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Peugeot 308 GTI vs. Renault Mégane R.S. / Duas propostas onde a colaboração dos respetivos departamentos, leia-se Renault Sport e Peugeot Sport, determina o alcance das performances: 280 cavalos no Mégane R.S. e 270 no Peugeot 308 GTI, valores para dois hatchback desportivos que vão a jogo com preços a rondar os 40 mil euros.
A pressão que assenta sobre o Megane R.S. é terrível. A Renault Sport habituou-se aos elogios dirigidos à geração anterior, já muito boa ao nível de tração, confirmando essa qualidade nesta quarta geração. Por sua vez, a Peugeot Sport, avança com o seu 308 GTi com sólidos argumentos para o colocar desportivos compactos mais nervosos da atualidade.
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Como já se suspeitava, a Renault acabou por recorrer ao motor empregue no novo Alpine A110 para equipar este novo Mégane R.S., ou seja um bloco de 1.8 litros turbo com 280 cv, motor este que mais potenciado no Cup – a versão mais ousada do desportivo francês – poderá voltar a fazer sonhar a Renault Sport em voltar a ter um título que já foi seu: o do carro de tração dianteira mais rápido no Nurburgring, recorde que já pertenceu ao Mégane RS 275 Trophy-R (7’54’’36) e que agora está na posse do Volkswagen Golf GTI Clubsport S (7’49’’21).
Já quanto aos preços destes dois desportivos em Portugal - que conduzimos junto ao porto de Dunquerque, em França, na verdade os mesmos não poderiam estar mais próximos.
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Enquanto o Peugeut 308 GTi com a pintura de guerra ‘Coupe Franche’ combinada nas cores Preto Perla Nera e Azul Magnetic (ou Preto Perla Negra e Vermelho) começa nos 42.520€, o Renault R.S. está disponível em oito tonalidades distintas (vermelho, preto, branco nascarado, cinzento platina, cinzento titanium, laranja tonic – a cor da versão ensaiada) e amarelo sirius. A escolha de qualquer uma destas cores acresce ao PVP do veículo, exceto o branco glaciar que permite ficar nos iniciais 42.080 euros pedidos para o R.S. da Renault.
No horizonte destes dois hatchback estão outros desportivos como o Honda Civic Type-R, o Seat Leon Cupra, o Ford Focus ST, VW Golf GTI e mais recente Hyundai i30 N.
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A lebre e o gato magro
Acredito que repetir esse recorde não é impossível. O Mégane 4 R.S. não se suavizou, antes pelo contrário, está bastante mais incisivo nas curvas, conforme nós próprios verificámos no primeiros contato que realizámos no Autódromo do Estoril - muito por conta do chassis 4Control e do promissor 4 cilindros turbo.
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Passando ao 308 GTi, este renovou-se em 2017 e praticamente estagnou desde essa data. Continuam a debitar os habituais 270 cavalos do bloco THP de 1,6 litros, e a isso se deve que se entrarmos em comparações conclui-se que segue no mercado como um dos menos potentes da categoria. Porém, há que ter em conta que segue à risca a filosofia dos carros criados por Colin Chapman (o criador da Lotus): “a leveza é a regra d’ouro para a melhor performance.”
O Peugeot é um gato magro: pesa apenas 1.205 kg !
O Renault Mégane acusa mais de 200 quilos adicionais, pode parecer pouco mas é muito, peso ‘extra’ que vem em grande parte das 4 rodas direcionais e da caixa de dupla embraiagem – o R.S. é penalizado com os seus 1.430 kg, e mesmo a caixa manual apenas reduz 27 quilos no peso.
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Ainda assim o desportivo francês da marca do losangulo consegue uns positivos 5.8 segundos nos 0 a 100 km/h (como um Honda Civic Type R) contra 6 segundos do Peugeot devido à componente mecânica/eletrónica; contudo o Renault acaba a perder para o Peugeot nos consumos: 6 l/100 km no ciclo misto para o 308 e 6,9 l para o Mégane; 11 litros na condução desportiva para o 308 e 13,8 para o Megane!
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No quotidiano destaca-se o 308 GTi
Ao contrário do Mégane R.S., proposto em duas configurações, Sport ou Cup (o mais radical), o 308 existe em apenas numa variante. Sem artifícios técnicos, parece mecanicamente despojado da alto padrão de tecnologia assumida no Mégane. Comparando-os, o Renault é mais rico, enquanto do lado do Peugeot, as semi-bacquet proporcionam uma posição mais confortável e todo o interior um ambiente mais refinado.
No Mégane tudo soa a Sport: inserções a imitar carbono no interior das portas (plástico), baquets envolventes e uma notável firmeza nos primeiros metros percorridos. A versão ensaiada com o chassis Sport é mais civilizada que o Cup. Em modo confort, os amortecedores com batentes hidráulicos (novidade no R.S.) oferecem um conforto adicional, mas não funcionam tão bem quanto um verdadeiro sistema de amortecimento pilotado. E a suspensão é bastante seca.
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O Peugeot oferece melhores argumentos para levar os filhos à escola, o Renault conta com uma aparência melhor para impressionar os amigos. Um grande difusor (verdadeiro, não um simples apêndice estilizado), abas de rodas largas e umas luzes diurnas especiais tornam impossível confundir com um clássico Mégane.
Ao contrário, o 308 pauta-se pela discrição. Além dos monogramas e das duas grandes saídas circulares do escape não existe quase nenhum outro sinal desportivo – tem uma linha bastante mais civilizada.
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Precisão tecnológica
Vs. sensações desportivas puras
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Os 200 kg a menos do Peugeot sentem-se na estrada! Em curva o Mégane fica quase plano e vira de forma cirurgica, enquanto o 308 salta de curva para curva com a facilidade de uma bailarina profissional. Beneficia de um diferencial de deslizamento limitado e do chassis muito vivo e comunicativo: O trem dianteiro é híper eficaz e a traseira move-se quando a provocamos.
Contrariamente ao Renault, não precisamos de solicitar tanto o acelerador para desfrutar de bons momentos num traçado sinuoso. A reduzida altura ao solo, a resposta do pequeno 4 cilindros, o escalonamento curto da caixa são sintomas desportivos que se percebem no 308 GTi. Por outro lado, a condução e a deflexão da caixa Peugeot são muito menos desportivas do que esperávamos. Um péssimo sinal, sobretudo num momento em que as caixas automáticas de embraiagem dupla se tornaram habituais entre muitos fabricantes.
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O Mégane R.S. parece melhor realizado, numa lógica puramente desportiva. Posição e regulação perfeitas dos assentos (na forma de baquets para corridas), alhetas ao volantes largas e rápidas para gestionar manualmente a caixa de automática EDC de 6 velocidades, etc. O temperamento do Renault é musculado e cheio a todos os regimes do motor de 1.8 litros turbo (390 Nm a 2.400 rpm), mas linear em comparação com o bloco Peugeot, notavelmente mais dinâmico nos regimes. O motor do R.S. distingue-se no rugido, crepita no escape, mas acalma-se rápido a alta velocidade o que resulta um pouco artificialmente. O 308 também, mas consegue suster melhor a ilusão desportiva.
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Mégane R.S
Mais (+)
Maior atualização
Motor a médios regimes
Precisão em curva
Painel com mais informações
Menos (-)
Mais 200 kg
Motor a alta velocidade
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Peugeot 308 GTi
Mais (+)
Conforto interior
Reatividade em curva
Maior agilidade
Sensações puras de condução
Menos (-)
Opções de equipamento e cores
Potência efetiva do motor
O Mégane R.S. conquista as curvas
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Mas se a velocidades elevadas o Renault "parece" perder um pouco para o Peugeot, ao entramos em zonas de curvas apertadas, o R.S. volta a brilhar com o 4Control. O sistema direcional às quatro rodas, exige alguma habituação ao início, mas depois torna-se delicioso podermos curvar com muito apoio e um grip acima da média atrás. Perfeito, revela uma estabilidade impressionante, as rodas giram poucos centímetros, mas os suficientes para evitar-se qualquer sobreviragem’ - parece que viajas sobre rails… mas se queres estilo para a fotografia, levantar a roda traseira… esquece!
O sistema impressiona: estabilidade formidável e agilidade! O Mégane R.S. compensa assim o seu excesso de peso e passa objetivamente mais rápido em quase todos os sítios. É quase tão divertido como o desportivo de Sochaux, mas com a condição de reforçar ‘automaticamente’ o impulso de cada manobra. Anote também que o chassis da Renault parece ir bem melhor a alta velocidade, com a dianteira menos inclinada mas a "ler" na perfeição a estrada. O Peugeot 308 solicita correções mais frequentes a alta velocidade, nos pontos sinuosos revela uma agilidade surpreendente no trem traseiro mas temos que corrigi-lo mais ao volante.
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Nesse sentido, o 308 opera num sentido mais puro e irracional (mais próximo de um carro de ralis atual)… a tradição afinal, ainda nos traz coisas boas… sensações genuínas de pilotagem! Apesar da sua concepção mais recente e grande palóplia tecnológica, o R.S. não é tão eficaz na transmissão de binário ao asfalto quanto o 308 GTi.
É verdade que de acordo com as suas especificações, o Mégane conta com mais 60 Nm (Newtons metro) que o motor Peugeot 1,6 THP do 308, o qual se fica pelos 330 Nm, mas sinceramente, perecem melhor distribuídos às 4 rodas… pelo que devemos felicitar o belo trabalho da Peugeot Sport - que como deves saber possui uma coleção brilhante de sucessos no plano dos ralis!
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Balanço final
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Contam com especificações e resultados aproximados, no entanto, são dois desportivos algo diferentes. Se por um lado o cronómetro joga a favor do Renault, por outro, o Peugeot é mais ágil e rebelde sobressaindo no campo das sensações.
A comparação é dificil... pode ser feita mas com algumas reticencias para o 308 GTi. Complica-a a recente renovação do Mégane R.S..
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Ainda assim, apesar dos anos, o Peugeot consegue sobressair nalguns pontos: é muito positivo em sensações e até conseguiu colocar-nos um sorriso no rosto com o comportamento de um genuíno hatcback desportivo. Sa outra parte o Renault R.S. mostrou resultados de estrada eficazes que comprovam o bom trabalho realizado na Renault Sport que desde o início de 2018 foi mostrando parcialmente o seu novo carro - 280 CV e uma panóplia de possibilidades servem para deixar qualquer fã de novas tecnologias no mundo da lua e ansioso por o experimentar.
Finalmente, quanto ao resultado deste confronto, porque o R.S. é certamente o hatchback mais completo do mundo em informações e precisão na estrada, mas também porque o 308 GTi emprega um motor com menos cubicagem (apenas 1600cc) com 'nervo' e um chassis hiper-ágil, para sermos justos... demos um empate técnico a ambos.
FICHA TÉCNICA
Peugeot 308 GTi
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Motor: 4 cilindros, 1.8 turbo (Energy TCe 280 EDC) Cilindrada: 1.798 cc Potência máxima: 280 CV/6.000 rpm Binário máximo: 390 Nm/2.400-4.800 rpm Caixa de velocidades: automática de 6 velocidades com EDC
Performances e preço
Velocidade máxima: 250 km/h 0 a 100 km/h: 5,8 s Consumo médio: 7,1/6,9 l. por 100 km Emissões de CO2: 161/155* g/km A partir de 42.080€
FICHA TÉCNICA
Peugeot 308 GTi
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Motor: 4 cilindros, 1.6 turbo (THP 270 S&S CVM6) Cilindrada: 1.598 cc Potência máxima: 270 CV Binário máximo: 330 Nm/2.400-4.800 rpm
Caixa de velocidades: manual de 6 velocidades reforçada
Performances e preço
Velocidade máxima: 250 km/h 0 a 100 km/h: 6,0 s
Consumo médio: 6,0 l. por 100 km Emissões de CO2: 139 g/km A partir de 42.520€
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