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TESTE HARLEY-DAVIDSON ROAD KING 2016

Rainha do conforto

Quase esquecida, a Road King sofreu alterações com o jovem V-twin Twin Cam 103 e melhorias na componente ciclística que a tornaram, simultaneamente mais suave e fácil de levar. O carisma da ‘rainha da estrada’ volta a brilhar, até porque nela o peso não incomoda, o conforto está no topo das motos mais turísticas.

Por Ricardo Ferreira | Fotos de Miguel Afonso

A Road King ocupa uma posição especial na gama da Harley-Davidson, porém, há vários anos que não sofria alterações e, com isto, já se dizia que "a rainha da estrada estava a ficar para trás", situação que mudou em 2016 com a chegada da versão melhorada com o motor Twin Cam 103 e de alterações significativas para quem a conduz.

Em primeiro lugar, importa referir que a Harley-Davidson tinha estabelecido há um par de anos atrás o plano de alterar todas as suas motos maiores para uma utilização mais fácil, ou user-friendly.

A partir do denominado project Rushmore – que contou com a opinião de muitos motociclistas – empreendeu várias mudanças em todas as motos, e na Road King esses melhoramentos não se ficam pelas luzes mais brilhantes ou pelos novos elementos no painel de instrumentos e diferentes malas laterais.

MAIS FÁCIL E PROGRESSIVA


A introdução do novo motor de 1.690cc TwinCam 103 com um renovado sistema de refrigeração a óleo, extensível a toda a gama touring do fabricante, também trouxe uma diferente dinâmica ao desempenho da Road King de 2016.

A aplicação de novos balanceiros no V-twin Harley, penaliza-a em alguns cavalos de potencia na fase de arranque, mas depois sente-se que o motor está bastante mais suave na velocidade, sobretudo nas últimas engrenagens da caixa de seis Cruise Drive HD.

O combustível é agora injetado por um sistema de ride-by-wire ('controlo eletrónico do acelerador) e o motor está acoplado a uma transmissão de 6 velocidades, que termina num movimento final por correia, a exemplo do que sucede em praticamente todas as motos da Harley-Davidson.


A Road King também emprega um novo guiador, para reduzir o alcance da posição de condução e oferecer um conjunto mais amplo e confortável de bainhas de suspensões à frente. No topo da forquilha o pára-brisas é removível sem necessidade de ferramentas. Na parte traseira, a Road King tem as novas malas, diferenciadas por uma alavanca simples que permite abrir as tampas que se trancam com chave. Já as conhecíamos da Street Glide, são simples e muito práticas de usar.

Verdadeiro cartão de identidade desta touring é o trio de faróis à frente, capaz agora de oferecer uma luminosidade noturna mais intensa. Também à frente a Road King passou a contar com novos garfos de 43mm, com ajustes superiores, certamente para providenciar maior pressão e rigidez. Na parte de trás, os amortecedores duplos a ar são ajustáveis ​​na pressão, disponibilizando uma válvula para adicionar ou libertar o ar, podendo-se endurecer ou suavizar o amortecimento.


NA ESTRADA…

Calhou-me a cor cinza metalizado, na Harley-Davidson Road King de testes da marca e algo que me agradou na altura em que a foi levantar, foi o contraste da pintura com a profusão cromática em todo o conjunto. Isto é algo cada vez mais raro na produção de motos e que na versão Classic que não experimentei.

A típica chave é usada apenas para desbloquear o guiador e malas. Não precisamos dela para mais nada, basta com aproximar-nos da moto, girar o botão de comando da ignição no topo do tanque e o V.twin ganha vida.


O desempenho em estrada é muito suave e agradável. Os impulsos do motor são longos e poderosos, exigindo apenas um leve toque de acelerador para sentir a potência entre os 30 e 140 km/h. O acentuado binário permite rodar em cidade, em quarta ou quinta marcha, calmamente, até porque a caixa de velocidades é macia e fácil, algo que se vem notando cada vez mais em todas as Harley’s maiores. As mais antigas, deixavam-nos quase sempre com tempo para beber um café entre marchas.


A Dunlop forneceu os pneus para a Road King. Trata-se de um pneumático de duplo composto, com um composto médio duro combinado com uma estrutura de borda mais suave. Isto inseriu-se num dos objetivos do projeto Rushmore para tornar as motos mais responsivas e velozes em curva.


Esta Harley-Davidson funciona com uma maravilhosa suavidade em estradas boas e moderadas, no entanto, em pavimentos esburacados devemo-nos preparar para alguns solavancos maiores do que os habituais. Quanto a aderência, os pneus são em pleno confiáveis.

A Road King de 2016 usa uns travões Reflex com ABS que funcionam em sintonia com as pinças Brembro de 4 pistãos. O repartidor de travagem não é demasiado intrusivo, permitindo uma travagem ao mesmo tempo pouco incómoda e muito eficiente. No entanto, deve ter sempre em conta que conduz uma moto com 370 kg com líquidos.


Andei montado na Road King umas doze horas, quatro delas consecutivas e achei o assento em forma de sela bastante confortável… não fiquei com dores para reclamar.

O novo guiador é acessível e situa-se a uma altura que não exige muito esforço nas manobras mais apertadas. Sobre o depósito está o velocímetro analógico e uma fina tela digital que nos informa sobre os km percorridos, temperatura e outras informações, tendo ao lado o indicador do nível de combustível sobre uma falsa tampa do depósito. Do lado direito está a verdadeira e mais abaixo estão os indicadores de direção e o redondo manípulo cromado da ignição que rodando nos faz ouvir aquele som único dos V-twin de Milwaukee. O escape duplo 2-1-2 é cromado e com silenciadores cónicos.

CONCLUSÃO

A Harley-Davidson Road King é como sempre deslumbrante, pela sua largura, frente dominadora de três faróis, mas aquilo que mais me cativou no modelo mais utilizado pelas brigada de trânsito norte-americanas, consigo resumir em apenas três adjetivos: carisma próprio, grande suavidade e torque magistral.

O preço está no patamar habitual de uma moto grande do fabricante norte-americano: bem acima dos vinte mil euros.

Principais características (HARLEY-DAVIDSON ROAD KING 2016)

MOTOR

Tipo: Twin-Cam 103 arrefecido a ar, com refrigerador de óleo integrado

Capacidade: 1687cc

Curso x curso: 98,4 mm x 111,1 mm

Proporção de compressão: 9,6: 1

Sistema de combustível: Injeção eletrônica de combustível sequencial

DESEMPENHO

Binário máximo estimado: 138Nm a 3500rpm

TRANSMISSÃO

Tipo: 6 velocidades com transmissão final por correia

Embraiagem: banhada a óleo

DIMENSÕES E CAPACIDADES

Peso seco declarado: 353 kg (370 kg com líquidos)

Altura do assento: 715mm

Trail: 173mm

Capacidade de combustível: 22,7 litros

Pneus: 130 / 80-17” à frente; 180 / 65-16” atrás

PREÇO

A partir de € 24.400 (a Road King 2017 tem PVP a partir de € 25.200)


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