A MERCEDES CONCLUI UMA FANTÁSTICA SEMANA NA PISTA DE MONTEMELÓ COM OS SEUS DOIS PILOTOS NOS DOIS PRIMEIROS LUGARES DA TABELA DE TEMPOS.
Valtteri Bottas conseguiu o melhor tempo do dia e da semana no terceiro e último dia de testes em Barcelona. Fez também a volta mais rápida de sempre no circuito com o layout atual da pista, na pré-temporada, porque a pole de 2019 cifrou-se em 1m15.4s.
O tempo de 1m15.7s que o finlandês rubricou com o pneu Pirelli C5, o composto supermacio, ficou a referência para a segunda semana de testes - com mais três dias -, que começa na próxima quarta-feira (26 de fevereiro), os últimos testes antes da caravana da F1 voar para a Austrália para o primeiro Grande Prémio de 2020, de 13 a 15 de março.
Lewis Hamilton foi o segundo mais rápido, completando o sucesso dos carros ‘flecha de prata’ da Mercedes. O campeão do mundo registou 1m16.516s (a 0.784s do seu companheiro de equipa), feito também com o composto C5, mas o britânico não quis levar as honras para casa.
Depois de dois bons primeiros setores, Hamilton levantou o pé claramente na última zona do circuito, deixando Bottas voltar para casa em primeiro lugar.
Não se trata de pegar as migalhas, que produzem tensões internas desconfortáveis, mas há um fato relevante: o melhor tempo de Hamilton alcançado com o Pirelli C2 (rígido), de 1m17,111s contra o 1m17,636 de Verstappen com o mesmo composto.
Isto significa meio segundo de diferença entre os dois, e pode ser um tempo muito próximo do avanço que os flechas de prata podem ter em situação de corrida.
MCLAREN COM A MELHOR PRÉ-TEMPORADA
DOS ÚLTIMOS ANOS
Depois de quarta-feira, talvez se esperasse mais da progressão da McLaren e do seu MCL35 ao longo da semana, mas os bons sentimentos diminuíram. Na manhã do último dia Carlos Sainz teve mais dificuldades em rodar constantemente do que na quarta-feira, apesar da estreia de um novo aileron no McLaren. Numa simulação de corrida o madrileno completou com o McLaren 76 voltas, para obter o décimo tempo entre os 16 pilotos presentes no terceiro dia.
Na terça-feira Sainz Jr. realizou uma simulação de corrida muito boa. No sector intermédio, o único comparável com o pneu C2 (duro) em relação à Red Bull, Sainz esteve nos tempos de 1m21 e 1m22 de forma constante, tempos muito semelhantes aos alcançados no último dia por Max Verstappen na sua simulação de corrida. É uma boa referência para o que pode vir.
Em relação à Mercedes, Sainz e Max estão a cerca de um segundo do ritmo de corrida de Hamilton, e algo mais em relação a Bottas. Mas, como já dissemos, a Mercedes está inacessível.
CHECO E RACING POINT, AS SURPRESAS
O terceiro dia em Barcelona certificou a velocidade do novo Racing Point RP20, uma cópia fidedigna do Mercedes W10 que foi campeão em 2019. O canadiano Lance Stroll terminou com o terceiro tempo virtual da semana, uma melhor volta em 1m17.338s conseguida com o composto duro (C2), enquanto Checo Pérez deu nas vistas nos dois dias anteriores.
Assim, tudo indica que o 'Mercedes rosa', como já é designado no 'paddock', será um duríssimo rival para a McLaren, Renault ou Toro Rosso, os carros que parecem os melhores fora dos três grandes.
AMBIENTE DE PESSIMISMO NA FERRARI
No caso da Ferrari, respira-se um ambiente de pessimismo no seio da equipa italiana. Sebastian Vettel não foi além do 13º melhor tempo, mas a coisa mais assustadora foi uma rotura do motor pela manhã "por motivos que não sabemos", apesar do alemão ter rodado sempre com potência mínima para preservar a mecânica.
O único dado positivo para Vettel foi a melhor velocidade máxima do dia, com 329 km/h, o que indica que Maranello pode estar a esconder o jogo nesta pré-temporada. No entanto, tudo está muito diferente de há um ano atrás, quando o Ferrari parecia ser a máquina a bater antes da corrida australiana em Albert Park.
TÉCNICA | "O DAS da Mercedes é uma vantagem em certas circunstâncias" , disse Valtteri Bottas
Valtteri Bottas diz que o sistema de direção de eixo duplo da Mercedes (DAS - Dual Axis Steering), pioneiro no seu W11, dará à equipa uma vantagem de performance em determinadas circunstâncias.
A equipa Mercedes experimentou este sistema, que permite aos pilotos ajustar o ângulo de inclinação das rodas dianteiras, nos dois últimos dias de testes. Bottas elogiou o esforço da equipa no desenvolvimento desta inovação única.
"Obviamente, é muito bom estar na equipa que desenvolveu este tipo de sistema", disse. “Acho que isso diz algo sobre as grandes cabeças que temos na equipa. Com certeza, não é fácil começar a criar e projetar e, em seguida, fazê-lo funcionar como está agora."
“Ainda estamos a aprender o DAS e o seu potencial mas, acho que em certas circunstâncias pode ser uma vantagem para nós. Perceberemos mais tarde e ao longo do ano em diferentes condições, em diferentes circuitos, como nos pode ajudar. É bastante impressionante, mas funciona muito bem. ”
Alguns dos rivais da equipa, incluindo a Ferrari, estão a ponderar se devem desenvolver um sistema semelhante. Bottas revelou que a Mercedes trabalha no DAS desde o início do ano passado. Contudo, o novo sistema de direção de eixo duplo da Mercedes provavelmente só será válido para esta temporada, pois o seu design não será permitido pelas normas técnicas de 2021.
O chefe de equipa da Ferrari, Mattia Binotto, indicou que a sua equipa pedirá um "esclarecimento" da FIA sobre este dispositivo que apareceu nos testes desta semana, e disse que vão aceitar o que o órgão dirigente do desporto automóvel decidir.
Já sobre a possibilidade da Ferrari desenvolver um sistema semelhante, Mattia Binotto (na foto acima com Charles Leclerc), descartou a introdução da sua própria versão da Direção de Eixo Duplo da Mercedes no início da temporada.
“Não é possível para a Ferrari copiar o DAS da Mercedes antes do meio da temporada. Acho que precisamos primeiro entender obviamente como funciona e entender qual seria o benefício de desempenho. Não acho que no momento tenhamos alguma ideia. Mas analisaremos isso, sem dúvida, e se o desenvolvimento desse aplicativo vale a pena ou não.”