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MIKE RODMAN

TESTE | Toneladas de prazer


Fui ao Texas experimentar a nova Honda GL 1800 Goldwing de 2018 e acabei por ter uma companhia inesperada. A Phaty, uma fã incondicional desta moto turistica japonesa que não me deixou em paz um único segundo... Uff!

Levantar de manhã bem cedo, tirar as bagagens do quarto, ir arrumar tudo bem arrumadinho na GoldWing cinzenta que me calhou neste ‘tour’, e subir de novo ao hotel para o pequeno almoço… Estou atrasado, passam 5 minutos das 8h00, que tínhamos combinado… mas cheguei.

- "Olá malta, estão a gostar da moto?", disse ainda num tom ensonado. A Phaty bateu com a mão na cadeira, fazendo-me sinal para sentar ao lado dela.

- “Hoje vou de ‘pendura’, e advinha com quem?”

- “Com quem linda?”, perguntei. “Contigo”

- “Ok… tu mandas!”

São ‘nove e meia’ da manhã e depois de um farto pequeno-almoço, café e muito blá-blá-blá, parecemos todos em frenesim por experimentar as novas Honda Gold Wing de 2018.

Esta recebeu uma actualização de fundo, está mais compacta e mais leve e claro, como costume o ponto de referência principal é o monumental motor de seis cilindros opostos… com 4 válvulas por cilindro, acelerador electrónico Throttle-by-wire, 4 modos de condução, sistema de controlo de binário HSTC e sistema Hill Start Assist para assistência aos arranques em subida.


Mas a Phaty não olha para nada disso… Em vez disso e com ar de ‘expert’ observa o painel de instrumentos, passa a mão no guiador redesenhado, mira-se ao espelho e toca nos estofos largos e esponjosos… coisas de mulheres. E digo: “Já viste Phaty os novos controles para a navegação no menu para pesquisares uma estação de rádio ou ativar o GPS, está muito mais fácil…” Ela sorri, e responde-me… “Era só o que faltava se não tivesse isso uma GoldWing. Esqueceste-te de falar da ligação para o telemóvel, do sistema áudio compatível com o protocolo de interface para smartphones Apple CarPlay, da regulação elétrica do pára-brisas (equipamento de série), etc., etc."

“Pois… devo estar a ficar ‘cota’ “, respondo. “Não, não estás, estás a ficar é preguiçoso!”, diz-me com ar sobranceiro.

Controles mais intuitivos

Deixamos o ‘parking’ e seguimos por uma estrada particular durante alguns quilómetros, a um ritmo muito moderado. Tudo está muito bem feito na sumptuosa e redesenhada Honda GL 1800 Goldwing, mas lembro que, na anterior versão era muitas vezes necessário tirar os olhos da estrada para ajustar vários parâmetros; a partir de agora tudo se pode acionar sem soltar as mãos do guiador mantendo a atenção na estrada, existe muita informação e bastante legível na impressionante tela central.

Em ergonomia, comandos e segurança, a Goldwing deu um verdadeiro passo à frente. E assim, posso facilmente e a um ritmo bastante tranquilo, ir trocando impressões com a minha companhia pelos intercomunicadores…

- “Vai-se bem ai atrás Phaty?”

- “Fantástico”, responde-me ela, dando-me um toque nas costas... como se eu fosse surdo... grrrr!!!


Faz todo o sentido a transmissão DCT

Para recuperar alguns sentimentos típicos da tranquilidade da Goldwing, lão lhe falta o som rouco do bloco de seis cilindros que enche a atmosfera, a posição de condução senatorial, a frente perfeitamente reta que confere um controlo excelente, assim como o baixo centro de gravidade ditado pela arquitetura do motor que dá todo um equilíbrio divino a uma velocidade muito baixa.


E também a transmissão com dupla embraiagem DCT de sete velocidades (3ª geração) aprova pela sua eficiência. O ruído mecânico não está ausente, mas muito atenuado. O deslocamento (para cima e para baixo) é suave. Associado aos modos de condução (Touring, Sport, Rain ...), a caixa DCT relaxa a aceleração ou a aceleração muscular. E sempre há a possibilidade de utilizar as paletas ou passar para o modo manual. Este automatismo aumenta o nível de sensações…

Não vamos num cabriolet mas quase. Estamos agora numa grande rodovia do Texas, cenário ideal para regular o cruise control da Goldwing 2018 para 100 km/h, pelo sim pelo não, a melhor velocidade para termos uma margem de segurança para reduzir a velocidade e evitar multas… que nos EUA todo o cuidado é pouco!


A temperatura ambiente está por volta dos 3 graus... Neste contexto, os instrumentos aquecidos e ajustáveis ​​têm uma eficiência desigual: a sela aquece e, finalmente, nesta ‘touring’ de 2018 passamos a ter direito a uma bolha elétrica na Goldwing (!). Em posição alta, atua como um baluarte contra o vento e a chuva, sem gerar muito desses redemoinhos famosos que crescem nas costas, como em muitas GT do continente Europeu (japonesas ou alemãs). Um ponto excelente, portanto.

6 velocidades em modo manual

ou 7 no modo DCT… mais marcha-atrás

Com optimizações de tamanho, o novo motor de seis cilindros opostos mantém toda a sua potência e binário, com uma entrega exemplar e brilhante. O sistema é controlado por um acelerador electrónico Throttle-by-wire e oferece 4 modos de condução: TOUR (turismo), SPORT (desportiva), ECON (económica) e RAIN (chuva).


O sistema HSTC de controlo variável de binário mantém a tração da roda traseira, em conjunto com a alteração nas definições do amortecimento da suspensão e do sistema CBS de travagem combinada, consoante o modo seleccionado. O sistema HSA de assistência ao arranque em subida e a função Idle Stop de paragem do motor ao ralenti facilitam a condução e permitem melhorar os consumos do motor.


Agora, a caixa manual oferece 6 velocidades e a nova transmissão automática DTC de dupla embraiagem tem 7 mudanças, com características personalizadas especificamente para cada modo de condução, tais como a sensibilidade da embraiagem, a rapidez de troca de caixa e a gama de rotação do motor à qual o sistema engrena mudanças mais altas ou mais baixas. Esta caixa automática oferece ainda uma função "creep", de movimento lento, tanto em marcha para frente, como em marcha-atrás. A versão manual emprega o mesmo sistema de marcha-atrás que o modelo anterior.

Estética e tamanho

A Gold Wing anterior tinha um design expansivo e com atitude. Esta nova Gold Wing é uma proposta totalmente diferente e vem substituir as linhas descontraídas do modelo cessante com uma postura mais polida e atlética. As palavras-chave usadas pela equipa da Honda durante a fase de desenvolvimento foram "Formas Refinadas, Estilo Forte".


A moto exibe uma silhueta única que contrapõe as capacidades dinâmicas do motor e do chassis, a que junta depois o elevado nível típico de uma Gold Wing em termos de construção, acabamentos e materiais. Esta nova "face ousada" exibe uma inclinação decidida para a frente e, em combinação com as carenagens de proporções compactas, possui uma "assinatura" frontal muito forte.

As linhas-mestras que percorrem a moto de frente para trás destacam as diferentes funções das partes superior e inferior do chassis e destacam as menores dimensões de todo o veículo. As carenagens são sem dúvida o elemento central, com superfícies planas fortes e sólidas e nuances aerodinâmicas e que deixam antever todas a capacidade de performance do veículo.

As proporções podem ser agora mais reduzidas e mais fortes, com um foco novo e decidido no capítulo estético, mas a equipa responsável pelo desenvolvimento não descurou nunca aspectos de suma importância como são o conforto, a gestão do aquecimento e, ainda mais importante, a gestão dos fluxos aerodinâmicos.

As carenagens da versão anterior foram desenhadas para fornecerem uma "bolsa de ar imóvel" atrás do veículo; no novo modelo, a abordagem é canalizar os fluxos aerodinâmicos à volta do condutor e do passageiro, oferecendo assim uma "brisa" de arrefecimento fresca e eficiente. O menor arrasto aerodinâmico também ajuda a reduzir os consumos.


O enorme pára-brisas é uma coisa do passado; no seu lugar encontramos um pára-brisas mais pequeno e com regulação eléctrica a partir do punho esquerdo. Esta unidade oferece excelente protecção (porque o condutor e o passageiro viajam agora mais próximos do pára-brisas), mas mantendo em simultâneo toda a sensação de espaço e liberdade, quando for necessário. A regulação em inclinação e altura do pára-brisas é feita de forma contínua, sem "degraus". Como opção, estão disponíveis um pára-brisas maior, um deflector totalmente regulável para os braços e tronco e deflectores fixos para a parte inferior das pernas e para os pés.

No que respeita aos bancos, o condutor e o passageiro estão separados, tal como no modelo antigo – o condutor pode apreciar a condução da moto e o passageiro pode recostar-se e gozar a viagem. O formato do banco do condutor é confortável e oferece todo o apoio, permitindo toda a liberdade de movimentos – para poder apreciar a nova dinâmica da Gold Wing – com acesso fácil dos pés ao chão.


Todas as luzes são de LEDs. A parte inferior dos faróis usa 5 lentes ópticas polidas de ambos os lados, criando uma iluminação de médios potente e com um aspecto muito elegante. Os feixes de máximos (na parte superior dos faróis) originam uma impressão estereoscópica. Os piscas de direcção dianteiros estão colocados nos espelhos retrovisores e todo o sistema tem função de cancelamento automático; o funcionamento é por comparação das diferenças de velocidade entre a roda dianteira e a roda traseira: é efectuado um cálculo do momento de cancelamento dos piscas em relação à situação de condução.


O controlo da velocidade de cruzeiro da nova Gold Wing também evoluiu: a velocidade memorizada através do interruptor do sistema (localizado no punho direito) é agora indicada no canto inferior esquerdo do velocímetro.

O espaço para bagagem

Antes de desenhar o sistema de transporte de bagagem, a Honda foi investigar como é que a Gold Wing era usada pelos seus proprietários. Essa investigação permitiu concluir que não havia necessidade de transportar enormes quantidades de bagagem, já que a maioria era usada em viagens mais curtas, de 2 ou 3 dias, o que originou uma redução inteligente no volume total.

A top case da versão Tour alberga espaço para 2 capacetes integrais; em combinação com as malas laterais, a capacidade de carga são 110 litros. A abertura faz-se através de um botão ou da smart key.


Como opção temos uma prateleira para bagagem para a tampa da top case e sacos de design exclusivo para os compartimentos de bagagem.


O depósito tem capacidade para 21 litros de combustível, menos 4 que anteriormente. Mas, como a nova Gold Wing está agora bastante mais leve e tem maior eficiência aerodinâmica, melhorou os consumos de combustível para 5,6L/100km o que significa que a autonomia se mantém idêntica à do modelo anterior.

Conclusão: nasceu uma nova Goldwing

... e preços?

Sei que esta minha conclusão pode dar alguma controvérsia mas, foi a conclusão que eu e a Phaty tirámos na curta viagem que fizemos na GL 1800 ‘Asa Dourada’. Existe realmente na Goldwing o antes e depois de 2018. Permanecem, inegavelmente, todas as suas qualidades e virtudes dinâmicas, não perde o estatuto de rainha do luxo entre as motos de Grande Turismo mas… existe sempre um mas nesta categoria… vamos a contas!

Esta Honda 1800 Goldwing é proposta numa versão base que custa 25.200 euros, e em outros dois níveis de equipamento superiores: a Goldwing Tour com top-case e encosto para o passageiro (só nessa configuração para mim é que faz sentido a Goldwing!) que obriga a desembolsar 31.000 euros, e a versão topo de gama, a designada Goldwing Tour DCT/Airbag, o luxo supremo, com top case, transmissão de dupla embraiagem e airbag que se ‘atira’ para os 34.500 euros.

- “Eu escolheria a Goldwing Tour. E tu Phaty?”

- “Sem sombra de dúvida… a Tour DCT/Airbag! E garanto-te, que num instante me tornava a rainha das concentrações, fazendo muitos ‘grupinhos’ se roerem de inveja!”

- “Acredito.”


Ficha Técnica

TIPO DE MOTOR 6 cilindros opostos, refrigerado por líquido, 4 tempos, SOHC, 24 válvulas

DIÂMETRO X CURSO (mm) 73 x 73 mm

ALIMENTAÇÃO Injecção electrónica PGM-FI

CILINDRADA (cm3) 1833

POTÊNCIA MÁXIMA 93kW (127CV) / 5500rpm (95/1/EC)

BINÁRIO MÁXIMO 170 Nm / 4500 rpm (95/1/EC)

115642_2018_GL1800_Gold_Wing

TRAVÕES Dois discos flutuantes de 320 x 4.5 mm com maxilas de 6 êmbolos, e pastilhas de metal sinterizado; atrás um disco ventilado de 316 x 11 mm com maxila de 3 êmbolos e pastilhas de metal sinterizado

SUSPENSÕES Duplos Braços sobrepostos; atrás sistema Pro Link

PNEUS 130/ 70R 18’ e 200/ 55R 16’

TIPO DE ABS Sistema ABS combinado controlado eletronicamente

QUADRO Dupla trave em liga de alumínio

DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL 21,1 litros

CONSUMO DE COMBUSTÍVEL 5,6 litros/100km (17,6 l/km)

DISTÂNCIA LIVRE AO SOLO (mm) 130 mm

ALTURA DO ASSENTO (mm) 745 mm

DISTÂNCIA ENTRE EIXOS (mm) 1.695 mm

PESO EM ORDEM DE MARCHA 365 kg





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