Fim do jejum de Vettel e Ferrari | Motores
- motores7magazine
- 27 de mar. de 2017
- 4 min de leitura

F1 / GP DA AUSTRÁLIA | Em Melbourne, Sebastian Vettel e a Ferrari destacaram-se em quase tudo: condução, velocidade, pneus e estratégia de corrida. Na Mercedes reinou a confusão. Por Ricardo Ferreira
Terminou o longo jejum da Ferrari e de Sebastian Vettel, que durou algo como 553 dias (o último triunfo do alemão foi no GP de Singapura em 2015) e se estendeu até este triunfo na abertura da temporada de Fórmula 1 na Austrália. Ainda que seja algo prematuro, julgar esta vitória como prenuncio da época que começou, a verdade é que o primeiro sinal de força do novo carro da Ferrari foi dado de modo expressivo por Vettel, que finalizou a corrida com tranquilizantes 10 segundos de vantagem sobre os Mercedes de Hamilton e Bottas.

DOMINGO PERFEITO
PARA A FERRARI
O Ferrari SF70H esteve consistente, sobretudo na distância (em relação tanto ao Mercedes W08 como ao Red Bull RB13), reencontrando assim as belas qualidades que já teve há um par de temporadas atrás. Sebastian Vettel não fez um grande começo de corrida, mas apesar disso manteve a segunda posição, e depois manteve um bom ritmo, interrompido apenas nas dobragens aos pilotos mais lentos.
A diferença, é que, desta vez, a box da Ferrari não entrou em pânico quando Hamilton fez a troca de pneus, como aconteceu muitas vezes em 2016, e toda a equipa continuou fiel à estratégia predefinida, mudando os pneus seis voltas depois do piloto da Mercedes. E esta acabou por ser uma estratégia vencedora da Ferrari, que analisada mais ao pormenor, permite perceber que Vettel regressou à pista na frente de Verstappen e Hamilton (duplo benefício), capitalizando assim piloto e máquina uma primeira posição ‘virtual’ (depois de estar em 3 °) que depois se transformou numa vitória real ao cabo de 57 voltas.
Em jeito de conclusão, direi que isto foi uma demonstração de que não se tira proveito do improviso, baseado na simples observação dos outros… e que basta afinal deixar os homens da Ferrari trabalhar como sabem, sem se exagerar da pressão – acima do normal numa corrida de F1 – e os resultados aparecem… naturalmente.

Nesta exaltação “tiffosiana” não esqueçamos Kimi Raikkonen. O finlandês não brilhou – como é habitual quando dispõe de um carro mais fraco que a concorrência faz “milagres” – salvo no modo como se defendeu dos ataques do Max Verstappen e na obtenção da volta mais rápida da corrida na parte final, garantindo um quarto lugar valioso, ainda que pouco emocionante.
No entanto, terá sido preciosa a sua capacidade de preservar os pneus, e o fato de parar 3 voltas depois de Vettel, para depois se defender dos ataques de Verstappen na segunda metade da corrida. É verdade que na sua segunda paragem na box poderia ter arriscado mudar para pneus supermacios em vez de macios. Mas foi o medo de uma degradação precoce que o fez tomar essa opção… E, certamente, não se terá enganado.


O ERRO ESTRATÉGICO
DE LEWIS HAMILTON
Em confronto com a estratégia irrepreensível da Ferrari estiveram as muitas dúvidas da parte da Mercedes. Talvez uma paragem mais tardia na boxe de Lewis Hamilton não tivesse mudado muito os acontecimentos, e certamente não foi totalmente medida a dificuldade de superar Verstappen. Mas a verdade é que a corrida foi perdida por Hamilton quando Vettel regressou da box à frente do inglês e com Max Verstappen a separá-los.
Acresce a isto um provável erro de cálculo de Hamilton. Antes de parar pela primeira vez na box, eventualmente o inglês tinha "borracha suficiente" para continuar a manter a posição de líder! Toto Wolff admite que erraram ao confiar demais nas indicações de Lewis, que relatou uma degradação prematura no primeiro jogo do penus Ultrasoft (que mais tarde se mostraram em bom estado para mais umas voltas, de acordo com a análise técnica da Pirelli) e fez um ‘pit stop’ mais cedo. Talvez para as bandas da Mercedes se comece a fazer sentir a falta Nico Rosberg , que daria uma "segunda opinião" sobre o assunto…

No entanto, o Mercedes W08 não é inferior de "base" ao Ferrari SFH70. O próximo GP terá características diferentes, e com o avanço da temporada, também Valtteri Bottas dará a sua contribuição. O finlandês demonstrou a ‘fibra’ necessária para ocupar o lugar vago de Rosberg.
Max Verstappen fez o que podia, movendo-se para muito perto de Raikkonen, mas sem ser capaz de preparar uma das suas ‘armadilhas’ habituais. Uma corrida para esquecer foi o que teve Daniel Ricciardo: despiste na corrida, após o acidente na qualificação e a subsequente substituição da caixa de velocidades que o levou a perder mais 5 posições no grid.
Retirada infeliz de Romain Grosjean com o motor a fumegar, Felipe Massa obteve um 6º lugar após uma corrida regular e Sergio Perez ainda conseguiu terminar em 7º, contendo os ataques movidos pelos Toro Rosso de Carlos Sainz e Daniil Kvyat. Esteban Ocon fechou os dez primeiros e Antonio Giovinazzi foi o melhor estreante. Pouca sorte para Fernando Alonso obrigado a parar com problemas de suspensão no McLaren Honda e um motor ‘apagado’, e também para o jovem canadiano Lance Stroll que parou na volta 43 sem travões no Williams.
A segunda prova do Mundial de F1 2017 está marcada para o circuito de Xangai (GP da China, de 7 a 9 de Abril), um circuito com uma velocidade média bastante mais alta que o australiano circuito de Albert Park, prova que há um ano teve Nico Rosberg como vencedor e Sebastian Vettel segundo no pódio. Até lá!
A próxima prova: GP da China

Albert Park em imagens
As imagens de Albert Park, cenário do primeiro Grande Prémio da temporada de 2017, onde Hamilton e o seu Mercedes W08 partiram da pole-position, na frente do Ferrari SF70H de Vettel. Mas foi o alemão da Scuderia alemão que cruzou a linha de chegada em primeiro após uma corrida perfeita, seguido pelos Mercedes de Hamilton e de Bottas.
Excelente performance entre os estreantes de Antonio Giovinazzi, 12º ao volante do Sauber C36 Ferrari, na frente de Stoffel Vandoorne num ‘apagado’ McLaren Honda.

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