CONFRONTO NAKED: HONDA CB 125F, YAMAHA MT-125, KAWASAKI Z300
REGRESSO ÀS AULAS
São motos leves, divertidas e fáceis de pilotar, que ainda por cima não oneram demasiado os orçamentos. São motos ‘naked’ ideais para iniciação e nada fúteis.
Uma destas opções pode vir a ser-lhe útil: Yamaha MT 125, Honda CB 125F e Kawasaki Z300.
Por Ricardo Ferreira; Fotos Ricardo Ferreira e Vic Schwantz
Servem para o regresso às aulas, para as deslocações diárias para o local de trabalho… dando inclusive o merecido ‘descanso’ ao automóvel que vem cansado a casa das férias. Uma destas 3 opções pode ser-lhe útil: Yamaha MT 125, Honda CB 125F e Kawasaki Z300.
Desde 2013, existem 3 categorias para a carta de condução de motociclos, que são a A1, A2 e A, como também a categoria AM, licença para scooters, com cilindrada inferior a 50c.c. As novas regras que entraram então em vigor, obrigam os condutores a progredir através deste sistema, passando pelo menos dois anos nas categorias 'A1' e 'A2', antes de poderem obter a carta de condução para a categoria 'A'. E claro que os fabricantes de motociclos estiveram atentos, adaptando rapidamente a sua produção a esta nova realidade.
HONDA CB 125F (10,5 Cv)
Proposta equilibrada
A Honda CB 125F é, das três motos em análise aquela que nos oferece melhores consumos em cidade, apresenta uma qualidade de construção regular e tem o equipamento suficiente para nos oferecer uma condução segura. Em termos de beleza não será certamente candidata a ‘Miss’ entre as naked, o motor é económico e revela um preço arrasador quando comparada com as outras duas motos.
CONSTRUÇÃO E EQUIPAMENTO * * * *
A rejuvenescida CB 125F adaptou o estilo "naked" da família CB-F e apresenta uma nova e evoluída ciclística com jantes de 18 polegadas e seis raios em alumínio. Contribui para o seu aspecto dinâmico, o farol multi-reflector e o painel de instrumentos, rodeados pela carenagem frontal compacta. Os indicadores de lentes brancas e lâmpadas laranja acrescentam-lhe elegância. O motor, o colector e o silenciador de escape, as bainhas da suspensão e as jantes são de cor preta, sublinhando as linhas vivas e a pintura brilhante. Os detalhes subtis a vermelho embelezam as molas dos amortecedores e os logótipos Honda as tampas do motor.
O quadro em aço, totalmente renovado, oferece a rigidez necessária a todo o conjunto, resultando numa condução de confiança.
A CBF 125F foi construída para ‘sobreviver’ aos rigores atmosféricos da Europa e tendo nós um clima ameno, é caso para dizer que a nova CB 125F está como peixe na água!
Os dois amortecedores traseiros têm 5 níveis de regulação na pré carga e completa 120mm de curso suave na forquilha. As jantes em alumínio de 18 polegadas conferem a estabilidade necessária em pavimentos irregulares nas ruas da cidade. Os pneus têm dimensões de 80/100 à frente e 90/90 atrás. O disco dianteiro de 240mm possui uma pinça de duplo êmbolo e é complementado pelo tambor traseiro de 130mm.
O motor de 124,7cm3 é refrigerado por ar e alimentado por injeção de combustível. É uma unidade de arquitectura simples, com duas válvulas à cabeça (OHC) mas, comprovadamente robusta e eficiente. A cabeça do cilindro foi revista e a inclusão de um veio de equilíbrio neutraliza as vibrações. A caixa de 5 velocidades oferece uma gama alargada e útil de mudanças. O pico de potência é de 10,5cv (7,8 kW) e chega às 7,750rpm, com os 10,2nm de binário máximo a surgir às 6,250rpm. Com um preço honesto, a CB 125F é agradável à vista e ao toque! Ao rodar a chave... sente-se logo o vigor contagiante de um motor capaz de emitir boas sensações.
POSIÇÃO DE CONDUÇÃO E PERFORMANCES * * *
A posição de condução é excelente e as nossas zonas lombares agradecem. O seu guiador largo, assegura um bom controlo, sempre acompanhado pelo conforto a todos os níveis, desde as suspensões, aos travões, à caixa de velocidades certinha e à média dos seus consumos. Mal dá para acreditar, os dados oficiais declaram 1,96 lt. aos 100 km e nós ficámos abaixo dos 2 litros aos 100.
A equipa de desenvolvimento da Honda centrou a sua atenção na obtenção de um motor que oferecesse um binário forte, uma baixa e média rotação mas que ao mesmo tempo fosse fácil de utilizar. Equipado com o sistema “PGM-FI” atualizado, proporciona acelerações enérgicas e com boas respostas, sendo surpreendentemente progressivo até altos regimes. A sua utilização é suave e fácil em toda a gama de rotação. A utilização do motor da CB 125F é de uma suavidade constante, mas a robustez de todo o conjunto está sempre presente. Com os consumos acima referimos, a utilitária Honda consegue em modo WMTC, autonomias superiores a 600km por cada depósito de 13 litros de combustível. O sistema PGM-FI, que utiliza o mais recente tipo de solenoide é não apenas responsável pelos seus baixos consumos como ainda facilita o arranque em temperaturas extremamente frias ou em tempo adverso. O preço é igualmente uma agradável surpresa: 2590€ que arrasam completamente os valores das outras duas Lights deste teste.
Avaliação Global : 7 Estrelas
YAMAHA MT-125 (15 Cv)
Agilidade contagiante
A Yamaha MT-125 é das três motos a mais refinada no desenho, conta com uma invulgar qualidade de construção, tendo como maior contra o elevado custo na compra, ficando muito próxima da Kawasaki com dois cilindros paralelos e cilindrada mais elevada.
No entanto, a sua estética guerreira e dinâmica inspirada na série MT trouxe uma lufada de ar fresco nas baixas cilindradas sempre precisas no uso urbano. Está ao alcance dos mais novos pela extrema facilidade de condução e poder ser conduzida com o primeiro escalão de carta, a licença A1.
CONSTRUÇÃO E EQUIPAMENTO * * * * *
A monocilíndrica Yamaha tem uma robusta suspensão invertida com bainhas de 41 mm, o painel de informações digital inspira-se na forma de um smartphone, as rodas são em liga leve com tamanho XL. O seu perfil - com muito DNA desportivo – tem por base um desenho intimidante. Parte do farol triangular inclinado com LED’s para condução diurna, passa pelas grandes tomadas de ar junto ao volumoso depósito e termina numa cauda especialmente curta. A MT-125 inspira-se nas suas irmãs maiores, com equipamento e caráter raros de encontrar em motos de 125cc, tendo surgido no mercado em desafio direto à KTM Duke 125.
A parte-ciclística tem como base o quadro de alumínio da desportiva YZF-R 125. Com o quadro Deltabox e o motor de 15 Cv inspirado na sua irmã supersport, mostra diferenças que a favorecem: o depósito tem um desenho mais compacto e o assento foi rebaixado para 810 mm de altura, pesando também menos que a ‘prima’ YZF-R), 138 kg com o depósito cheio de combustível.
A MT-125 tem ainda outros recursos pouco comuns no seu segmento, como o assento com um acabamento de camurça, o motor suave como seda no uso da caixa de 6 velocidades sincronizada, um repartidor de travagem (ABS) muito progressivo. Sendo opcional, este equipamento acaba por elevar o peso da moto para 140 quilos. O motor tem na sua parte inferior uma desportiva quilha.
POSIÇÃO DE CONDUÇÃO E PERFORMANCES * * *
A posição de condução é desportiva, mas não radical, contando com um guiador largo que gera conforto em cidade e facilita a ação em estrada. A zona central, que compreende o depósito e motor, foi projetada para ser compacta e acentuar a sensação de domínio sobre um conjunto aerodinâmico e agressivo. A postura oferecida é muito dinâmica, ligeiramente inclinada para a frente, permitindo com o ângulo de direção escolhido gerenciar bem a moto em curtos espaços no trânsito.
O motor monocilíndrico de 124,7 cc de cilindrada, com refrigeração liquida e 4 válvulas, conta internamente com mais de 70 diferentes peças, incluindo um novo sistema de injeção e perfil na árvore de cames. O sistema de travagem dianteiro é do mais avançado entre motos de oitavo de litro e inclui um disco flutuante de 292 milímetros que com uma pinça de travão radial, provoca uma resposta imediata.
Em aceleração, o motor mostra elevada capacidade de recuperação e a resposta correta para enfrentar o trânsito desde baixas rotações, com um ‘extra’ de binário suficiente para deixar a Honda CBF envergonhada numa subida pronunciada. Além disso, fora das zonas urbanas e em estradas pouco congestionadas, devido ao seu assento ´cavado’ no conjunto, a MT-125 deixa-nos pouco expostos ao fluxo aerodinâmico. Este é um ponto em que fica praticamente a par com a Z300 da Kawasaki, e uns bons furos acima da utilitária CBF. Os seus generosos Michelin Pilot Street são outra mais-valia, importante para aumentar a confiança durante a condução. O descanso lateral, pouco confiável, e o preço de 4.225 euros são os seus aspetos menos positivos.
Avaliação Global: 8 Estrelas
KAWASAKI Z300 (39 Cv)
Poder Ninja
A Kawasaki Z300 é a opção ‘Ultra-light’ das três motos, não só pelo potencial derivado da maior cilindrada, mas porque é na realidade uma réplica a menor escala das irmãs maiores da irreverente saga das Z de Akashi. No aspecto parece uma frequentadora habitual dos ginásios de body-building e, com os seus 39 cavalos é uma opção a ter em conta pelos detentores da carta A2. Com base na plataforma conhecida da desportiva Ninja 300 e linhas inspiradas na agreste Z800, a juvenil Z juntou-se às opções já presentes no mercado da Honda e KTM.
CONSTRUÇÃO E EQUIPAMENTO * * * *
O fabricante de Akashi propõe esta naked com o mesmo motor da desportiva Ninja 300. Entre uma e outra, com excepção das óbvias mudanças visuais, as diferenças entre as duas motos são mínimas. A Z300 ao perder as carenagens ‘emagreceu’ cerca de 4 kg de peso, a distância mínima ao solo é de somente mais cinco milímetros e o ângulo da colunas de direção/trail foi alterado de 27°/93 milímetros para os 26°/82 milímetros, dando uma posição de pilotagem ligeiramente mais vertical - embora mais favorável se comparada com a CB 125F da Honda.
A Z 300 pesa apenas 168 kg (170 kg com ABS) tendo o depósito de 17 litros atestado e utiliza o quadro em forma de diamante da Ninja 300, com componentes de elevada tensão e reforçado com borracha de sustentação do motor para diminuir as vibrações.
No painel de instrumentos, o conta-rotações é agradável, grande e facilmente legível de dia e de noite. No entanto, o display digital não disponibiliza muita informação - velocímetro, ‘relógio’, odómetro e indicador de combustível, é tudo o que temos. Nenhuma informação sobre o consumo médio de combustível, ou até mesmo da marcha engrenada é fornecida.
Os motor de dois cilindros paralelos da Z300 emite uma potência bem acima das outras duas motos, tem binário suficiente a médios regimes de rotação para uma simples ultrapassagem e torna-se literalmente explosivo a altos regimes de rotação. Trata-se de uma unidade de 296cc, na qual os novos pistões, cilindro, junta do cilindro e escape, permitem que se extraia uma potência de 29,0 kW (39 Cv) às 11000 rpm e um binário de 27,0 Nm às 10.000 rpm. É um ótimo pequeno motor dada a sua capacidade.
É a opção menos acessível deste confronto mas, face às sensações de controlo e conforto oferecidas, assim como potencia, acaba por ser interessante o valor de 4.970 € com IVA incluído. Na versão da Z300 com ABS – que não experimentámos - o repartidor de travagem, sobe a fasquia do preço aos 5.395 €.
POSIÇÃO DE CONDUÇÃO E PERFORMANCES * * * *
Na Z300 a ausência de vibrações e o conforto na condução são dois itens a ter em conta, mas não os únicos. Os travões de disco, dianteiro e traseiro em forma de pétala fornecem uma elevada potência de travagem e uma real sensação de controlo. Com a pequena e leve Z300, conseguimos com algum esforço na ‘ponta final’, superar os 170 km/h, muito acima dos 140 da MT-125 e dos ‘dificeis’ 110-120 da Honda… a mais modesta de performances mas também a mais económica com a injeção eletrónica PGM-Fi.
O apelo estético da moto, reforça-se na audição com o rugido típico das unidades motrizes Kawasaki. A caixa de 6 velocidades é suave e direta, e conseguem-se fazer passagens de caixa de 1ª para 2ª velocidade sem os habituais esticões de outros modelos de baixa-média cilindrada. A Z300 vem equipada com uma embreagem deslizante, bastante útil nas reduções bruscas de velocidade sem ter quebras de tração no pneu traseiro. Quanto ao motor, a grande vantagem da sua configuração de dois cilindros paralelos para os monociclindricos da Honda e Yamaha, reside na entrega de potência mais suave e linear que oferece. Aqui , não precisamos de manter o motor em rotações altas para manter maiores velocidades. E isto é uma vantagem, especialmente nas vias urbanas mais rápidas.
Avaliação Global: 8 Estrelas
FICHAS TÉCNICAS
HONDA CB 125F
MOTOR 1 cilindro 4T OHC 2V Ar
CILINDRADA 124,7 cc
POTÊNCIA 10,5 Cv (7.8 kW) a 7.750 rpm
ALIMENTAÇÃO Injecção eletrónica PGM-Fi
TRANSMISSÃO Cinco velocidades
TRANSMISSÃO FINAL Por corrente
TRAVAGEM (Fr./Tr.) Disco de 240 mm com pinça de duplo pistão e tambor de 130mm
SUSPENSÃO (Fr./Tr.) Forquilha telescópica de 31 mm, com curso de 120mm e dois amortecedores reguláveis na pré-carga de mola
ALTURA DE ASSENTO 775 mm
PNEUS (Fr.Tr.) 80/100 ZR18 e 90/90 ZR18
CAPACIDADE DEPÓSITO 13 litros
PESO COM LÍQUIDOS 128 kg
PREÇO 2.590€
IMPORTADOR Honda Motor Portugal
YAMAHA MT-125
MOTOR 1 cilindro 4T LC SOHC 4V
CILINDRADA 124,7 cc
POTÊNCIA 15,0 CV (11,0 kW) 9.000 rpm
ALIMENTAÇÃO Injecção eletrónica
TRANSMISSÃO Seis velocidades
TRANSMISSÃO FINAL Por corrente
TRAVAGEM (Fr./Tr.) Disco 292 mm / disco 230 mm (ABS opcional)
SUSPENSÃO (Fr./Tr.) Forquilha telescópica invertida 41 mm / Monoamortecedor de ação direta com ajuste de pré-carga da mola, cursos de 130-114 mm
ALTURA DE ASSENTO 810 mm
PNEUS (Fr./Tr.) 100/80-17 M/C / 130/70-17 M/C
CAPACIDADE DEPÓSITO 11,5 litros
PESO COM LÍQUIDOS 138 kg
PREÇO 4.225 €
IMPORTADOR Yamaha Motor Portugal
KAWASAKI Z300
MOTOR 2 cilindros paralelos 4T LC 8 válvulas
CILINDRADA 296 cc
POTÊNCIA 39 Cv (29.0 kW) a 11.000 rpm
ALIMENTAÇÃO Injecção eletrónica
TRANSMISSÃO 6 velocidades, com embraiagem deslizante
TRANSMISSÃO FINAL Por corrente
TRAVAGEM (Fr./Tr.) Disco de 290mm em forma de pétala. Pinça com 2 êmbolos (ABS opcional)
SUSPENSÃO (Fr./Tr.) Disco de 220mm em forma de pétala. Pinça com 2 êmbolos
ALTURA DE ASSENTO 785 mm
PNEUS (Fr.Tr.) 110/70-17M/C 54 e 140/70-17
CAPACIDADE DEPÓSITO 17 litros
PESO COM LÍQUIDOS 168 kg (170 kg com ABS)
PREÇO 4.970 € (5.395 com ABS)
IMPORTADOR Multimoto Motor Portugal