entrar no habitáculo, o Mégane GT começa por nos dar as boas-vindas no largo écran ‘touch’ central que armazena todas as informações necessárias à condução. E, se porventura os carros falassem, terme-ia dito: “Estou aqui, chamo-me Renault Mégane GT e tenho toneladas de ADN da Renault Sport para te dar.” É um facto, ares do poderoso RS não faltam a esta versão mais desportiva do Mégane!


No écran central existem os modos Neutral, Confort, Sport e Personalizável (claro que o Sport é o modo mais apetecido mas o Neutral, o mais utilizado e mais conveniente, e mais económico, nas deslocações diárias). cada qual com a sua cor personalizada que ilumina o painel, os flancos laterais das portas e a consola central.

Integradas no volante estão umas patilhas grandes mas curtas na parte inferior do volante, ao nosso lado direito está a alavanca da caixa automática EDC com as indicações P (Parking), R (marcha-atrás que liga de imediato a câmara traseira no écran), N (ponto-morto), D (para engrenar as velocidades) e M+- (modo manual sequencial para usar as patilhas).


Lá fora tenho uns pneus de baixo perfil Continental ‘ContiSportContact’, montados numas jantes criadas na Renault Sport com o logo GT inscrito nas quatro rodas com as medidas 225/40 R18’. O fim-de-semana promete emoções fortes!


Assinatura distinta e desenho meticuloso

Com a sua distinta assinatura de iluminação e proporções equilibradas, o Novo Mégane é, antes de mais, um Renault. Adota o DNA de design da marca com ombros amplos e esculpidos e uma face frontal a incorporar a nova identidade de design da marca, incluindo o logotipo grande e vertical, que na parte traseira incluiu a câmara inteligente para as manobras de parqueamento.

Como parente do Renault Talisman, este novo Mégane possui uma assinatura de iluminação específica na frente, com faróis em forma de C cujo surround prossegue no pára-choques.

Na parte traseira, a nova assinatura de iluminação, visível tanto de dia como de noite, vai direto ao carro para aumentar a largura percebida do veículo. "No mercado altamente competitivo das berlinas compactas, era crucial que o novo Mégane devesse se destacar desde o primeiro olhar", disse o designer de exterior Franck Le Gall.


O novo Mégane está 25 milímetros mais baixo à e 47mm mais largo, enquanto na parte traseira (em comparação com o Mégane 3) assenta bem melhor na estrada. As suas proporções são as de uma silhueta desportiva com uma distância entre eixos 28mm mais longa e uma protuberância mais curta.


Em termos de motorização, existem duas versões que equipam o Mégane GT, o motor a gasolina Energy TCe 205 EDC, um 4 cilindros com 16 válvulas e 1618 cm3, e o diesel Energy dCi 165 EDC. A versão que utilizámos foi a versão com a unidade a gasolina - a mais atrevida em performances - e que é vendida ao PVP de 32.700 euros.


Alma e coração endiabrado

São cada vez mais raros os carros de três portas e por isso os desportivos seguem por esse caminho. É esse o caso do Mégane GT… com cinco portas como qualquer modelo familiar. Mas, fora isto, tudo o resto, do interior, ao exterior e às performances, segue a via mais radical e desportiva, e para reforçar o emblema Renault Sport espraia-se por todos os cantos.


Começando pela atuação das quatro rodas direcionais, conhecidas como “4Control”, este é um sistema simples, mecânico, já amplamente conhecido e que foi recuperado pela Renault com o Espace, depois com o Talisman e, agora, com o Megane. Funciona do seguinte modo: o eixo traseiro tem um mecanismo que vira as rodas traseiras no sentido oposto ao sentido da marcha das rodas da frente até aos 60 km/h (80 km/h no modo Sport), passando a virar no mesmo sentido das rodas dianteiras acima dos 60 km/h (80 km/h no modo Sport).


No primeiro caso o sistema ajuda a manobra e a direcionalidade nas zonas mais apertadas ou em curvas mais lentas e fechadas. No segundo caso, incrementa a estabilidade em curvas rápidas e de apoio, oferecendo mais confiança ao condutor.


Foi isto mesmo que verifiquei, quando entrei a uma velocidade acima do recomendável numa curva com ângulo muito fechado e a necessitar de apoio para evitar a sobreviragem. Segui junto à corda da curva e o Mégane GT seguiu sobre carris, com uma estabilidade incrível e a frente a mergulhar mais do que o habitual mas sem uma única hesitação.


O sistema funciona de forma perfeita, melhora de forma incrível a agilidade e o comportamento, aproveitando o facto do Megane estar mais longo, mais baixo e com vias ligeiramente mais largas. E também devido à direção diferente dos modelos ditos “normais” (aqui não há assistência elétrica devido ao “4Control”) sendo direta, precisa e com alguma sensibilidade, garantindo um eixo dianteiro com elevada aderência.


Além disso, devo sublinhar que o Mégane GT conta com uma relação peso/potência excelente de 1392 quilogramas para 205 cv e 280 Nm de binário.

Agilidade também não lhe falta, e também uma capacidade de aceleração no modo Sport que impressiona, chegando como um tiro aos 200 km/h, progredindo depois até uma velocidade máxima de 230 km/h. Também em curvas de alta velocidade demonstra uma precisão mágica, já o tínhamos comprovado quando o conduzimos no Autódromo do Estoril e confirmámos essa impressão agora, mas desta vez fora do circuito.


Mas, claro que, arriscamo-nos a escutar umas bocas na nossa célula familiar, do tipo “Isto não é o Need for Speed”, ou dos amigos mais próximos… “O carro é bom, mas tu…” Na verdade, ao Mégane GT não lhe falta ‘raça desportiva’… nem no motor.


O Mégane GT usa o mesmo motor do Clio RS, um bloco de 1.6 litros que exige alguns truques para o explorar ao máximo. Um deles é não explorar o motor até ao limite, pois nessa zona não há tanta potência e menos binário (mas é verdade que nos regimes altos emite uma sonoridade encantadora) e também não soma um km/h de velocidade ao Megane. O outro truque é usar a excelente curva de binário que surge plana nos médios regimes, onde este bloco da Renault é muito poderoso.


Criticada por alguns ‘experts’ da matéria no Clio RS, a caixa de dupla embraiagem EDC com sete velocidades está agora muito melhor. O Megane GT também não tem opção de caixa manual, mas como tudo evolui, melhorou em relação ao Clio RS, agora, com a relação sequencial correcta, ou seja, empurrando para baixo a patilha reduzimos, puxando-a acima, subimos uma marcha.


Conclusão

O novo Mégane GT passou com nota elevada neste nosso teste, em que nem o fotógrafo (Rui Elias) resistiu ao clima desportivo que se vive a bordo.

É um carro extraordinariamente eficaz no comportamento, conta com a tecnologia do “4Control” a dar o toque de inovação, e, sem dúvidam tem muita raça desportiva, e apesar disso apresentou uma média de consumos no computador de bordo de 7,8 l/100 km… Muito interessante.

Mas, deixou-me uma dúvida: se o Mégane GT já é assim, o que não virá no futuro Mégane RS?





PREÇO E CARACTERISTICAS

RENAULT MÉGANE GT TCE 205 TURBO


Preço: €32.700

Motor: 4 cilindros, turbo 1616 c.c.

Potência máxima: 205 cv/6000 rpm

Binário máximo: 280 Nm/2400 rpm

Transmissão: dianteira, com caixa de dupla embraiagem EDC 7 velocidades

Suspensão: independente McPherson fr./eixo de torção tr.

Travagem: discos ventilados (320 mm) fr/Discos (290 mm) tr

Peso: 1392 kg

Mala: 384/1247

Capacidade do depósito: 50 litros

Velocidade máxima: 230km/h

Aceleração 0-100 km/h: 7,1 s

Consumo médio: 7,8 l/100 km

Emissões CO2: 134 gr/km




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