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EXPERIMENTÁMOS A MAIS RECENTE VERSÃO DA SUZUKI V-STROM. LEMBRA NAS CORES E DESIGN A ICÓNICA ‘BIG’ MARLBORO E TRAZ CONSIGO AS ÚLTIMAS TECNOLOGIAS PARA TER UM ESPÍRITO AINDA MAIS AVENTUREIRO.
Já lá vão dezoito anos de história desde o aparecimento em 2002 da primeira Suzuki V-Strom, denominada DL1000 e com um caráter de Sports Adventure Tourer.
Dois anos depois, em 2004, seria apresentada a versão de 650cc para abarcar o segmento médio das motos de aventura. Este modelo foi redesenhado em 2012 e 2017, preservando o famoso bico de pato, uma herança da sua antecessora, a Suzuki DR Big 750 S, nascida no final dos anos 80. Neste mesmo ano de 2017, a empresa japonesa apresentou o modelo de 250cc.
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Por sua vez, as versões de 1000cc sofreram alterações em 2013, aumentando a sua cilindrada para 1037cc e obtendo também os mais recentes avanços eletrónicos, como o primeiro sistema de controle de tração.
Agora, em 2020, já com as regulamentações do Euro 5 no calcanhar, a Suzuki surpreende-nos com uma moto completamente nova e com um design muito bem-sucedido, olhando para trás no tempo e tirando o melhor proveito do DNA da época da primeiro DR Big com aquele sabor dakariano e aventureiro. Sem dúvida, olhar para trás, parece ser uma fórmula de sucesso para todas as marcas que querem prosseguir ao longo do tempo. A nostalgia combinada com a tecnologia mais recente é um conjunto vencedor. A Suzuki fez isso com duas versões, a básica e a XT, que tem mais equipamentos originais e cores que lembram ainda mais o passado.
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E não apenas no design, a nova Suzuki V-Strom entra no que antes foi um segmento de moda, o Trail. Depois de todos os seus anos de história com a Sports Adventure Tourer, a nova V-Strom pode ser chamada de Trail, como foi o modelo original da DR Big em 1988: uma moto capaz de enfrentar rotas onroad e offroad com a mesma facilidade.
E esta é a onda que domina o mercado. Agora, todas as marcas que lutaram por apresentar a melhor trail no final dos anos 80 e início dos anos 90 noventa, fazem-no novamente no presente. Temos a Yamaha com a sua Ténéré e a Honda com a sua nova Africa Twin, com motos que aumentaram a sua capacidade Off-road nos modelos mais recentes.
TECNOLOGIA DE PONTA
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Um dos pontos fortes desta nova Suzuki está na tecnologia que a acompanha. Podemos começar com a aparência neste novo modelo do acelerador eletrónico, o que faz com que o tato do acelerador pareça esquisito. No que respeita aos modos de condução a nova V-Strom 1050 conta com três níveis: no modo A é fornecida toda a potência, sem cortes, no B, a potencia surge um pouco mais suave, e o modo C é para terreno escorregadio ou chuva.
O controle de tração também possui três níveis e também pode ser desligado, sendo tudo controlado por cinco sensores. Também se pode intervir na intrusão do ABS em dois níveis, mas nunca na sua desconexão.
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De série a nova V-Strom também oferece o assistente de baixa velocidade (LRPMA) que nos ajuda a mover na zona inferior do conta rotações sem medo que o motor desligue nos baixos regimes, o assistente de partida (ESS) e a chave com imobilizador (SAIS).
A tela LCD monocolor tem um design muito atraente e nela podemos ver todas as opções mencionadas anteriormente. No seu lado esquerdo e de uma maneira muito intuitiva, faremos as alterações apropriadas.
Na versão XT também encontramos a cablagem CAN , a plataforma de inércia IMU de três eixos, e o ABS em curva assinado pela Bosch com ajuda na inclinação, travagem combinada, controle de descida, tomada USB, controle de estabilidade de carga e controle de velocidade.
PARTE-CICLÍSTICA: EM EQUIPA GANHADORA NÃO SE MEXE
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Se na parte tecnológica a Suzuki apostou fortemente, nesta seção, foi mais conservadora, reutilizando a fórmula com que vem trabalhando como sucesso nos modelos anteriores. O quadro permanece o mesmo, uma estrutura dupla viga de alumínio leve, rígida, estável e gerenciável, acompanhada de suspensões Kayaba. Na frente, encontramos um garfo invertido multi-regulável de 43 mm e na parte traseira um monoshock com articulações ajustáveis em extensão e pré-carga.
No que se refere aos travões, as pinças Tokico de ancoragem radial são as responsáveis, juntamente com o disco flutuante duplo de 310 milímetros, por parar o conjunto. Fazemos um reparo nesta seção, onde o tato é um pouco brusco, bastando iniciar a travagem para sentir logo todo o seu potencial. Mas, uma vez que nos acostumemos, isto deixará progressivamente de ser um problema na condução – será uma questão de habituação. Na parte traseira, encontramos um único disco de 260 mm e uma pinça de pistão único.
MOTOR: A MESMA FÓRMULA COM MAIS POTÊNCIA
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O motor utilizado, é como vem sendo hábito um DOHC V-Twin inclinado a 90 graus que com 1.037 cc produz 106 cv às 8.500 rpm; o seu antecessor produzia 99 cv ás 8.000 rpm. Quanto ao binário máximo, este atinge 100 Newton/metro às 6.000rpm; 101Nm às 4.000rpm no modelo anterior.
Estreia a unidade de controle, a árvore de cames, os pistões forjados e os radiadores. Encontramos o melhor deste V-twin na faixa intermédia do conta-rotações, entre as 4.000 a 8.000 rpm. Não é aconselhável exceder as 9.000 rpm, até porque ai não encontraremos muita coisa. Na zona abaixo dos médios regimes desfrutamos de uma condução bastante agradável.
O sistema Suzuki Clutch Assist System (SACS) funciona como uma embraiagem assistida, fazendo com que a manete tenha um tato muito agradável, para além de oferecer fiabilidade à transmissão de tração, reduzindo a fadiga em viagens de longa distância. O SACS também funciona como uma embraiagem deslizante, evitando os ressaltos na roda traseira em desaceleração. O motor conta ainda com um novo radiador de óleo localizado onde está situado o filtro de óleo.
DESIGN E CORES: INSPIRAÇÃO 'DAKARIANA'
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Em termos de desenho, a nova V-Strom leva-nos de volta no tempo, com esse bico de pato característico agora acompanhado por um farol retangular leve, que alcança um excelente equilíbrio com o peso total da moto.
A Suzuki V-Strom 1050 XT de 2020 está disponível em três esquemas de cores diferentes: Champion Yellow, Pearl Brilliant White / Glass Blaze Orange - o mais lendário e inspirado pelas DR Big dos anos 80 - e o Glass Sparkle Black. Sem dúvida, as versões laranja/branco - algumas vêem vermelho - e o amarelo com um assento azul nos fazem viajar diretamente para o passado. Temos certeza de que, na sua juventude ou infância, conheceu alguém com uma DR Big, mesmo que seja na versão de 50cc. Tudo nos lembra essa moto, e não será por mero acaso uma vez que quem a desenhou foi o mesmo designer da sua antecessora do século passado.
A Suzuki V-Strom básica pode ser escolhida em Vidro Sparkle Preto, Vidro Sparkle Preto / Branco Brilhante Pérola e Vidro Sparkle Preto / Cinza Sólido de Ferro. Esta versão virá com rodas de liga leve de dez raios em vez dos raios da XT.
O seu assento é dividido em duas partes e é regulável em altura 20 mm, com uma ferramenta incluída na moto. O seu formato em dois níveis de altura evita que o conduor escorregue e possui a dureza ideal para ser confortável em longas viagens.
AOS COMANDOS: UMA SUAVE TENTAÇÃO
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Desde o primeiro momento em que subimos para a moto, tudo está no seu sitio e faz-nos sentir em casa desde os primeiros metros. Podemos dizer que a adaptação é rápida e dá-nos vontade de divertirmo-nos sem nos preocuparmos com mais nada. É uma moto fácil e segura. Devemos lembrar que todos os componentes eletrónicos que a Suzuki colocou neste modelo a tornam numa moto em que se pode confiar, e em que você pode - dependendo do seu nível, condições climáticas adversas ou condições da estrada – pode adaptá-la às suas necessidades, jogando com três parâmetros, como explicamos na parte da tecnologia.
Os pneus escolhidos (Bridgestone) acabam dando o toque final para nos fazer sentir a todo momento num nível de controle que nos ajuda a desfrutar o tempo todo.
Notámos a ausência de uma caixa com ‘quick-shifter’ - que não está disponível nem de série nem opcional - que aumentaria o conforto que o modelo já possui. O seu motor, muito suave nos médios regimes, permite passar em curvas consecutivas de montanha, sem necessidade de recorrer com frequência à caixa de velocidades.
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Quanto ao uso fora de estrada, a nova V-Strom 1050 tem um nível mais do que aceitável, mesmo levando em consideração que a Suzuki optou por um pneu dianteiro de 19 ”em vez de 21”, o que tornaria a moto muito mais Off-road. Mas é claro que ficaríamos prejudicados na estrada! E não vamos nos iludir, pois o uso feito fora da estrada com este tipo de moto está muito bem equipado. No nosso caso, fizemos mais de 15 km em estradas com subidas e descidas (mais exigentes que as trilhas típicas) e a moto comportou-se maravilhosamente, proporcionando as sensações de liberdade que somente o campo pode proporcionar.
As novas ajudas dos sistemas eletrónicos de descida e estabilidade sob carga de travagem são sempre bem-vindas, e na condução fora de estrada ainda mais.
A capacidade do depósito de combustível é de 20 litros o que garante mais de 400 Kms de autonomia. Os seus 247 Kg de peso em marcha não a classificam como uma Adventure Tourer de gama média como as actuais Tiger 900 ou KTM 790 pelo que a situa mais próxima da Africa Twin Adventure Sports e Versys 1000.
BALANÇO FINAL E PREÇOS
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Depois de testarmos esta moto com a equipa da Suzuki Espanha, só temos boas palavras para ela. São dezoito anos de história e evolução do modelo para chegar a esta versão mais recente, onde encontramos um produto muito bom.
Segura, agradável, fácil e ao mesmo tempo poderosa, faz da mistura uma combinação perfeita e nos dá a oportunidade de entrar no mundo Off-road, também disponível com a versão para condutores de licença A2 (com 95cv).
O PVP da versão XT de 14.999 € c/ ISV incluído, tendo em conta o nível de equipamento que a mesma inclui para 2020 coloca-a como uma proposta muito interessante para quem queira uma moto do estilo Adventure para viajar e fazer uma ou outra incursão fora de estrada, a solo ou acompanhado. O preço da versão standard são 13.699 € ou seja, não justifica na nossa opinião tendo em conta todo o equipamento extra incluído na versão XT.
Suzuki V Strom 1050 2020
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RESUMO. A Suzuki recuperou a estética da lendária trail dos anos 80, a DR Big, para a sua V-Strom 1050 2020. É uma moto de trail, com uma perfeita relação entre qualidade e preço, e sistemas eletrónicos sofisticados que nos permitem desfrutar completamente em viagens. Uma unidade de medição inercial permitirá que vários modos de condução ou a intervenção do controle de tração ou ABS nas curvas sejam estabelecidos com alta precisão.
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Ao pormenor:
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Full Led na versão XT com um design leve para obter um equilíbrio perfeito no design geral da moto
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A V Strom 1050 possui um visor multifuncional LCD monocromático que mostra, entre outras coisas, velocidade, rotações, marchas, autonomia, diferentes modos de condução, controle de tração ou nível de intrusão para ABS. O seu design é bem-sucedido, mas falha em não ser colorido
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O grupo de suspensão consiste num garfo telescópico invertido de 43 mm com um curso de 160 mm da Kayaba e um monoshock central multi-ajustável com 159 mm de curso. Podemos destacar o conforto que este conjunto oferece em qualquer lugar
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Na frente, encontramos dois discos de 310 mm com pinça de ancoragem radial fixa e quatro pistões assinados pela Tokiko e na parte traseira um único disco de 2 60 mm com um único pistão. Ambos têm ABS ajustável na sua intrusão. A sensação do travão dianteiro não é muito progressiva, mas eficaz
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O motor em V a 90 graus com 1.037cc debita 106cv a 8.500rpm (versão 95cv para a licença A2 ). O torque máximo é encontrado às 6.000 rpm com 100 Nm. O melhor comportamento do motor está na faixa entre as 4.000 e as 8.000 rpm
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