O ex-patrão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, agora director-executivo, enquanto o Grupo Liberty não toma a gestão absoluta da modalidade, revelou numa entrevista ao ‘Sunday Times’ uma proposta para ser disputado cada Grande Prémio com duas corridas de 40 minutos.
O dirigente britânico defende que repartir os Grandes Prémios em duas corridas de 40 minutos cada uma – com um intervalos para os pilotos darem entrevistas -, seria a forma certa para tornar “mais atrativa” a prova ‘rainha’ do automobilismo, trazendo mais audiência e patrocinadores.
No entanto, o britânico, de 86 anos mostra muitas dúvidas sobre a recetividade desta ideia por parte do atual ‘patrão’ da Fórmula 1, o magnata norte-americano John Malone, que comprou recentemente os direitos do Campeonato do Mundo.
“As pessoas têm períodos de atenção mais curtos e muitas modalidades e estão a procurar fórmulas que reduzam o tempo dos jogos ou competições”, justifica Ecclestone. E para sustentar a sua ideia, dá o exemplo do recente Grande Prémio do Brasil, cujas audiências ‘dispararam’ em virtude da corrida ter sido interrompida devido aos acidentes e à forte chuva que se abateu sobre o circuito de Interlagos. “As audiências subiram no Brasil. Com a chuva e os acidentes, tivemos uma corrida longa, que acabou por ter, na prática, duas partidas, devido às bandeiras vermelhas”, lembrou.
Neste sentido, Ecclestone desafia os responsáveis a reverem o atual conceito de “corrida longa” e a pensarem numa prova com duas corridas de 40 minutos. “Seria muito mais atrativo para os espetadores e para os investidores em publicidade. Todos iriam gostar. Iria ‘agitar’ as coisas, com os carros mais leves e mais rápidos.”
A MERCEDES VAI-SE RETIRAR A VENCER; DEVEMOS ESTAR PREPARADOS PARA ESSA POSSIBILIDADE
Ecclestone continua a expor as suas ideias na imprensa, mesmo que estas possam ter um certo ar de apocalipse, como aquilo que disse à revista alemã “Auto Motor Und Sport”.
“Pode acontecer que a Mercedes e a Ferrari se retirem mas, ainda que as corridas sejam hoje melhores, isso não seria necessariamente um drama”, afirma. Ecclestone . "Devemos estar prontos para qualquer eventualidade, porque é certo que a Mercedes vai-se retirar a ganhar, algo que não é novo, e que até já aconteceu com a Toyota, a Honda e a BMW. Não existe gratidão”, conclui.
Esta é mais uma das muitas ‘estórias’ do controverso dirigente publicadas na atualidade, mas deixa-nos a ideia que não o chocaria nada ter de novo um único fabricante como principal fornecedores de motores para a F1 – como aconteceu em 1980 com a Ford, ano em que o fabricante norte-americano forneceu unidades motores 3.0 V8 preparados na Coswotth a um total de 14 equipas. Ferrari, Alfa Romeo e Renault foram os únicos teams com motores próprios, mas, resta saber como reagiria a FOCA (Associação dos Construtores de Fórmula 1) à ideia visionária de Ecclestone.
Por último, Ecclestone também disse que o GP de Singapura pode estar para terminar em breve como organizador e que pode não querer para renovar.
"O mesmo acontece com os organizadores e Singapura. Eles queixam-se de terem gasto muito dinheiro, mas nós também fizemos um grande investimento lá. De repente, passaram a ser muito mais que um simples ponto de passagem de um aeroporto, e agora, que acreditam terem chegado à meta já não querem mais corridas", afirmou, deixando em dúvida a presença do Grande Prémio em calendários futuros.